sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 180 - Por Luiz Domingues

O "seu" Wagner, nosso virtual novo mecânico e motorista, nos chamou a atenção para uma pequena monstruosidade que achou no motor. Um dos baldes que o ex-sócio havia usado em dezembro de 2001, estava ali, todo disforme e derretido. Se transformara em uma massa plástica em formato fractal, mas ao contrário do que se pensa de tais formações da natureza, era horrenda, ao se parecer com "o retrato de Dorian Gray", se me permitem uma citação literária/cinematográfica...
E o que significava aquela coisa grotesca? Bem, o nosso ex-motorista esquecera o balde dentro do motor e assim, rodamos por milhares de kilometros, desde então, com o triste baldinho a se transformar em uma matéria plástica disforme. 

Mas o grande problema não era a perda de um balde vagabundo de valor irrisório, mas o perigo incrível que corremos com aquele objeto a derreter dentro do motor e a nos submeter à iminência de um incêndio, e sabe-se lá em que circunstância, portanto a poder até alastrar-se rapidamente e nos colocar em risco de morte, ou na melhor das hipóteses, a nos causar um prejuízo material.

E a constatação evidente: o ex-motorista nunca mais se dignou a checar o nível de óleo e água do veículo, o que segundo o "seu" Wagner, era a praxe diária de qualquer motorista profissional minimamente consciente.
Boquiaberto, nos falou que aquilo era um absurdo e claro que havia a nossa mea culpa nessa história também (pois como donos, mesmo sendo leigos e no trato que tínhamos, a responsabilidade da manutenção ser do ex-sócio), nenhum de nós quatro, membros da banda, se interessou em perguntar que fosse, se o óleo e a água estavam em dia, e esses seriam apenas dois dos itens mais básicos das necessidades do veículo.

De minha parte, confesso que eu tenho horror à manutenção de autos. Sei o básico do básico sobre o assunto, como usuário, e irrita-me profundamente tal assunto. O que dizer então sobre a manutenção de um ônibus?

Bem, feita essa constatação toda, escapamos de um incêndio e após o balde ter se alojado ali, continuamos a viajar pelo interior, voltamos para São Paulo, fomos de novo ao interior e voltamos, viajamos ao Rio Grande do Sul e voltamos, ou seja, foram pelo menos cinco mil kilometros, sob uma livre, sem calculadora.

Então, o "seu" Wagner prontificou-se a trocar o óleo e alguns filtros, gratuitamente, já a agir como se fosse o nosso mecânico e só a pedir para comprar o material. E assim ele o fez, mas sem deixar nenhum balde em seu interior. Acertamos um valor, e ele conduzir-nos-ia para o interior de São Paulo, sendo a sua primeira viagem, portanto. Já entrosado conosco, nos pediu para o chamarmos pelo apelido que tinha: "Alemão". Viajaríamos no final de semana para Ribeirão Preto-SP, São Carlos-SP e Mirassol-SP, três cidades e três shows.
 Continua...

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