sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 176 - Por Luiz Domingues

Trato feito, voltamos para São Paulo para nos recompor. Deixamos os nossos roadies a guardar o equipamento e instrumentos e retornamos no final da tarde, prontos para o combate. Não seria um show de Rock tradicional da Patrulha do Espaço, mas praticamente um ensaio aberto e remunerado.

Nesses termos, chegamos preparados psicologicamente para enfrentarmos a situação adversa de uma forma ainda mais tranquila, no sentido de que o fator surpresa e/ou estupefação pela reação exótica dos estudantes, não surpreender-nos-ia novamente.
Todavia não fugiríamos do fator surpresa em 100%, pois ao contrariar as nossas previsões, nessa segunda apresentação, muitos alunos prestaram atenção no show, e apesar de ser um evento fechado, o rumor de que a Patrulha do Espaço estava na cidade, correu por São Caetano do Sul e cidades vizinhas do ABC, e dessa maneira, alguns fãs da banda apareceram, e a direção da universidade foi simpática por liberar a entrada para pessoas fora do âmbito estudantil. Enfim, foi uma apresentação bem mais animada, com quase a normalidade de um show tradicional da banda.
Sendo assim, poderíamos até comemorar o fato de que fizéramos dois ensaios abertos e remunerados no mesmo dia, em uma oportunidade que surgira inesperadamente e para quebrar um hiato de shows que estávamos a viver por conta do fato de estarmos a tentar resolver o impasse sobre o futuro do ônibus.

Por falar nisso, havíamos decidido não usar o ônibus nesse compromisso da universidade. Transportáramos o nosso backline em nossos carros particulares, e houvera sido um tremendo incômodo, devo registrar. Além de estarmos em meio a um clima ruim com o motorista, nesse show em específico, estacionar o veículo seria muito complicado, por conta da ausência de um estacionamento adequado dentro da instituição e dessa maneira, havíamos abortado essa possibilidade.

Mas não contávamos com a hipótese de um segundo show no mesmo dia, e quando isso foi acertado, resolvemos pedir apoio do motorista.
Sendo justo, ele era temperamental e turrão, havia ameaçado nos boicotar em algumas ocasiões em sinal de retaliação, mas na prática, nunca nos deixara na mão, apesar do clima desagradável entre nós.

Então, o convocamos para nos auxiliar nessa tarefa noturna e ele foi solícito, ao sair de uma cidade do outro lado da região metropolitana de São Paulo, no caso, o município de Taboão da Serra, para se deslocar para São Caetano do Sul, na região do ABC, portanto, a atravessar também a cidade de São Paulo para chegar à São Caetano do Sul, ou a trocar em miúdos, acredito que percorrendo cerca de setenta Km, cento e quarenta com a volta. Entretanto, ele nos apoiou com a sua van, e somente pediu uma ajuda para custear o combustível gasto nessa operação.

Após esse show, o desafio foi resolver a dissolução da parceria com o referido motorista e tomar providências para assumirmos o veículo sozinhos, e assim contratarmos um novo motorista. O tempo urgia e shows já estavam marcados em cidades interioranas paulistas.
Continua...

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