Desde
pequenos, os irmãos, Elliot & Ted Buscarff, demonstravam terem nascido com
talento para as artes. Costumavam entreter os pais, avós e demais parentes em
animados saraus, quando ainda mal sabiam pronunciar as palavras corretamente,
através de declamações de poemas criados através da sua livre criação, pequenas atuações em
sketches teatrais por eles mesmo inventadas e a cantarolar canções folclóricas
de sua terra, ouvidas e absorvidas desde o berço.
Dessa forma,
o que se desenhou como uma tendência, confirmou-se assim que entraram em idade
escolar e ali no ambiente estudantil, os irmãos tornaram-se o centro das
atenções, ao angariar a simpatia do quadro de professores, da maioria dos
colegas e também a inveja de uns poucos, que assim, tornaram-se os seus desafetos
declarados.
Um pouco mais de tempo passou e no calor dos hormônios efervescentes
da adolescência, eis que a animosidade de seus desafetos cresceu ainda mais, na
medida em que além do talento, os irmãos mostravam-se bem apessoados e assim, a
atenção das meninas, em demasia, tratou por acirrar ainda mais os ânimos para
aqueles poucos que não sentiam-se tão talentosos e atraentes e assim nutriam inveja
em relação aos irmãos.
Os rapazes,
apesar de estarem acostumados com os elogios por conta de seus talentos
artísticos e agora também pela beleza física que causava frisson entre as
meninas, não eram convencidos, ainda bem. Eram garotos não exatamente humildes,
pois sabiam do seu valor e cultivavam um sentimento de autoestima bem elevado,
mas longe dessa postura caracterizar algum tipo de altivez e soberba, isso nem
pensar.
Dessa forma, ambos andavam com a cabeça sempre erguida, mas nunca
menosprezaram nenhum colega e isso só fazia aumentar o seu prestígio,
principalmente entre os professores da escola onde estudavam.
Todavia, curiosamente, um membro da sua família cultivara um sentimento mais exacerbado sobre os meninos e nem pode-se condenar exatamente essa pessoa pelos seus arroubos extravagantes em torno do enaltecimento de Elliot e Ted, visto tratar-se de sua progenitora.
Todavia, curiosamente, um membro da sua família cultivara um sentimento mais exacerbado sobre os meninos e nem pode-se condenar exatamente essa pessoa pelos seus arroubos extravagantes em torno do enaltecimento de Elliot e Ted, visto tratar-se de sua progenitora.
Miss Esther Buscarff, tornara-se famosa no meio
social em que convivia, pelos excessos que cometia em prol do enaltecimento de
seus filhos. Em princípio, as pessoas achavam normal que ela mantivesse muito orgulho de
seus meninos, pois eles eram realmente talentosos.
Passou um tempo e ao
verificar que ela intensificara as suas manifestações, as pessoas comentavam
que talento comprovado a parte, os excessos por ela cometidos, ficavam por
conta do fato dela ser mãe e que nesse caso, o exagero justificara-se.
No
entanto, a reação de Miss Esther intensificava-se progressivamente, à medida
que os garotos cresciam e assim, quando eles passaram a serem assediados pelo
contingente feminino, com outras conotações e/ou intenções, as pessoas
passaram a considerar folclóricas as reações dela, ao notar o histrionismo em
suas declarações.
Pois o auge
dessa situação, deu-se quando um colega dos irmãos Buscarff, fez uma visita à
residência da família, sob convite de Elliot & Ted. No entanto, ao chegar
um pouco mais cedo do que o combinado, os irmãos não estavam presentes e assim,
Miss Esther o recebeu e fez-lhe companhia enquanto os seus filhos não chegavam.
Nessa conversa informal que travou-se no ambiente da sala de estar da
residência Buscarff, Miss Esther passou a falar a respeito de seu assunto
predileto: sobre os seus filhos.
Até aí tudo bem, o jovem, Dean era amigo de fato dos
irmãos Buscarff, também admirava o talento de ambos e conhecia bem a fama da
mãe deles, ao exagerar nos elogios que costumava fazer aos seus filhos. Todavia, em dado instante da conversa,
Miss Esther empolgou-se e narrou a seguinte situação:
-“Sabe, Dean
? Eu não sei mais o que fazer. Os meus filhos são talentosos e muito lindos. As
meninas aparecem na porta da nossa casa, todos os dias. Chega-se ao ponto de formar uma fila,
com tumulto. Elas choram, descabelam-se... eu fico com muita dó de ver o
desespero delas, apaixonadas pelos meus meninos... mas o que eu posso fazer, se
tenho apenas dois? Eu queria ter tido mais galãs para dar conta, mas só tenho
os dois”...
Dean ouviu o relato com muito respeito e de forma alguma debochou de Miss Esther pelas suas costas, ao narrar o ocorrido em tom de escárnio (como muitos o fariam, no pátio da escola, no dia seguinte).
Dean ouviu o relato com muito respeito e de forma alguma debochou de Miss Esther pelas suas costas, ao narrar o ocorrido em tom de escárnio (como muitos o fariam, no pátio da escola, no dia seguinte).
E apesar de também ser ainda um adolescente imaturo, ele já mantinha um
grau de discernimento quase ao nível de um adulto, o suficiente para deduzir
que todo o exagero perpetrado por Miss Esther, fora uma típica reação maternal.
“Mãe é mãe”, pensou Dean. No caso de Miss Esther Buscarff, no entanto,
isso podia ser calculado ao quadrado, certamente.
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