Cheguei cedo às dependências do Sesc Paulista, unidade localizada em plena avenida Paulista, bem perto de uma das saídas da estação Brigadeiro do metrô, ou seja, a apenas duas estações de onde eu morava, foi muito fácil chegar ali a usar o próprio metrô e isso foi possibilitado por conta da extrema gentileza do baixista, Fabio Cezzar, que me emprestara o seu baixo durante a realização do ensaio prévio e atendeu ao meu pedido de um novo empréstimo no show, ou seja, isso viabilizou que eu chegasse às dependências daquela unidade sem instrumento, portanto a usar o transporte público sem nenhum problema. Mais uma vez, o amigo Fabio Cezzar foi extremamente gentil, como aliás, é de seu estilo, como um grande colega que o é.
O pequeno auditório dessa unidade não foi o local do espetáculo. Para tal evento, um palco alternativo foi montado no saguão de entrada, a simular um pequeno salão com maior capacidade, fechado por portas de vidro e cortinas, ou seja, foi uma alternativa interessante para poder receber um público maior.
Marinho Rocker, ativista cultural e colecionador de discos, e eu (Luiz Domingues), durante o exercício vespertino do soundcheck. Golpe de Estado + convidados (tributo a Nelson Brito). Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Acervo e cortesia: Marinho Rocker. Click: Eduardo dos Santos Drummond
A passagem de som estava em curso e toda a estrutura que a banda teve no show anterior do qual eu também participei, repetira-se em termos de equipe de apoio.
O telão já estava ligado para os devidos testes de iluminação e as fotos a exibir imagens do Nelson Brito, estavam a reluzir. Olhei para tais imagens munido de um grande respeito ao amigo que partira, contudo, me senti mais forte desta vez, isto é, percebi que estava preparado para fazer o show sem abalo emocional como ocorrera no espetáculo anterior do qual participei.
Encontrei-me com todos os membros remanescentes da banda, os componentes da equipe técnica, uma série de pessoas ligadas aos bastidores do Golpe de Estado e claro, foi um prazer estar com eles, todos imbuídos da vontade de dar o melhor para reverenciar a memória do Nelson Brito.
Na primeira foto, Pepe Bueno, o empresário do Golpe de Estado, Tiago Claro e eu (Luiz Domingues). Foto 2: banda e convidados minutos antes de irmos para o palco. Da esquerda para a direita: Ricardo Schevano, Roby Pontes, João Luiz, Pepe Bueno, Marcello Schevano, eu (Luiz Domingues), Fabio Cezzar e Daniel "Kid". Na foto 3, João Luiz, Daniel Kid e eu (Luiz Domingues). Golpe de Estado + convidados (tributo a Nelson Brito). Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Billy Albuquerque
No camarim, o clima foi de extrema camaradagem como sempre e inevitavelmente, lembramos de muitas histórias a envolver o Nelson, que realmente deixou saudade para todos ali. Fomos avisados pelo diretor de palco do Sesc que estava na hora da banda se posicionar perto do palco a esperar o áudio protocolar com os anúncios obrigatórios sobre segurança, prevenção de incêndios e saída de emergência do local.
Bem, a luz de serviço apagou no ambiente e sob os gritos de euforia do público presente ante a adrenalina típica de início de espetáculo, eis que a banda entrou no palco com o primeiro baixista convidado, Daniel Kid, e eles tocaram temas mais modernos da banda, exatamente compostos e gravados por essa formação e a se revelar nesse momento como os últimos trabalhos que Nelson Brito realizou na sua carreira artística e vida, propriamente dita.
Daniel Kid, meu amigo de longa data, ex-roadie da Patrulha do Espaço que me acompanhou durante quase toda a trajetória da nossa formação Chronophágica em turnês. Ele foi o primeiro baixista convidado, exatamente como acontecera no espetáculo anterior. Golpe de Estado + convidados (tributo a Nelson Brito). Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Billy Albuquerque
Fiquei atrás do palco a observar o show e a verificar que a banda estava a tocar com uma energia muito grande e o público estava ainda mais quente, a gerar uma sinergia excelente. Que bom, o Nelson mereceu receber essa energia tão forte lá na dimensão na qual habitava naquele instante.
Terminadas as quatro músicas defendidas pelo Daniel Kid, Fabio Cezzar foi chamado ao palco e mais um amigo meu e do Nelson pôde dar a sua contribuição para reverenciar a arte do nosso amigo em comum que partira.
O grande Fabio Cezzar, outro amigo que admiro não só pela sua excelência musical, mas também pela sua generosidade que é muito grande. Golpe de Estado + convidados (tributo a Nelson Brito). Sesc Paulista de São Paulo. 18 de outubro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Billy Albuquerque
Fabio Cezzar tocou as suas quatro músicas e chegou a minha vez. Fui chamado ao palco e das mãos desse amigo, sem intervenção de um roadie, peguei o seu belo baixo Fender Precision e me preparei nos últimos ajustes para poder tocar, enquanto o vocalista, João Luiz, anunciava-me mediante palavras bonitas em tom de elogios, de uma forma muito gentil.
Tudo pronto para o show prosseguir! Vamos todos juntos pelo Nelson!
Continua...