O fato de serem duas bandas amigas, certamente deixou um clima descontraído e prazeroso, a eliminar as tensões típicas de quando lida-se com artistas estranhos. O show foi no Café Aurora e a data em questão: 26 de maio de 2006, uma sexta-feira. Esse foi o primeiro de uma série de shows que fizemos com o Carro Bomba, ao estabelecermos uma parceria sob esforços mútuos e divisão de despesas e lucros.
Pela amizade com os seus componentes que eu mais conhecia, Marcello, Ricardo e o Fabrizio Micheloni, foi um prazer, sem dúvida. Todavia, com a linha artística que eles adotavam, mediante um som muito pesado, eu não achava nada conveniente tocarmos juntos, pois tanto para uma banda, quanto para o outra, eu não enxergava a possibilidade de um público em conjunto ser formado e muito pelo contrário, as disparidades entre as duas estéticas diametralmente opostas, dificilmente agregariam novos adeptos um ao outro.
Pelo contrário, a possibilidade de um aficionado de uma banda
entediar-se com o som da outra, foi grande.
O argumento de que nos anos
1960 & 1970, não havia público fechado em guetos, tribos e o mesmo sujeito
que gostava de Acid-Rock, poderia gostar de Folk-Rock acústico, era cabível
naquela realidade perdida.
Mas os tempos mudaram e dificilmente um fã do Carro Bomba, teria paciência de ouvir uma canção Pop do Pedra, e vice-versa, quem gostava do som ameno do Pedra certamente assustar-se-ia com a volúpia quase metálica perpetrada pelo Carro Bomba.
O clima na montagem, e no soundcheck foi muito agradável, naturalmente. As brincadeiras e a camaradagem em compartilhar equipamento foram ótimas, evidentemente. O nosso técnico de som, Renato Carneiro, não pôde comparecer ao show, mas demos sorte, pois o técnico da casa era muito solícito e competente, ao nos possibilitar uma boa equalização de PA e monitor, dentro da realidade das dimensões do espaço, e equipamento disponível.
O Carro Bomba
tocou primeiro, ficamos em segundo lugar e o Golpe de Estado por ser
muito mais tradicional entre as três, ficou como show principal de
encerramento.
Lembro-me que assisti o show do Carro Bomba, da metade
para o final, assim que voltei ao Café Aurora, depois de ter passado em
casa para tomar banho e jantar. O som deles não era da minha predileção,
certamente, mas fiquei a admirar a técnica dos três componentes, excelente, e a
firmeza que mantinham no palco, pois já apresentavam quase dois anos de
existência nessa altura.
O baixista do Carro Bomba nessa ocasião, Fabrizio Micheloni
Sou um
admirador confesso do baixista, Fabrizio Micheloni, que considero um
virtuose. Se eles fizessem um som menos pesado, certamente o estilo dele
sobressair-se-ia ainda mais, para vir a se tornar uma espécie de Jack Bruce ou
Tim
Bogert brasileiro, mas a opção pelo quase Heavy-Metal que praticavam
naquela fase (e depois disso, a banda ficou ainda mais pesada a
cada disco lançado), explicitou-se nos trabalhos posteriores,
ao não deixar que essa técnica apurada viesse à tona de forma adequada.
Um fato curioso ocorreu durante o show deles...
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário