sexta-feira, 21 de março de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 94 - Por Luiz Domingues

 

Antes de entrar em estúdio, no entanto, tivemos um show em janeiro de 1984. Foi sob uma rara brecha de agenda, onde o Língua de Trapo não apresentar-se-ia, e dessa forma, A Chave do Sol subiu ao palco do Bar Persona, encravado no bairro do Bexiga, no dia 13 de janeiro de 1984.
O Persona, para quem frequentava o Bexiga naquela época, era uma casa interessante, por possuir ambientes separados para duas bandas apresentar-se simultaneamente, e mantinha um atrativo extra, que era o espelho do jogo, "Persona", que não era muito conhecido no Brasil, mas bastante popular na Europa. Consistia em um jogo baseado na ilusão de ótica, onde duas pessoas a olhar-se no espelho, mediante a luz de uma vela, viam seus rostos a fundir-se em um só, ao formar uma feição exótica, mediante a mistura das feições de ambas. Esse jogo chegou a ser adaptado para um formato de tabuleiro e lançado no Brasil por uma fábrica famosa (só não recordo-me se foi pela "Estrela" ou "Troll").

E no lançamento do jogo nos anos setenta, o Tutti-Frutti fez um jingle e o disco vinha como brinde no pacote. É um som absolutamente experimental, longe das características do Tutti-Frutti normal que conhecemos, e mais parece Space-Rock, tipo do trabalho feito por bandas como : Hawkwind, Tangerine Dream, Can e similares. Conheço um amigo que tem essa raridade, dono de um estúdio perto da minha casa, onde eu ensaiei algumas vezes com a Patrulha do Espaço, em 2001.



De volta a falar sobre A Chave do Sol, foi um show onde o aspirante a vocalista, Wagner, "Sabbath" insistiu muito para cantar conosco, ao sonhar ser recrutado como vocalista da banda, e nós cedemos ao deixá-lo que cantasse uma música. O público foi apenas razoável, com cerca de cem pessoas na plateia, mas com um entusiasmo bom, que animou-nos. Um dado extra e positivo, foi que o jornalista / radialista, Leopoldo Rey, fez discotecagem no dia, e ao seguir seu gosto pessoal, programou uma seleção de Rock'n Roll e R'n'B dos anos cinquenta, sensacional. Ao livrar-nos assim, de uma discotecagem normal de casa noturna, que fatalmente massacrar-nos-ia com o lixo pop oitentista em voga, como seria por esperar-se. Após esse show, as baterias concentraram-se novamente nos ensaios a visar a gravação do nosso primeiro disco.
Continua...   

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