sexta-feira, 8 de junho de 2018

Ostracismo e Estrelato... - Por Telma Jábali Barretto

No mundo atual muito acontece estimulando a exposição, mídia levando ao palco coisas e pessoas com certa facilidade...Muito a contento de muitos e muito ao desconforto de outros.

Bem mais difícil, agora, permanecer no anonimato e ...quantos?! ...ainda, o desejam?!...Parece existir uma necessidade crescente dessa coisa de ser visto, conhecido...quase que uma psicoterapia (terapia deveria “curar” e ?!”...) coletiva onde direta ou sub-repticiamente, comentamos, narramos, expomos tudo que vivemos, sentimos, questionamos ou desejamos num infinito “Caras” que nem se limita mais a fins de semana, mas, a cada circunstância em cada sagrado dia! E de quanta troca, aprendizado sim, mas, quanta confusão daí advém, quanto filtro e critério deveremos aprender a ter e de quanto palco para tanto ... Isso comprova aquela fala do “falem até mal, mas falem de mim..” Na contramão disso, também, uma crescente necessidade do direito de privacidade, que nem de longe quer chegar ao outro extremo, do ostracismo... Esse é apontado, atualmente, como um dos maiores medos que assombra pessoas. Quão complexos nos tornamos?!...Jaya!!! Estamos evoluindo! Em meio a uma consciência patente, inquestionável que todos passaremos...mas, em meio a esses mesmos processos, queremos assegurar que, de alguma forma, ficaremos! Imaginar que sejamos abandonados, esquecidos...esmaecidos, talvez incomode mais que antes...

Não ser para si mesmo, impossível ! Somos de carne e osso e, como tal, carregamos a bagagem que essa matéria orquestrada por muitos sentidos, mente, alma e espírito dão vida e forma ao que chamamos existir numa sinfonia única de anseios, conquistas, dores e amores na passagem desse chamado viver, no nosso mundo. De onde será vem  acontecendo essa necessidade de deixar nossa marca?!...

Parece ser mais recente, na trajetória humana, esse tipo de circunstância, que elucubramos em nossas caraminholas otimistas onde ousamos dizer, novamente, seja uma característica de amadurecimento! De nosso olhar, possa ser uma consciência recém surgida que algum papel nos caiba nesse grandioso cenário de que somos parte, co-habitando lugar, tempo e momento. Querer saber qual personagem nos foi designado, corresponda ou queiramos?! Aceitar e assumir possa ser valioso, quem sabe?! e, até, um certo senso de responsabilidade para com o todo, o mecanismo e engrenagem gigantesca que flui impune e inexorável. Finalmente, começamos entender  individualidade... Mas, daí a imaginar que sejamos todos fadados ao estrelato, numa mesma cena onde cortinas se abrem, palcos são pensados e montados, em que luzes e sombras das histórias são construídas e dirigidas, músicas compostas para dar corpo a todo um contexto e, que desse olhar que enxerga o todo, nada poderia ter sido suprimido para que o bom espetáculo aconteça, para que aqueles que deram forma possam ‘servir’ com suas habilidades, trazendo beleza/desordem e harmonia/inquietude para aqueles outros impactados pela força e energia flua levando inspiração/revolta a tantos outros cuja contribuição seja anterior ou posterior a essa dita encenação....?!....

Para que cada situação aconteça, muito além cenas acima descritas, numa busca de didática para transmitir algo tão transcendente como o próprio viver, olhamos para cada trajetória única, desses bilhões de seres que ora convivemos, só nesse planetinha que nos acolhe, milhares de outras e tantas sutilezas são postas a serviço. Infinitesimais e subliminares, assim como extrapolados, superquânticos fluxos continuamente nos estimulam numa incansável busca de nos acessar, para, mais que brilhos e lantejoulas, ou num outro extremo, o simples direito de existir além holofotes,  nos convidem a trazer o melhor de nós mesmos, numa real oferta daquilo que, cientes, sabiamente, seja nossa sensação do  cumprimento de dever de casa, de quem mesmo desperto, durma numa infinita paz !!!

Que cada qual exerça, usando o melhor de seus sentidos, com escutas e olhares apurados, afinados numa auto-observação honesta e verdadeira, trazendo aí sim, sua intransferível dignidade interna, com  sintonia e idioma o palco da Vida!

Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também uma experiente astróloga; consultora para a harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Nesta reflexão, aborda a complexa questão que envolve a notoriedade pública, e suas inerentes agravantes a criar paradigmas egóicos. 

12 comentários:

  1. Então ficamos, assim, com "O Toque", dado em 1982 sobre esse Fruto Proibido ainda para alguns, que é a Liberdade de Ser:

    O som das flores
    O murmúrio do céu
    Me deram um toque
    Quem tem ouvidos que ouça

    Você é uma criança do universo
    E tem tanto o direito de estar aqui
    Quanto as árvores e as estrelas
    Mesmo que isto não esteja claro para você
    Não há dúvidas
    Que o universo segue o rumo
    Que todos nós escolhemos

    Parabéns, Luiz pelo sucesso do Blog; parabéns Telma, pela coragem de se posicionar, de forma clara e convicta.

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    1. Oi, Zé Rubens !

      Muito boa a sua participação com direito a um toque poético. Em conversa reservada, você alertou-me sobre o poema, que na verdade não foi criação da Rita Lee, mas do Paulo Coelho, ser na verdade um plágio cometido pelo citado escritor, que teria surrupiado tais versos de um autor obscuro. Desconheço tal história, mas se a informação vem de sua parte, tendo a acreditar, sem reservas. Independente disso, o poema reflete o espírito aquariano / "woodstockeano" a exprimir os ideais da contracultura em torno da construção de um mundo fraternal, de fato, portanto é super pertinente a sua colocação. E um adendo, a música gravada pela Rita Lee, é de 1975, e não 1982, como você citou.

      Gratíssimo pela participação em comentar a coluna da Telma e elogiar também o Blog !

      Abraço !

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    2. Luiz, Telma, grato pelo retorno. Vou comentar em especial a resposta do Luiz, pois não quero me complicar, nem sofrer processos por calúnia movidos por Paulo Coelho, a quem respeito e que foi uma referência em nossa juventude. O que quis dizer é que acho normal a gente reconhecer a máxima do velho Chacrinha: nesse mundo nada se cria, tudo se copia. Não vai aqui nenhuma crítica, pelo contrário, é quase um elogio à esta capacidade que temos de nos emocionar com um texto e assim recriá-lo, tornando-o nosso. Suspeito que seja isto que tenha ocorrido. Logo, não afirmo, apenas levanto esta possibilidade. Talvez o próprio Paulo Coelho nos esclareça um dia sobre o processo de composição de "O Toque". Por ora, fico com esta intuição que ele recebeu "O Toque" lendo o poema Desiderata (1948) de Max Ehrmann. Tomo a liberdade de reproduzi-lo abaixo na íntegra, em inglês, e ofereço, antes, aqui, a tradução do final do penúltimo verso e início do último:

      "Você é uma criança do universo, não menos que as árvores e as estrelas. e tem todo o direito de estar aqui."

      "E mesmo que isto não esteja claro para você, não há dúvidas de que o universo segue o rumo que deveria."

      Pelo que me parece, esta passagem serviu de "inspiração" para a composição de Paulo Coelho -- reconheço, de qualquer forma, que somente o próprio poderia confirmar, ou não, esta hipótese de que tinha ciência do poema Desiderata (1948) de Max Ehrmann e que fora por ele inspirado. Ei-lo em inglês:

      Go placidly amid the noise and the haste, and remember what peace there may be in silence. As far as possible, without surrender, be on good terms with all persons.
      Speak your truth quietly and clearly; and listen to others, even to the dull and the ignorant; they too have their story.

      Avoid loud and aggressive persons; they are vexatious to the spirit. If you compare yourself with others, you may become vain or bitter, for always there will be greater and lesser persons than yourself.

      Enjoy your achievements as well as your plans. Keep interested in your own career, however humble; it is a real possession in the changing fortunes of time.

      Exercise caution in your business affairs, for the world is full of trickery. But let this not blind you to what virtue there is; many persons strive for high ideals, and everywhere life is full of heroism.

      Be yourself. Especially, do not feign affection. Neither be cynical about love; for in the face of all aridity and disenchantment it is as perennial as the grass.

      Take kindly the counsel of the years, gracefully surrendering the things of youth.

