quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 20 - Por Luiz Domingues

No domingo, dia 19 de maio de 2013, estávamos marcados para entrar no palco, às 17:00 horas. Cheguei bem antes, no entanto, pois já tinha a experiência de ter tocado três vezes nesse evento, uma com a Patrulha do Espaço e duas vezes com o Pedra (respectivamente, 2001, 2006 e 2008). E munido dessa experiência pregressa, eu sabia que estacionar o carro nas ruas do bairro nesse dia, era muito difícil pelo enorme quadrilátero interditado pelo CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). No entorno, estacionamentos particulares triplicavam ou até quadruplicavam as tarifas, ao estabelecer uma exploração oportunista, mas previsível.
Portanto, ou o motorista se submetia à essa extorsão, ou pararia mais longe ainda. Optei pelo plano "B" e mesmo assim, foi difícil achar uma vaga no outro lado da Avenida Pompeia, com todas as paralelas e transversais ocupadas por motoristas que tiveram a mesma e não tão original ideia que eu tive. Resultado: eu fui achar uma vaga lá na Rua Raul Pompeia, e mesmo assim, tive que fazer uma ginástica contorcionista, pois esta não era muito adequada para o tamanho do meu carro. Fui a caminhar então para o palco onde tocaríamos. Não foi no palco Rock, que tradicionalmente é montado na Rua Caraíbas, no quarteirão entre as Ruas Venâncio Aires e Padre Chico. Tocaríamos no palco da Rua Tucuna, também na mesma altura, entre Venâncio Aires e Padre Chico.

Apesar de não ser o palco mais concorrido, também estava recheado por bandas de Rock, ao se parecer uma extensão do palco Rock situado dois quarteirões adiante, de forma paralela. 

Fui o primeiro a chegar, graças ao exagero de meu zelo, mas pelo menos eu estava ali a postos e com meu carro parado em uma vaga segura e longe de multas. Fiquei quieto ali apenas a observar os movimentos, quando vi uma mocinha munida de uma prancheta na mão, e expressão facial de estar muito nervosa. Bingo...é claro que se tratava de uma produtora do evento. Fui apresentar-me e lhe perguntei sobre o andamento do cronograma do evento. Foi óbvio que estava tudo atrasado e bandas programadas para ter tocado muito antes, ainda aguardavam a vez de subir ao palco.

Pragmático, fiquei tranquilo, pois sabia não adiantava ficar apreensivo. Apenas resignei-me e voltei ao ponto onde estava, a observar o vai e vem de bandas a se preparar para entrar em cena, e outras esbaforidas, a sair do palco.

Estava ainda sozinho, quando avistei um rosto conhecido na multidão. Demorei um pouco para sinalizar, mas ele antecipou-se e veio em minha direção. Ainda estava no meio da pista quando já sorria ao me fitar, e se tratara da persona do Dr. Nelson Maia Netto, o chamado: "professor", figura que tornou-se um agregado de minha antiga sala de aulas e cujas histórias, são contadas detalhadamente no capítulo homônimo, "Sala de Aulas", no bojo desta autobiografia.

Coincidência pura, ele, Nelson, estava a morar naquele quarteirão da Rua Tucuna, quase na esquina com a Venâncio Aires. Não o via desde 2005, aproximadamente, quando perdemos contato, por alguns anos. Enfim, passada essa surpresa, ele recolheu-se à sua residência, e eu continuei a esperar pelos companheiros. 

O guitarrista, Phil Rendeiro, já foi membro fixo d'Os Kurandeiros, e nos últimos tempos tem sido um participante sazonal, mas sempre importante e bem-vindo à banda.

Foi quando chegou, Phil Rendeiro, guitarrista. E logo a seguir, vi o carro pilotado por Lara Pap a estacionar (claro que ela foi convidada a sair dali pelos agentes do CET, logo a seguir), contudo, a trazer consigo uma pessoa a mais, além do Kim Kehl.

Fui apresentado então ao tecladista/cantor e gaitista, Claudio Veiga, que também atendia pelo apelido de: "Cazão". Fora uma surpresa total para mim, mas o Kim o convidara para atuar conosco, para tocar teclados conosco, e seria uma intervenção curiosa em minha percepção, pois eu nunca, na minha carreira toda, havia tocado com um tecladista que usasse um "Moog Liberation", ou seja, um sintetizador portátil usado pendurado no ombro, ao estilo de um instrumento de cordas, como guitarra, baixo e similares. 

No espírito de improviso que caracterizava o trabalho d'Os Kurandeiros, não achei nada demais o rapaz participar sem ensaios, pois além do mais, tocaríamos poucas músicas, e todas com harmonia fácil, calcada no Blues clássico de três acordes. Antes de nós sermos chamados ao palco, ainda teve tempo para me confraternizar com o poeta, Julio Revoredo, que se deslocara de sua residência no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, só para nos prestigiar.

Ficamos sob numa animada roda de conversa, quando o Claudio Veiga rapidamente se entrosou conosco, e simultaneamente à nossa boa conversa, a banda "Quasar" estava a tocar no palco. Eu já havia ouvido falar dessa banda e detinha informações elogiosas sobre o tecladista de tal grupo, que muitos músicos amigos já haviam me fornecido. De fato, fiquei bastante impressionado com a atuação do rapaz, que aparentava ser bastante jovem, mas tocava na escola antiga de tecladistas setentistas de Hard-Rock e Progressivo, ou seja, com extrema técnica e uma performance irretocável.  

Foi quando aquela mesma produtora jovem da Feira nos abordou para nos fazer um pedido extra.

Continua...

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