Mostrando postagens com marcador Luciana Andrade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Luciana Andrade. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de novembro de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 22 - Por Luiz Domingues

Desta feita, teríamos uma baixa e tanto para a nossa banda. A excelente vocalista, Luciana Andrade, não acompanhar-nos-ia em nossa nova jornada psicodélica. Com o hiato de shows que tivemos, nesse ínterim ela recebera a proposta para avançar em sua carreira solo e claro que abraçou a oportunidade.
Como ex-componente da banda "Rouge", uma banda vocal que tinha forte apelo popular na mídia mainstream, a sua carreira solo teria tudo para engrenar, com uma agenda boa de shows e espaço na mídia, obviamente. De fato, eu a vi pela internet, a promover os seus shows e observei que formara uma banda de apoio, com guitarra, baixo e bateria, com ela mesmo a dar apoio harmônico ao tocar violão, também.
Enfim, fiquei contente por vê-la a adotar um rumo bom para a sua carreira, e se por um lado lamentei que não estaria mais conosco, a enriquecer o nosso som, por outro, fiquei feliz  por vê-la bem. E de fato, nos falamos nas redes sociais da internet com certa frequência nessa mesma época e constatei que ela estava ótima.

Nos ensaios, mesmo desfalcados da Lu Andrade, a banda mostrava-se mais entrosada, e o clima de descontração se mostrara muito bom, pois já não havia nenhum gelo entre nós todos, após termos feito dois shows e apesar do hiato de alguns meses de ausência. E o Ciro propôs algumas pequenas modificações no set list que faríamos na cidade de São Carlos-SP.
Continua...

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 20 - Por Luiz Domingues

Passado esse constrangimento inicial, iniciamos enfim o show, a observar o mesmo set list que usáramos alguns dias antes no show anterior. Em por se tratar de uma segunda apresentação, ficara óbvio que apresentamos um melhor entrosamento e foi com essa lógica natural que eu contei dali em diante, para vislumbrar uma desenvoltura cada vez maior.
O show foi bastante energético, e apesar do palco ser ridiculamente pequeno, o Ciro não deixou de ter a sua atuação performática habitual, e movida na base da pura emoção e loucura. Claro que as condições sonoras não foram nada boas, e a completa ausência de uma iluminação minimamente profissional, esteve aquém do trabalho do Ciro, mas de forma digna, nem ele, tampouco a banda, deixara o ânimo cair.
A participação especial do guitarrista, Miguel Barela, foi muito boa. O seu estilo era cerebral e muito influenciado pelo Robert Fripp, e dessa forma, eu apreciei demais as suas intervenções muito técnicas e sob um estilo único, raro entre guitarristas brasileiros. Lembro-me bem que ele fez uma intervenção belíssima em: "Despejar", uma música que eu apreciava muito tocar ao vivo.
Mais uma vez, a vocalista, Luciana Andrade, deu um show de vocalização, com lindos vocalises, que só enriqueciam o trabalho do Ciro. Ao final, mesmo ao contar com um pequeno público presente, a sensação de que nem as adversidades oriundas do equipamento de de PA e iluminação, inadequados, derrubou o trabalho, foi predominante. Tal show ocorreu no dia 16 de dezembro de 2011, com vinte pessoas presentes na casa chamada: "Coletivo Galeria".

Eis o Link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=kRlrvODeer8

Versão ao vivo de "Sonífera Ilha", no Coletivo Galeria, em 16 de dezembro de 2011.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=QOMfsbX8Kso

Encerrado o ano de 2011, tivemos muita esperança de que em 2012, tocaríamos bastante com o "Nu Descendo a Escada". O trabalho estava bem ensaiado, a banda motivada e a performance ao vivo assegurada da parte de todos, pois os dois shows que fizéramos em 2011, haviam nos dado a confiança para tal. Dependia exclusivamente do gerenciamento da carreira do Ciro naquele momento, e houve a perspectiva para tal, com uma produtora a trabalhar em campo.