      Nurture strength of spirit to shield you in sudden misfortune. But do not distress yourself with dark imaginings. Many fears are born of fatigue and loneliness.

      Beyond a wholesome discipline, be gentle with yourself. You are a child of the universe no less than the trees and the stars; you have a right to be here.

      And whether or not it is clear to you, no doubt the universe is unfolding as it should.
      Therefore be at peace with God, whatever you conceive Him to be. And whatever your labors and aspirations, in the noisy confusion of life, keep peace in your soul. With all its sham, drudgery and broken dreams, it is still a beautiful world. Be cheerful. Strive to be happy.

      Luiz, vejo que se tem alguém que poderia investigar melhor esta questão e escrever a respeito, esse alguém é você, que transita neste meio e tem o respeito dos seus pares como exemplo de investigador e articulista que escreve sobre a contracultura, ou porque não dizer melhor, sobre o Flower Power, sobre a cultura verdadeiramente hippie!

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    3. Entendi bem a sua colocação e devo acrescentar que também penso assim, de uma maneira geral, ou seja, acho que há mérito, em descobrir-se uma pérola escondida e usá-la como inspiração para uma criação futura, baseada na mesma premissa. Ainda mais se a peça baseada alcança maior popularidade e cumpre o papel que a criação original não cumpriu, ao ter ficada obscurecida no fundo de uma gaveta, por anos a fio. Nesses termos, Coelho fez o que deveria ter feito, isto é, deu "o Toque" ao mundo, coisa que Ehrmann, a despeito de sua qualidade, não conseguiu em seu tempo, por ter permanecido na obscuridade, infelizmente. Em suma, Coelho espalhou o toque que a humanidade precisa absorver como novo paradigma de fraternidade total. Esse é de fato, o espírito contracultural do movimento Hippie.

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    4. Preciso e cirúrgico, Luiz!

      "O Toque" é esse imortalizado nos versos de Max Ehrmann:

      "Você é uma criança do universo, não menos que as árvores e as estrelas, e tem todo o direito de estar aqui. E mesmo que isto não esteja claro para você, não há dúvidas de que o universo segue o rumo que deveria." (You are a child of the universe no less than the trees and the stars; you have a right to be here. And whether or not it is clear to you, no doubt the universe is unfolding as it should.).

      O fato de Paulo Coelho ter, ou não, cometido e escondido o plágio não diminui o valor e a importância desta canção ter sido imortalizada pela Rita Lee. A verdade sempre encontra os meios para se manifestar e assim se deu com estes versos. Quando a hora certa chegou eles alcançaram o seu público. Vale dizer, para o artista/espiritualista da estirpe de um Max Ehrmann, o fato dele receber ou não os créditos do mundo é absolutamente irrelevante, pois ele sabe que só presta contas ao sagrado que habita em seu próprio coração.

      O julgamento do mundo, desde sempre, preocupa antes aos tolos que aos sábios -- estes, na maioria das vezes, só tem o seu trabalho reconhecido anos após a sua morte, eternizando-se, deste modo, com o tempo. Jesus, Sócrates e tantos outros foram perseguidos, julgados e condenados, mas isto jamais foi impedimento para que o Senhor Tempo trouxesse à luz as suas verdades de paz e amor.

      Paz & Amor, Luiz!

      O hippie que habita em mim saúda o hippie que habita em você!

      Namastê!

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    5. Exatamente, fico feliz por chegarmos à mesma conclusão, mesmo que amparados por focos de visão ligeiramente diferentes. Sei bem que você (e a Telma também tem tal característica, sempre que expressa uma opinião),o faz sob o prisma de uma análise baseada na visão macro da vida, a pensar em âmbito espiritualizado. Eu tendo a valorizar o micro, expresso no cotidiano da vida material. Mas uma linha de pensamento não desabona a outra, mesmo porque, ambas são na verdade nuances de uma realidade só. Posto isso, fato concreto, trabalhamos, ambos e incluo a Telma nesse rol, portanto, os três, pelo mesmo ideal, ainda que por flancos diferentes. E tem que ser assim, não ganha-se uma guerra a atacar o inimigo apenas frontalmente, no front. A estratégia é uma arte, também e assim, que usemos todas as possibilidades do tabuleiro.

      Ser Hippie, portanto, não é um sonho apenas, mas o caminho para uma elevação da civilização.

