Ocorria que o Gereba era um "Casanova" incorrigível, e se havia uma coisa que o desnorteava, era ver uma bela mulher. Ao ser inconveniente, ele várias vezes falou entre os dentes, ao virar-se para eu e Luis Bola, suas impressões sobre o corpo da moça, a causar-nos o embaraço por quase o casal perceber. Então, superado esse constrangimento, fomos para a casa do Luis Bola, descansar e esperar pela Kombi da produção, que conduzir-nos-ia ao local da apresentação.
O Luis Bola tinha uma bateria Tama, com dois bumbos e quatro tons; dois surdos; e uma infinidade de pratos de excelente qualidade. Seu Kit era para tocar Rock progressivo em alto nível, certamente. Mas qual foi a minha surpresa quando a desmontou e eu notei que ele planejava levá-la inteira ! Perguntei-lhe então se aquilo não seria um enorme exagero para acompanhar uma cantora popular em um salão de subúrbio, mas sua resposta calou-me : se o som não seria o que sonhávamos tocar e ganhar a vida, que pelo menos ele o divertisse.
E acrescentou que faria viradas de Bill Bruford nas canções prosaicas da Cínthia. Chegamos ao salão e percebemos que ficava muito próximo do quartel do exército de Quitaúna, um bairro daquela cidade e onde todo recruta temia ser designado, pois tinha a fama de ser um dos quartéis mais duros da corporação, para os recrutas compulsórios do serviço militar.
E ao entrarmos, já verificamos que o grosso do público era formado por soldados do exército em dia de folga, e completamente dispostos a arrumar bagunça. Bandas cover locais tocavam antes do show principal. Eram medonhas até para o padrão baixo nível do mundo brega. Nesta altura, eu já questionava se os mil cruzeiros prometidos estariam a valer mesmo a pena...
E o Gereba, alheio a tais percalços, começou a beber, ao perceber que o dono do salão o tratava como a uma grande estrela, afinal, éramos a banda da Cínthia...
Continua...
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