O Ciro, por sua vez, estava contente com a banda e planejava realizar reuniões para composição de novas músicas, e com o Kim e eu a participarmos do projeto. Segundo ele mesmo enfatizara, a ideia seria nós trabalharmos coletivamente e não como uma mera banda de apoio, e assim darmos um novo sabor ao processo, e consequente maior motivação para todos.  

Particularmente, eu estava a apreciar muito tocar com ele e também com a banda toda. Mais soltos e mais ambientados uns com os outros, a amizade solidificara-se naturalmente. E assim entrou o ano de 2012, para Ciro Pessoa e Nu Descendo a Escada...

Continua...

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 19 - Por Luiz Domingues

Antes porém de tocarmos, tivemos uma notícia surpreendente e desagradável, que teve o contorno de uma arbitrariedade. Fomos informados à nossa revelia que haveria uma banda de abertura, perspectiva essa não esclarecida previamente.

Fora um verdadeiro trabalho hercúleo arrumar o tímido palco da casa, para tentar ajustar o equipamento pobre de PA que ali havia, ao nosso backline, ao estabelecermos uma ginástica contorcionista para caber todo mundo, mas sobretudo, fazer com que a banda soasse dignamente naquelas condições inóspitas. E tudo piorou quando alguém da casa veio nos comunicar laconicamente que uma outra banda tocaria como abertura, e que isso seria uma condição sine qua non e inquestionável.
Bem, ali as soluções seriam: se irritar e sair rosnar da casa para desistir do espetáculo ou resignar-se e aguentar o incômodo. Optamos pela solução "B" e dessa maneira, tratamos de afastar o nosso equipamento para a outra banda colocar o seu e tocar. Nada contra os rapazes que tocaram, mas o sujeito que impôs essa sandice, certamente não tinha nenhuma noção de como funciona o soundcheck de uma banda de Rock.

Foi um fardo fazer isso e ainda tornou-se pior remontar o palco, a tentar buscar o mesmo ajuste, com a agravante de já haver público presente na casa, e sob a pressão do relógio.
A tal banda citada era um combo instrumental e "indie", como sempre ocorre nesse espectro de casas que dizem abrir para o Rock, mas sob uma equivocada perspectiva que nem vale a pena explicar nesta altura, mas que eu já mencionei em capítulos anteriores. Não eram maus músicos no entanto, como geralmente ocorre, ao se estabelecer uma espécie de praxe do mundo "indie".

Contudo, o seu som era repetitivo, maçante mesmo, e entediou o público que ali comparecera para ouvir o trabalho do Ciro. Se dependesse de nós, jamais chamaríamos uma banda nessas características para abrir o nosso show, mas à revelia, a casa adotou uma postura deselegante da pior espécie, ao desagradar a todos, literalmente.
Enquanto esperávamos pelo término do longo show de abertura (outro aspecto do abuso), ficamos no andar superior da casa, onde funcionava uma mini galeria de arte. Apreciamos a exposição ali instalada e o artista em questão estava presente e provocou a conversa conosco, para falar sobre a sua obra etc. Sinceramente eu não me recordo de seu nome e não achei o cartão de visitas que ele me forneceu à época, para registrar esse evento, com a sua nomeação.

Encerrado o longo set da banda de abertura, descemos e tivemos o incômodo trabalho de arrumar novamente o palco, indevidamente desarrumado por esse empecilho inesperado. Tudo bem que a casa era muito despojada e havia pouco público presente, mas se assim não o fosse, teria sido bastante embaraçoso ter que arrumar o palco na presença do público, ao se considerar que estávamos sem uma equipe de roadies à nossa disposição...
Continua..

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 18 - Por Luiz Domingues

Após a primeira apresentação, estávamos animados com a perspectiva de uma nova data bem próxima, pois foi a oportunidade para entrosarmos ainda mais a banda e assim, prepará-la para apresentações de maior envergadura. Todavia, o Ciro nos advertiu que a próxima apresentação ainda seria difícil pelas condições técnicas, ou seja, nos mesmos moldes da primeira. Como estávamos animados com o trabalho, e o sucesso artístico da primeira apresentação, claro que aceitamos, e assim, foi marcado.
O local foi uma associação cultural multiuso, chamada: "Coletivo Galeria". A intenção pareceu ser muito boa de seus mandatários, mas pecara pela falta de uma infraestrutura mínima necessária, pois os equipamentos de som e iluminação e também pela dimensão minúscula do seu palco, a nivelara ao padrão de casas noturnas de baixo nível, infelizmente. Enfim, não cabe aqui nenhum discurso a reprovar tal condução do seu espaço, pois foi um "pegar ou largar", pura e simplesmente e o Ciro nos consultou previamente ao expor as condições e nós aceitamos, pelas razões já elencadas.
Sendo assim, fomos nos apresentar nesse espaço, que continha em anexo, uma pequena galeria de arte no andar superior, e na parte inferior da casa, produzia shows musicais de pequeno porte. Pelas condições estruturais ali presentes, o ideal seria usar o espaço somente para apresentações intimistas, com artistas a se apresentar ao estilo da voz & violão, de forma bem despojada entretanto, bandas costumavam se espremer ali naquela palco minúsculo e até shows de Punk Rock e Heavy-Metal ali aconteciam, normalmente.
Enfim, uma vez, aceitas as condições estava combinado sem direito a impor-se restrições posteriores...
Haveria uma presença a mais nessa noite, que o Ciro convidara para tocar conosco em duas músicas. Tratou-se de Miguel Barela, guitarrista que fora famoso nos anos 1980, por ter sido componente da banda: "Voluntários da Pátria" e de outras, igualmente (a Gang 90 de Julio Barroso, certamente foi uma delas). Apesar de ter sido uma banda inserida entre a turma do Pós-Punk, eu me lembro bem que era diferenciada, pois os seus membros eram músicos de alto gabarito musical, e que mesmo a estarem acomodados naquela estética, detinham raízes setentistas de ótimo nível, em meio ao Jazz-Rock, Prog-Rock, Krautrock, música experimental, Jazz etc.

Parecia até contraditório estarem naquela turma, cujo paradigma era o niilismo de caráter revanchista contra os valores setentistas, mas na verdade, eles transitavam sem indisposições com os seus pares, a espelharem-se principalmente no exemplo do King Crimson, então reformulado para atravessar os anos 1980, que se apresentara naquela década, todo "modernoso" e aparentemente a se coadunar com tribos oriundas da mentalidade da estética do Pós-Punk, mas na verdade, eram admiradores de música de qualidade. 

Nesse aspecto, as aparências enganavam e se por um lado eu demorei a perceber tais sutis diferenças em torno de bandas e músicos nesses termos que eu descrevi acima, ainda nos 1980 (que fique bem explicado), creio que da parte dele, Barela, também haver a possibilidade de se estabelecer margem para enganos.

Em conversa muito agradável que travamos durante o soundcheck, ele demonstrou se lembrar de minha persona, por causa da minha atuação com A Chave do Sol, naquela década e surpreendeu-se positivamente por ver que eu apreciava com muito entusiasmo o som do King Crimson, quando nos ajustes de seu equipamento, ele tocou alguns riffs do grande Rei Escarlate, e eu elogiei-o pela execução preciosa do mestre Fripp, que ambos admiramos.

Foi o tal negócio: ele deve ter passado a década de oitenta a imaginar que eu gostava do "Iron Maiden", pelas fotos que deve ter visto nas revistas de música da época, e em contrapartida, eu posso ter achado que ele compactuava com aquela visão mais niilista do Pós-Punk, ao estabelecermos um ledo engano de via dupla. Tremendo músico, foi um enorme prazer tocar com ele naquela noite, ainda que através de uma participação curta com apenas duas músicas designadas pelo Ciro para que ele atuasse. 
Continua...

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 17 - Por Luiz Domingues

O Pós-show foi bastante animado, com cumprimentos efusivos dos ali presentes. Apesar das dificuldades técnicas já salientadas, eu saí bastante satisfeito com a performance, e com a certeza de que em condições melhores, essa banda renderia muito. 

