domingo, 4 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 15 - Por Luiz Domingues

Bem, o próximo e bem mais agradável compromisso, deu-se no Espaço Cultural Gambalaia, de Santo André-SP, em 11 de fevereiro de 2013. Muito bem recebidos pela direção da casa, fizemos um apresentação bem animada, com a presença da Renata Martinelli e André Knobl, para reforçar o nosso time, mas infelizmente sem o ótimo, Nelson Ferraresso, para pilotar os teclados.

Uma banda de abertura chamada: "O Livro Ata", apresentou-se. Tal banda fora formada por rapazes com orientação Rocker em torno das estéticas das décadas de 1960 & 1970, e lembrou-me bastante dos meus tempos a bordo da nave da Patrulha do Espaço, onde eu conheci muitas bandas dessas características, principalmente no interior de São Paulo e pelos três estados do sul. Eles estavam entusiasmados com a oportunidade de abrir os Kurandeiros e dessa forma, empenharam-se para divulgar o espetáculo na cidade de Santo André-SP.

O show foi ótimo, com sessenta pessoas presentes, mas ao se considerar as dimensões diminutas do espaço, naturalmente. E assim foi a nossa segunda passagem pelo Espaço Cultural Gambalaia, em 11 de fevereiro de 2012. Ainda nesse mês de fevereiro de 2012, os Kurandeiros de Kim Kehl se apresentaram mais duas vezes.

No dia 15, ou seja, a quarta-feira posterior ao show no Gambalaia, voltamos à tradicional apresentação mensal no palco do Magnólia Villa Bar, da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Com a presença de Renata Martinelli e André Knobl, para reforçar o trio original, tocamos em mais uma noitada de Blues e Rock'n' Roll.
Na segunda foto, vê-se a presença do guitarrista, Claudio "Urso" Camargo (ao fundo, a usar camiseta branca), que apareceu para participar sem nos avisar previamente. Lamentavelmente, ele viria a falecer pouco tempo depois, vitimado por um ataque cardíaco fulminante 

Sobre essa data em específico, lembro-me de termos posado para uma foto, que culminou em ser usada como promocional, com essa simpática formação como quinteto, a contar com a presença dos ótimos, André e Renata. Só faltou o excelente tecladista, Nelson Ferraresso. E três dias depois, estávamos de volta ao palco do The Pub, da Rua Augusta. 
Com o mesmo quinteto, enfrentamos a longa noite do The Pub, uma casa sempre a receber um público bom, mas onde era necessário tocar bastante, para entreter a noite inteira. Inevitavelmente, fazíamos no mínimo quatro entradas, às vezes cinco, o que tornava a apresentação, bem cansativa.
"O Jogador" em apresentação no The Pub, em 18 de fevereiro de 2012.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=05kTKWntFEI

Entretanto, houve a compensação, que viera na forma de um tratamento bom, e um cachê bem razoável.
"Little Red Rooster" nessa noite do The Pub.

O Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=U-4sTHc6jDc

O próximo show, seria mais animador, em tese pelo menos... 
Por intermédio da produtora musical, Sandra Marques, estávamos agendados para realizar um show 100% autoral, em uma outra casa localizada na cidade de Santo André-SP, no ABC paulista.
Foto do momento pós-show, no Central Rock Bar de Santo André-SP, em 14 de abril de 2012. Da esquerda para a direita: rapaz não identificado, Kacau Leão (fotógrafa), Kim Kehl, Sandra Marques (produtora do show), Carlinhos Machado e eu, Luiz Domingues

Foi marcado então mais um show de características eminentemente autorais, um bálsamo para os Kurandeiros de Kim Kehl, apesar da resignação da companhia em relação às atuações híbridas, com os inevitáveis covers em casas noturnas.
Outra foto do pós-Show, com os componentes da banda: Capitão Bourbon que tocaram na abertura da noite 

