sábado, 3 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 43 - Por Luiz Domingues

Ainda com o Alex na banda, havíamos recebido o convite para conversarmos com o tal produtor sugerido pelo Luiz Lucas. Tratou-se outrossim de um rapaz chamado: Marcelo Francis, ex-guitarrista da banda de Heavy-Metal, Harppia. 

                 O Guitarrista e produtor musical, Marcelo Francis

Por ele ser músico, deu-nos uma prévia esperança de que pelo menos por ser alguém do ramo, fora um sinal positivo e assim, melhor que um aventureiro como muitos que se colocam a produzir shows de Rock, por aí, sem experiência alguma para lidar com tal tipo de empreendimento. 

Fomos então ao seu escritório, localizado no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo. Na verdade fora o escritório da empresária , Marlene Mattos, ex-produtora da Xuxa. E de fato, havia vários adereços usados nos shows da Xuxa alojados no local, neste momento usados como decoração do ambiente.

O Marcelo usava uma das salas desse casarão, e recebeu-nos simpaticamente. De início, convidou-nos a participar do Festival internacional que estava a produzir. Seria mesmo calcado nas informações que o Luiz Lucas falara-me em outubro de 2005. Ou seja, ele realmente pretendia contratar dinossauros sessenta-setentistas, e nesses termos nos falou sobre nomes tais como: Alice Cooper, Whitesnake, Uriah Heep e uma atração nacional bombástica: Mutantes, e com a formação progressiva da fase: "Tudo Foi Feito Pelo Sol", onde inclusive disse-nos que estava em contato permanente com o Sérgio Dias, e que este dissera-lhe que a banda estava a ensaiar com Túlio Mourão, Antonio Pedro de Medeiros (Fortuna) e Rui Motta na formação.

Realmente, tempos depois, uma fonte ultra fidedigna contou-me que essa formação estava mesmo a ensaiar e preparar a sua volta aos palcos, mas por pressão de empresários, a posteriori se desmanchou essa ideia, com tal banda a centrar os seus esforços na formação mais próxima da inicial, com Arnaldo e Dinho e também com a intenção de contar com Liminha e Rita Lee. 

Mas isso é desvio de conversa e voltemos ao Pedra, portanto. O nosso objetivo principal foi estabelecer uma negociação a visar que ele se interessasse em nos empresariar, visto estar munido de contatos, implicitamente associado à Marlene Mattos, por exemplo. Mas ele não se mostrou preocupado com essa questão inicialmente, pois o seu foco fora o Festival. 

Sem descartar no entanto abrir uma negociação para o futuro, ao visar essa hipótese, Francis limitou-se a colher a nossa decisão sobre participar do festival. É claro que aceitamos... 

A despeito do Pedra estar ainda a gravar e não ter feito nenhum show nesse período de existência até aquele instante, éramos individualmente experientes, e assim, tocar em um festival com astros internacionais, não nos assustara. 

Pelo contrário, vislumbramos como uma bela perspectiva iniciar as aparições públicas dessa forma, através de um evento de porte e quiçá com a volta dos Mutantes no mesmo espetáculo. 

Francis tinha um assessor que assistia calado a reunião, com um ar blasé. O tal rapaz só mudava o seu semblante quando falava sobre uma banda que estava a produzir. Quem o ouvia a falar, com toda aquela ênfase, pensava ser tal grupo, a oitava maravilha do mundo, mas na verdade, se tratava de uma horrível banda de garotos emo, despreparados para competir até dentro desse universo de ruindade musical atroz e infantojuvenil que estava em voga à época. 

Certamente ele tencionava encaixar os seus protegidos no festival, contudo, se revelara algo inviável obviamente pois em primeiro lugar: tal banda não continha o perfil para tocar com dinossauros setentistas, e em segundo lugar, fatalmente não estavam preparados musicalmente nem para tentar brigar no espectro de bandas formadas por garotos da idade e mentalidade igual à deles. Todavia, na vã percepção desse rapaz, inebriado e sem noção alguma, certamente ele achasse diferente.


Continua...

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