A despeito da característica do som, diametralmente oposta ao que eu
gostava, o Pitbulls on Crack, foi a aposta no som indie que tanto agradava a mídia
mainstream. Após anos a desferir murros em ponta de faca, resolvi apostar na
turma que segura a faca pelo cabo. E o som tinha esse ranço punk,
mas não caracterizava-se como um Punk-Rock declarado. Era "indie", com um pé nessa modernidade,
que de moderna não tinha nada, pois não passava de uma espécie de moto perpétuo a eternizar-se, infelizmente.
E houve o efeito "Grunge" a ser
considerado. Naquele início de década de noventa, essa fora a moda a ser seguida, e
de fato, havia dúzias de bandas em São Paulo, com a mesma
característica : a cantar em inglês; som calcado naquela moda de Seattle;
todo mundo cabeludo novamente, e uma corrida às lojas atrás de
instrumentos vintage, para jogar-se no lixo aqueles instrumentos medíocres,
e metidos a "futuristas" usados na década de oitenta pela turma do Pós-Punk. Então, ao falar
friamente, acho que o Pitbulls on Crack foi uma amálgama desses elementos todos e
não uma banda orientada pelo Punk-Rock, simplesmente, mesmo por que, com a minha presença no baixo e
o Deca como guitarrista a criar solos a la Angus Young, nem que a
proposta da banda fosse essa explicitamente, o resultado final soaria
desse jeito.
E houve mais um elemento : o Chris era obcecado pela
modernidade e buscava as últimas tendências de Londres, não de Seattle,
mas apesar disso, e por ter feito história em uma banda famosa da cena
punk' 1977, de lá (tocou no Cock Sparrer), era (é), aficionado de som
1960 / 1970. Sua formação é inteiramente baseada nessa premissa e o Rock Progressivo setentista, tem
forte carga nessa predisposição. Ele ama Gentle Giant, por exemplo...
Nesse primeiro momento da banda, essa carga indie estava mais
pronunciada, mas aos poucos, os elementos setentistas começaram a
aflorar, como falarei adiante.
Continua...
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