Esse último final de semana nos desgastara em demasiado. Além dos danos
materiais que tivemos com o ônibus em si e as suas constante panes, o aspecto psicológico nos minara.
Tivemos, portanto, uma semana taciturna com a lenta absorção de tal revés, mas os
compromissos (e as contas), urgiam e dessa forma, no próximo final de
semana teríamos um novo show.
Desta feita, no entanto, não seria
uma viagem extenuante, mas um show a ser realizado na grande São Paulo e cidade de
Osasco, para ser específico.
Ao se tratar de uma cidade vizinha,
resolvemos evitar o uso do ônibus, mesmo por que, pela localização do
estabelecimento em questão, seria um estorvo estacioná-lo em pleno
centro daquela cidade, ainda ao se considerar ser perto do paço
municipal, local tradicionalmente congestionado.
Tratou-se do estabelecimento conhecido como: "Taco
& Birra", uma casa noturna, com ares de motoclube, misturado com
salões de Rock ao estilo do Fofinho e a Led Slay, da zona leste de São Paulo.
A
proposta de tocar nesse estabelecimento fora uma dica dos amigos da
banda "Baranga", que costumeiramente se apresentava em bares desse
porte, por conhecerem o circuito todo da grande São Paulo e muitas cidades
do interior. Apesar da Patrulha do Espaço não se encaixar como uma luva em tais
estabelecimentos, como o Baranga se encaixava, nós culminamos muitas vezes em nos
apresentarmos em lugares assim.
Nesse dia em específico,
realmente tivemos a companhia do "Baranga", compartilhando o palco e a
noite. Além das duas bandas, uma terceira banda fez o show de abertura,
chamada: "Nonah". Realmente não sei o significado que queriam dar com esse título,
ainda mais com essa grafia, ao acrescentar uma letra "H" sem propósito
ortográfico formal. Talvez fosse "nona", no sentido aritmético ordinal,
talvez a denotar uma evocação à avó italiana de alguém, ou mesmo algo
cabalístico, místico ou coisa que o valha.
E não me recordo do som dos rapazes para deixar um parecer digno, portanto, prefiro não dizer nada nesse sentido.
Após
o show do Baranga, com aquela energia Rock'n' Roll e permeada pelas
loucuras cênicas da parte do Deca e do Paulão, sobretudo, nós tocamos, e devo dizer que foi um
show com bastante energia.
Foi um público com intenção Rocker, não vou dizer
que não, mas apesar dessa sinergia presumida, eu saí do palco com a
impressão de que haviam poucas pessoas que realmente tiveram noção da
história e das tradições da Patrulha do Espaço.
Foi um público caloroso e
atento, é verdade, mas no semblante da maioria, pareceu ser nítida a questão que eu
levantei acima. Não que isso nos incomodasse além da conta. O Junior,
pela sua enorme experiência, ignorava e eu, também, mas cabe como
reflexão certamente.
Foi, de certa forma, interessante deparar-se com um público
Rocker, que não necessariamente, apesar disso, tivesse a noção exata de
quem éramos e o que representávamos. Ouso dizer que tal situação foi
inusitada outrossim, pois eu, particularmente, não me imagino a assistir uma banda
dos anos sessenta, mesmo que não tivesse ficado mega famosa na época,
sem no mínimo ter uma noção de onde ela vem, de quem foi contemporânea
etc. Portanto, soara-me bastante exótica a perspectiva disso vir a acontecer com a Patrulha do Espaço, e de fato, tal fenômeno ocorreu várias vezes.
Um fator seria tocar para um público não acostumado com shows de Rock, onde
se espera a perplexidade diante de uma sonoridade com a qual não estavam acostumados de forma alguma. Outra bem diferente e surpreendente, eu
diria, foi deparar-se com plateias supostamente Rockers, mas sem muita noção do
tempo/espaço, dentro de seu próprio nicho de interesse e atuação. Foi o caso que tivemos no "Taco & Birra", de Osasco-SP.
Tratou-se
de um bom show, não tenho queixas, aliás, a hospitalidade dos responsáveis foi notória, a destacar-se a persona de Paulo Callegari, este sim um Rocker com muito discernimento do que é o Rock, mas por outro lado, se tornou exótico
perceber nitidamente que a maioria dos presentes não dimensionaram
corretamente o que representara a Patrulha do Espaço. Tal show
ocorreu no dia 2 de março de 2002, e haviam cerca de duzentas e vinte pessoas presentes no interior dessa
casa, não o suficiente para superlotá-la, mas estava bem cheia, eu diria.
No
pós-show, duas ocorrências não necessariamente a ver com a banda ocorreram, mas
dignas de nota: uma presença ilustre e inesperada, na figura do baterista Ivan
Busic, do Dr. Sin, apareceu para nos cumprimentar e uma moça que
aparecia com regularidade nos shows da Patrulha do Espaço nessa época e que quase
tivera uma participação como assessora da produtora, Sarah Reichdan em
algumas situações entre 2001 e 2002, apareceu no recinto com a edição da
Revista da Folha de São Paulo em mãos, e a conter a sua foto na capa da publicação.
Como
tal revista era encartada na edição de domingo, mas a partir do final da
tarde de sábado já se encontrava à venda nas bancas, ela já estava com
a edição em mãos. Tratou-se de uma matéria sobre adolescentes
que tinham fixação por algum assunto em específico e ela participara
nesses termos, ao conceder entrevista para falar que gostava de aparecer em
programas de auditório da TV aberta. Em suma, uma bobagem, mas que lhe
rendera os tais quinze minutos de fama, preconizados pelo Andy Warhol no decorrer dos anos sessenta.
O
próximo compromisso da nossa banda dar-se-ia no interior de São Paulo, novamente, e seria a hora para
exorcizar o demônio da semana anterior, quando da incidência de tantos dissabores que tivemos.
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 194 - Por Luiz Domingues
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