Enfim,
atraso por atraso, nos resignamos mais uma vez e ficamos a aguardar nas
rodinhas de amigos animadas e reforçadas pela presença do poeta, Julio
Revoredo, e do guitarrista/cantor/compositor, César de Mercês, que
apareceu ao entardecer. Os turcos realmente foram rápidos no seu
número folclórico, e o público demonstrou ter apreciado a dança e a canção tradicional turca dos
rapazes paramentados conforme as suas tradições folclóricas etc.
No entanto, quando eles deixaram o palco, fomos impelidos a montar o nosso equipamento sob uma velocidade
impossível para garantir o mínimo necessário de qualidade, e assim, sob a pressa desmesurada,
tivemos que iniciar o set, mesmo com problemas no amplificador do Kim, e
aquele monitor horroroso e padrão para festivais desse porte.
Contudo,
o pior veio a seguir, quando a mesma moça da produção, com a sua
prancheta em mãos, sinalizou-nos freneticamente na lateral do palco, a dizer
para encerrarmos imediatamente, pois o tempo estava estourado e haveriam
outras bandas a se apresentar... ora, estávamos no começo da segunda música, apenas! Resignado, eu sorri para ela e avisei os
companheiros sobre a solicitação surreal da parte da ("des")produção, e de nada adiantaria ficarmos nervosos
ou indignados, pois mandariam desligar o PA sem nenhum cuidado para
preservar a nossa dignidade artística. Qual a novidade? Quando esse tipo de festival não causa esse dissabor aos artistas?
Talvez
se marcassem menos artistas, o tempo fosse melhor equacionado, mas na
hora de escalar os artistas para os vários palcos, deviam raciocinar
como dirigentes de federações de futebol que sempre desejam formular
campeonatos com mais times do que seria ideal para uma tabela racional etc. Enfim, tocamos duas músicas apenas, sob condições
sonoras bastante desconfortáveis e o tempo em que usamos o palco fora
terrivelmente desproporcional ao tempo em que esperamos a vez de
tocar, na prática. As músicas que tocamos foram: "Sou Duro" e "A Galera
Quer Rock".
Na segunda cançãoque executamos, o Cesar de Mercês entrou sem avisar-nos, e emendou um solo de gaita improvisado e bem interessante. Foi engraçada a entrada repentina dele em cena, pois entrou a correr e sob um momento em que eu estava meio de lado, em direção ao Carinhos Machado, o nosso baterista, pelo canto do olho, vi a sua presença como uma sombra muito rápida a passar e quando me dei conta, já ouvia uma gaita no monitor, apesar da maçaroca sonora perpetrada pela não equalização profissional do som.
Bem, experientes, saímos do palco resignados com o péssimo tratamento dado pela organização do evento, e
dispostos a não estragar o fim do domingo com lamentos, pois tocar em eventos assim,
surpreendem se esse tipo de mal-estar não acontecer e não o contrário...
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