Um episódio prosaico aconteceria alguns instantes depois, mas sem absolutamente nenhuma relação com o show em si. Tal evento, proporcionou-me uma quase cena de pastelão explícito, em plena madrugada da Rua Augusta. Foi o seguinte: passados os momentos de cumprimentos e conversas do pós-show, começamos a desmontar o palco, nós mesmos, pois fora uma produção muito simples, sem a presença de uma equipe técnica profissional, que cumprisse tal tarefa.

Até aí, tudo bem, ninguém ali era uma "Diva" que se recusasse a cumprir tais tarefas. Desmontado tudo, cada um foi buscar o seu respectivo carro, e tratar de carregar o seu equipamento pessoal, quando um súbito tormento assolou-me! Enquanto ajudava o tecladista, Caleb Luporini, a carregar o seu automóvel, vi um guincho do CET (Companhia de Engenharia de Trânsito, órgão da prefeitura que comanda o trânsito em São Paulo), passar com o meu carro na sua caçamba...
Tive a reação instintiva de sair a correr atrás, e gritar para o motorista do guincho parar e atender-me, mas o sujeito nem olhou no seu retrovisor...

Fiquei desolado, já a imaginar o inferno burocrático que enfrentaria nos dias posteriores para resgatar o meu automóvel, quando eu tive o instinto de ir ao local onde estacionara, para verificar se fora mesmo o meu carro que houvera sido guinchado. Quando aproximei-me do local, na Rua Augusta mesmo, mas cerca de duzentos metros adiante do Club Noir, tive a refrescante sensação de alívio ao vê-lo ali, estacionado e incólume! 

O carro que eu vira, era naturalmente outro, mas por ser do mesmo modelo, ano e cor, do meu, disparou-me a sensação de insegurança por ter estacionado em um local onde eu tivera dúvidas se fora permitido ou não, por uma questão de horário mencionado na placa de trânsito ali presente. Como faltavam poucos minutos para que fosse permitido, no momento em que eu estacionei, pairou a dúvida no ar. 

Passado esse susto (nunca esquecer-me-ei de minha sensação ao ver meu carro, supostamente sobre uma caçamba do CET, e sobretudo a minha reação ridícula de sair atrás a gritar com o funcionário público), a boa nova anunciada pelo Ciro, foi que já tínhamos uma nova data em vista, e seria bem próxima, ao dar-nos a ideia de uma sequência animadora para o trabalho.

Continua...

domingo, 4 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 16 - Por Luiz Domingues


Apesar das condições inóspitas para um show de Rock, devido à falta de infraestrutura, a casa era bem montada e charmosa. Nesses termos, o público foi a acomodar-se e a apreciar o ambiente, alheio às dificuldades técnicas da casa. Menos mal, ninguém demonstrara no semblante, algum incômodo extra por isso, além de nós mesmos, os músicos.
O show começou, com a nossa preocupação em estabelecermos uma dinâmica forte, a visar a adequação ao PA improvisado. Em nome da inteligibilidade das vozes, tomamos esse cuidado salutar. Embora comedido, o volume da banda foi bem agradável e de minha parte, o meu baixo Rickenbacker cantou bonito nas canções mais psicodélicas.
A performance do Ciro, foi exatamente a que eu imaginara, pois nos ensaios a entrega dele fora praticamente igual. Paulo Pires e Caleb Luporini também atuaram com bastante segurança, e o Kim destacou-se pelas belas sonoridades extraídas de sua guitarra Gibson Les Paul.
"Anis" nessa noite no Club Noir

Eis o Link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=FrA8KyFi3Bc

Não me surpreendi (pois tinha verificado nos ensaios), mas a Luciana Andrade teve uma atuação excelente. A sua linda e potente voz ornou o trabalho de uma forma muita significativa. De fato, ela era muito mais que uma back vocalista, mas uma cantora atuante, e fundamental para o trabalho.

"Em Dia com a Rebeldia"

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=fMSUbMdNRbo 
"Até os anos 70"

O Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Spz2wZlMp6E

Existem dois ou três vídeos postados por amigos que estiveram presentes. Neles, claro que o palco improvisado, a condição prejudicada do som e principalmente a ausência de luz, chamam a atenção.

