Aconteceu no
tempo do Pitbulls on Crack, em 1994
Estávamos para fechar contrato com uma gravadora, que não era uma poderosa major multinacional, mas mesmo pequena, apresentava uma infraestrutura bem razoável e certamente atenderia as nossas necessidades prementes com um grau de eficiência, satisfatório.
Muitas reuniões
foram travadas naquele escritório em que funcionava a administração desse selo e quando pareceu estar tudo
acertado entre as partes, uma última reunião foi convocada para lermos e assinarmos o
contrato.
Ocorre que a diretora era uma mulher
e nesse dia marcado, assim que chegamos ao escritório, aguardamos a sua
chegada, visto que essa moça não encontrava-se no local na hora marcada. Foi quando a espera prolongou-se
em demasia e mais de uma hora depois, uma funcionária veio delicadamente
pedir-nos desculpas pela ausência da diretora e ao mesmo tempo para nos esclarecer que essa senhorita fizera contato telefônico e alegara ter tido uma crise motivada pela cólica
menstrual.
Ora, nada mais natural e compreensível, claro que resignamo-nos e saímos
do escritório com a racional absorção da situação, sem questionamentos.
Foi então que a funcionária emitiu-nos a mensagem padronizada, no sentido que seria marcada uma nova reunião para
breve e nós saímos dali sem nenhum motivo para acreditar que isso
não realizar-se-ia e sobretudo, sem nenhum prejuízo ao andamento da nossa
negociação que nessa altura, estava acertada, só a faltar a assinatura do
contrato e registro em cartório.
Entretanto, passados alguns dias, o tal
telefonema não aconteceu. Aos poucos, à medida que o tempo passou, a nossa
paciência pôs-se a esgotar na inversa situação e aí, ao pressionarmos o escritório por uma
resposta convincente a esclarecer tal postergação, fomos informados que um fato
novo ocorrera e nesse ínterim, a gravadora teve que arcar com outros compromissos
e a verba destinada à nossa produção, não existia mais, portanto, o nosso
contrato não seria assinado.
Foi quando um companheiro de banda,
não em tom de raiva, mas sim motivado por uma pura brincadeira, falou algo como: -“não deveriam colocar mulheres em posição de comando em uma empresa. Por
causa de uma menstruação, perdemos a nossa chance”...
Pura brincadeira que rendeu risadas
e aliás, essa banda foi a que eu mais diverti-me nos bastidores, devido ao fato
dos meus três colegas terem veia humorística nata e tudo ser levado na esportiva,
o tempo todo.
E nem pense o leitor que eu, os meus colegas e tampouco esta
reminiscência em formato de crônica, tem motivação machista. É claro que a mulher
pode comandar qualquer setor produtivo da sociedade.
No entanto, dentro da
brincadeira criada pelo amigo e colega, houve um fundo de verdade em um
aspecto. Pois nós assinaríamos o contrato naquele dia e a cólica da moça
ocasionou o lapso de tempo o suficiente para que os tais fatos novos
atropelassem os nossos anseios, ali dentro daquela companhia.
Portanto, a natureza feminina empurrou uma
peça no tabuleiro do jogo e se ela por si só não afetar-nos-ia, em tese, a
verdade foi que o desencadear da sua consequência posterior, motivou a nossa
derrota no jogo. E isso foi um fato.
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