      Paz & Amor, viva a fraternidade !

      Namastê !

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    6. Oi, Luiz, com certeza, estamos do mesmo lado do campo de batalha, mas não sei se concordo com esta visão dicotômica do real que separa as nossas estratégias em macro/micro, etc. Eu jamais me sentiria representado nestas expressões "pela metade", que consideram um lado e ignoram o outro. Talvez você veja assim porque não teve oportunidade de estudar mais a fundo como me posiciono em meu flanco, para a utilizar a sua terminologia. Esta é uma discussão rica e que mereceria desdobramentos, mas para não me estender muito, vou ficar com o que disse no sumário do meu Livro-Blog. Eis o texto:

      "Conforme revela o presente sumário, com os devidos links para todos os capítulos, não trato no Livro-Blog senão daquilo que experimentei e pratico. Não me ocupo de verdades distantes de minha própria práxis. Não argumento a partir de teorias e conclusões de terceiros, se não as fiz também minhas, na prática, incorporando-as à minha própria vida. O mais que faço é descrever o panorama desta jornada pessoal e refletir sobre as verdades vivas, que foram se constituindo e lançando luz ao longo do caminho.

      Não trabalho diretamente com o conceito de religião (que é, basicamente, ocidental), prefiro a ideia de sagrado e, em especial, o conceito de espiritualidade, que se funda, diretamente, do entendimento do termo sânscrito "dharma". Meu olhar não é antropológico, nem sociológico e, por isto mesmo, não se prende ao fenômeno da religiosidade popular contemporânea. É filosófico e foi construído a partir da experiência pessoal com o sagrado, bem como da análise textual de Escrituras Sagradas do período épico da Índia."

      Para quem quiser conferir, se você me permite, Luiz, deixo o link: https://brahmanirvana.blogspot.com/p/livro-blog-ciencia-da-meditacao-e.html É só percorrer os textos aí listasdos para ver esta tese se confirma ou não.

      Resumindo, é a via de síntese de todos os contrários que me interessa. Nem a realidade estritamente material, nem a realidade estritamente abstrata; nem a realidade objetiva, nem a realidade subjetiva; nem o macro, nem o micro, mas a via de síntese de todos esses pares de opostos...

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    7. Entendi perfeitamente o seu ponto de vista. Está certo em suas ponderações. Vejo, humildemente (sou apenas um humilde observador da vida e não um catedrático preparado como você), que realmente não existe a dicotomia nesse caso. Micro é apenas o alcance de quem não consegue enxergar estar inserido no macro. Independente de ter essa consciência, todos estamos inseridos no todo, portanto, não existe micro e macro, como bem observou, mas tudo faz parte de uma única realidade. O que eu quis dizer e sei que você entendeu bem, é que no meu caso, a visão da vida tem mais esse olhar da matéria, do cotidiano prosaico etc. Não sou filósofo, não tenho o compromisso em aprofundar-me mais como você o faz com tanta propriedade.

      Mas o que realmente importa, é que na questão que originou esta conversa, ambos estamos coadunados.

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    8. Com certeza, Luiz, estamos juntos. Meu ponto foi apenas para observar que sem a prática do cotidiano, de nada valem as teorias. E exatamente por eu ter percorrido esta via conceitual, procuro não cair na cilada de estacionar por aí.

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    9. Sim, entendo que sua intenção tenha sido aprofundar a discussão ao ponto de deixar claro que não costuma expressar-se sem comprometimento com a verdade por inteiro, vivenciada na prática. Certamente que eu entendi isso também, não se aflija. Grato por comentar com tanto entusiasmo e assim enriquecer a coluna da Telma.

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  2. Sim...a sinfonia precisa de cada instrumento para que a harmonia seja alcançada!
    A forma clara é a que exercitamos sempre,numa convicção exercida a cada agora!
    Valeu pela leitura e comentário!
    Abraço aí e na mas te!

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    1. Oi, Telma, grato pela delicadeza de responder. Não vou me repetir, respondi mais extensamente logo acima ao Luiz, porque fui "citado" por ele que me deixou numa sinuca de bico...rs. Bom, tenho certeza que minha resposta a ele se dá completamente dentro do espírito do meu primeiro comentário ao seu texto. Então, se tiver tempo, dá uma conferida. Abraços, Namastê!

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