O show realizou-se no Central Rock Bar, em Santo André-SP, no ABC paulista, e haveria uma banda de abertura, chamada: "Capitão Bourbon". O show ocorreu no dia 14 de abril de 2012, um sábado, e foi intenso por acontecimentos no palco e nos bastidores. No camarim, o Kim falou comigo e Carlinhos Machado (tocamos como trio naquela noite), sobre um assunto muito delicado. 
Ocorreu que ele estava a enfrentar um problema de saúde, e dessa forma, avisou-nos que mediante conselhos médicos, teria que submeter-se a uma intervenção cirúrgica, e que o pós-operatório seria marcado pelo repouso absoluto, ao fazer com que as atividades dos Kurandeiros observassem tal questão por um período indeterminado.
Ficamos consternados, pois sabíamos que ele estava com esse problema, mas não suspeitávamos que seria tão grave, ao ponto que requeresse intervenção cirúrgica e tratamento rigoroso a posteriori.

Claro, demos todo o apoio moral possível naquele momento, mas o nosso sentimento de impotência diante da situação foi inevitável, pois nada podíamos fazer para amenizar a situação do nosso amigo.
Enfim, após esse comunicado dramático, subimos ao palco para fazer o melhor show possível, apesar de termos ficado muito abalados com a notícia.

A banda de abertura tocou muitos clássicos do Rock dos anos cinquenta, ao surpreender-nos positivamente. E os seus membros eram rapazes novos e muito entusiasmados com a nossa presença, ao denotar uma reverência que nos alegrou bastante, para amenizar um pouco o dissabor pela notícia que o Kim nos passara momentos antes no camarim. O show deles foi bem energético e sem dúvida que criou uma atmosfera positiva para a nossa apresentação.

De fato, apesar de abalados pelo aspecto já citado, fizemos um show muito bom, 100 % autoral, fator que sempre nos animava mais. O Kim, tocou, cantou e fez a sua habitual performance como um entertainer, muito divertida, como de hábito.

Outra ocorrência digna de nota, foi por conta do público. Foi uma plateia bastante reduzida, infelizmente, que preocupou a produtora, Sandra Marques, super solícita e sempre animada, mas mesmo com os seus esforços de divulgação, o público Rocker do ABC, não compareceu de forma compatível ao que desejávamos. Todavia, um fato curioso ocorreu, mesmo com apenas quinze pessoas na plateia. 

Três sujeitos com atitude um tanto quanto agressiva, entraram na casa, já com o show em andamento. Em um dado instante, nos encaravam de uma forma acintosa, quase que a estabelecer uma postura ofensiva, quando se aproximaram e tiveram a atitude de bem perto do palco, nos encarar ostensivamente, com os braços cruzados a denotar uma atitude desafiadora. Fiquei em alerta, ao pensar ter sido uma provocação explícita, e na minha imaginação, lembrei-me da fama das cidades do ABC em relação à atuação de gangues formadas por Punks, Skinheads, headbangers e outras, em épocas passadas, e quem sabe aquilo sinalizasse algo do gênero.

Paralelamente, Também ponderei ser possivelmente um enorme exagero da minha parte, pois o Kim continuara a tocar e cantar sem aparentar nenhuma preocupação, e tampouco o Carlinhos sinalizava algo nesse sentido. Então, continuamos a tocar sem nenhum problema, apesar desse tipo de manifestação estranha da parte desses rapazes. Ao final do show, uma surpresa e tanto aconteceu: os três sujeitos, foram os que mais aplaudiram, ao demonstrarem o seu apreço ao show, e não foi uma atitude de deboche, de forma alguma.
Conclusão : as aparências enganam!

Foi no dia 14 de abril de 2012 e daí, um novo show dos Kurandeiros demoraria bastante para acontecer, devido aos problemas de saúde que o Kim enfrentou. Mas nesse ínterim, mesmo ainda debilitado, ele produziu novidades para a banda, e eu tive o prazer de colaborar, ao efetuar as minhas primeiras gravações como membro dos Kurandeiros, fato que comentarei a seguir.

Continua...  

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