Antes porém de tocarmos, tivemos uma notícia surpreendente e
desagradável, que teve o contorno de uma arbitrariedade. Fomos informados à nossa revelia que
haveria uma banda de abertura, perspectiva essa não esclarecida
previamente.
Fora um verdadeiro trabalho hercúleo arrumar o tímido palco da
casa, para tentar ajustar o equipamento pobre de PA que ali havia, ao
nosso backline, ao estabelecermos uma ginástica contorcionista para caber todo
mundo, mas sobretudo, fazer com que a banda soasse dignamente naquelas
condições inóspitas. E tudo piorou quando alguém da casa veio nos
comunicar laconicamente que uma outra banda tocaria como abertura, e que isso
seria uma condição sine qua non e inquestionável.
Bem, ali as soluções seriam: se irritar e sair rosnar da casa para desistir do espetáculo ou resignar-se e aguentar o incômodo. Optamos
pela solução "B" e dessa maneira, tratamos de afastar o nosso
equipamento para a outra banda colocar o seu e tocar. Nada contra os
rapazes que tocaram, mas o sujeito que impôs essa sandice, certamente não tinha
nenhuma noção de como funciona o soundcheck de uma banda de Rock.
Foi
um fardo fazer isso e ainda tornou-se pior remontar o palco, a tentar
buscar o mesmo ajuste, com a agravante de já haver público presente na casa, e sob a
pressão do relógio.
A tal banda citada era um combo instrumental e
"indie", como sempre ocorre nesse espectro de casas que dizem abrir para o Rock, mas sob uma equivocada perspectiva que nem vale a pena explicar nesta altura, mas que eu já mencionei em capítulos anteriores. Não eram maus músicos no entanto, como
geralmente ocorre, ao se estabelecer uma espécie de praxe do mundo "indie".
Contudo, o seu som era repetitivo, maçante mesmo, e entediou o público que ali comparecera
para ouvir o trabalho do Ciro. Se dependesse de nós, jamais chamaríamos
uma banda nessas características para abrir o nosso show, mas à
revelia, a casa adotou uma postura deselegante da pior espécie, ao desagradar a todos, literalmente.
Enquanto esperávamos pelo término do longo show de abertura (outro aspecto do abuso), ficamos no andar superior da casa, onde funcionava uma mini
galeria de arte. Apreciamos a exposição ali instalada e o artista em
questão estava presente e provocou a conversa conosco, para falar sobre a sua obra etc. Sinceramente eu não me recordo de seu nome e não achei o cartão de
visitas que ele me forneceu à época, para registrar esse evento, com a sua
nomeação.
Encerrado o longo set da banda de abertura, descemos e
tivemos o incômodo trabalho de arrumar novamente o palco, indevidamente
desarrumado por esse empecilho inesperado. Tudo bem que a casa era
muito despojada e havia pouco público presente, mas se assim não o fosse, teria
sido bastante embaraçoso ter que arrumar o palco na presença do público,
ao se considerar que estávamos sem uma equipe de roadies à nossa
disposição...
Continua..
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 19 - Por Luiz Domingues
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