"Sonífera Ilha"

O Link para Assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=71uKE8izHQM

Contudo, são registros importantes, sem dúvida. Um fato engraçado ocorreu, no pós-show, mas que na hora em que aconteceu, não foi assim tão divertido...
Continua...

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 15 - Por Luiz Domingues

Feito esse sacrifício de se montar às pressas absolutamente todo o equipamento de backline e PA e a fazer uma espécie de "auto-soundcheck", tivemos pouco tempo para um relaxamento pré-show, e por se tratar de casa noturna, logicamente que não havia estrutura com camarins para tal tipo de recolhimento, portanto, a solução foi ficar ali mesmo, de forma despoja, à espera do show, a confraternizar com as pessoas da plateia.

Logo de início, achei interessante verificar que o público presente foi bastante heterogêneo. Havia fãs da carreira oitentista do Ciro, mas também fãs de sua carreira solo, além de muitos admiradores da carreira da vocalista, Luciana Andrade, que convenhamos, por ter tido passagem com um grupo vocal Pop que teve sucesso no mainstream dos anos 2000 ( o grupo vocal e midiático, "Rouge"), atraíra o seu público, mesmo não sendo um trabalho seu, propriamente dito.

Achei isso muito interessante, pois denotou o forte poder da mídia exercido em prol de um trabalho popular, que proporcionou a ela, seguidores fiéis de seu trabalho, aonde ela estivesse, mesmo ao atuar com o Ciro, em um trabalho muitíssimo mais hermético do que o som popular do "Rouge" que tais pessoas deviam apreciar, certamente. Essa fidelidade de seus fãs, ao respeitar essa sonoridade com a qual não tinham familiaridade, só para prestigiá-la, eu achei fantástica. 

Conheci alguns fãs dela e do Ciro, nessa noite, e apreciei muito essa possibilidade de estar a embrenhar-me em um mundo novo, ainda que a tocar um som que remetia-me à ícones do Rock e da contracultura, que fazem parte de minha formação básica.

E nesses termos, foi muito estimulante estar a tocando um som fortemente influenciado pela psicodelia sessentista, com toques generosos de surrealismo, e a ter na plateia, fãs d'Os Titãs/Cabine C e Rouge misturados, ou seja, uma salutar ação que soara como por demais estimulante, ainda que estranha.

Continua...

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 14 - Por Luiz Domingues

Chegou o dia do primeiro show, e mesmo ao saber muito bem que seria feito em um espaço intimista e longe de conter uma infraestrutura que o trabalho do Ciro mereceria ter, eu estava animado. Tive o sentimento que esse primeiro show representaria a oportunidade para deslanchar em uma série de outros shows, e notadamente, em meio a um circuito mais estruturado. 

O Club Noir era charmoso, sem dúvida, mas o seu espaço destinado aos shows musicais, era bem discreto, para ser bastante tolerante, eu diria. 

O curioso, é que na parte traseira da casa, havia um pocket Teatro, com estrutura muito melhor. Com um pequeno auditório, com visão muito boa para o público, presença de estrutura de iluminação, palco muito maior, camarim, e o básico do básico: presença de vários pontos de "AC" (a trocar em miúdos: tomadas elétricas!). Ora, por que os shows não aconteciam ali, então?

A resposta veio rápido, através da reação histriônica advinda de uma produtora da casa, que ao nos ver a circular pelo teatro em questão, e sobretudo por notar-nos perplexos pela proibição de termos o nosso show realizado ali, essa moça foi ríspida conosco, ao solicitar para que saíssemos dali imediatamente, pois ali era um "templo sagrado do teatro"... muito bem, ficara entendido. 

Eles só usavam aquele espaço, para apresentações teatrais, e deviam ter problemas de isolamento acústico, consequentemente, não poderiam promover shows musicais, principalmente bandas de Rock. 

E no restante, ficou na conta do esnobismo tolo da mocinha, e seus delírios como "Diva do Teatro". Conformados com essa regra da casa, fomos montar o palco, e ali no espaço permitido e digamos, "menos nobre" a ser usado por reles artistas da música, o sofrimento foi grande, pois a absoluta falta de estrutura do outro ambiente do estabelecimento, nos obrigou a fazermos coisas que não seriam de nossa atribuição natural como artistas. 

