sábado, 17 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 58 - Por Luiz Domingues

Seguiram-se dias de atenção nas ilhas de edição da produtora Casablanca, onde o Eduardo Xocante finalizou o vídeo. Acompanhamos com bastante expectativa, a nos revezar, para não causar tumulto nas dependências da produtora. 

Lembro-me de ter ficado com o Xocante em uma sessão dessas e ali eu o auxiliei modestamente na tarefa, com pequenas dicas sobre sincronicidade de movimentos manuais e labiais dos membros da banda a tocar e cantar ao vivo, para chegarmos perto do real, em relação ao áudio do disco.

Outro assunto que correra paralelamente, foi sobre o festival internacional que participaríamos. O produtor, Marcelo Francis, recebeu-nos para vários encontros, quando finalmente percebemos que o festival estava mesmo concretizado. Contudo, muitos fatores mudaram em relação às conversas iniciais. 

A primeira situação que fora estava descartada, foi em relação à realização no Estádio da Portuguesa de Desportos, conforme a projeção inicial. 

Nessa altura dos acontecimentos, os Mutantes estavam mesmo a voltar oficialmente, mas com a formação baseada ao máximo na original, e não a da fase progressiva, e sendo assim, estavam descartados também. Assim como Alice Cooper e Whitesnake. 

Mas a boa nova foi que o "Uriah Heep" estava confirmado, o que dava-lhe um caráter internacional. E por outro lado, duas bandas de Heavy-Metal nacionais, o "Salário Mínimo" e o "Tropa de Choque" estavam confirmadas. 

Haveria uma terceira banda nacional, que seria o "Exxotica", mas por problemas burocráticos, esta foi descartada logo a seguir. Não tenho nada contra as três bandas, onde aliás tenho amigos, caso do Salário Mínimo e do Exxotica. Admiro a luta de todas e respeito-as. Mas por outro lado, achava equivocadas as escolhas do produtor Marcelo. 

Essas bandas não tinham nada a ver com o Pedra e minimamente a ver com o Uriah Heep. Muito mais conveniente seria alojá-las em num festival de seu nicho, ou a promovê-las como abertura de bandas internacionais condizentes do mundo do Heavy-Metal. 

E poderia ter sido ainda pior, pois o seu assistente queria a todo custo encaixar a banda que produzia. Com todo o respeito, e mesmo a reconhecer que o sonho daqueles garotos era o mesmo de todo mundo que envolve-se na música, eles não tinham condição técnica mínima para tal empreitada, e mesmo que reunissem condições, seria uma disparidade estética ainda maior que as bandas de Heavy-Metal que eu citei acima. Com muito custo o rapaz rendeu-se às evidências, e os garotinhos "emo" de tal banda ficaram de fora do Festival.

Continua...

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