Mas diante de tais circunstâncias, não tivemos nenhum pudor em trabalharmos como roadies e técnicos, para fazer o show acontecer, ao demonstrar que todos estavam animados, e não queríamos fazer com que dificuldades técnicas atrapalhassem o espetáculo.

Bem, o esforço foi grande e lembrou-me de certa forma os meus tempos com o "Terra no Asfalto", a minha banda cover do início dos anos oitenta, onde tínhamos que fazer tudo absolutamente sozinhos, inclusive por ter que nos preocuparmos em locar equipamento de PA, o que sob um regime profissional, é o fim da picada. 

Mas, no resultado final, valeu muito a pena!

Continua...

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 13 - Por Luiz Domingues

E o primeiro show esteve enfim marcado. A data em questão foi 9 de dezembro de 2011, uma sexta-feira. O local designado, foi um café teatro charmoso, localizado na região do "baixo" Augusta, chamado: "Club Noir", frequentado principalmente por pessoas do meio teatral, mas com frequência de músicos, artistas plásticos e intelectuais em geral. 
Em princípio, mesmo ao não conhecer a casa, eu fiquei com a impressão de que seria um ambiente interessante, por demonstrar uma afinidade com o trabalho do Ciro, todo calcado em surrealismo e psicodelia sessentista, principalmente.

Ficamos animados, é claro, mesmo ao sabermos que tratava-se de uma casa pequena, mas foi um início para esse trabalho, e projetávamos assim, uma continuidade e sobretudo, uma ascensão para patamares melhores, onde desfrutaríamos de uma infraestrutura mais adequada para o trabalho poder ser executado, como merecia, ou seja, com condições de som, iluminação, cenografia etc.

Continua...

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 9 - Por Luiz Domingues


Finalmente eu recebi um e-mail a confirmar a marcação de um ensaio. Já vivíamos o final de setembro de 2011, e nessa comunicação passada pelo Ciro, ele escolheu a metade das músicas arroladas para começarmos a ensaiar, e sob uma segunda data agendada, as demais canções. Gostei dessa logística, e assim concentrei as minhas baterias para essa metade, a facilitar o processo. Finalmente, também, eu iria conhecer os demais integrantes da banda e iniciar o processo de integração, com eles.

Com o Kim, eu já estava habituado a tocar, e portanto, creio que seria fácil essa adaptação inicial com os demais.

Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 8 - Por Luiz Domingues


Apesar de uma certa demora para a marcação de ensaios, eu estive bastante motivado para fazer parte desse trabalho, e pelo que já pude descrever anteriormente, acho que os meus argumentos já foram suficientes para o leitor identificar as minhas razões.

Houve uma certa expectativa de minha parte, no entanto, em relação aos demais integrantes da banda. Eu soube que o Ciro renovara a banda completamente e com isso, esteve a afastar a hipótese de trabalhar com músicos oriundos da cena do Pós-Punk oitentista, fator primordial para a sua proposta estética/sonora ser melhor lapidada. O Kim também teve essa expectativa, mas nós só fomos conhecer os demais componentes, posteriormente, no dia do primeiro ensaio oficial.

A única pessoa que permaneceria na banda, seria a vocalista, Luciana Andrade, que revelou-se para mim, uma grata surpresa, quando começamos a interagir de fato, nos ensaios elétricos. Falo disso depois.

Em casa, a ouvir as canções, cheguei à conclusão de que elas soariam muito bem se eu usasse um baixo Rickenbacker, para buscar aqueles agudos que só o RK proporciona.

Eu poderia ter optado pelo Fender Precision, também e seria ótimo. Mas decidi apostar na sonoridade do Roger Waters em torno dos primeiros tempos do Pink Floyd, ao seu som clássico com o uso do Fender Precision, que adotou depois que o Syd Barrett saiu da banda. E quando os ensaios começaram de fato, todos elogiaram a minha escolha, incluso o Ciro.
Continua...