sábado, 3 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 39 - Por Luiz Domingues

O Alex naturalmente ficou chateado, e no calor das argumentações chegou a dizer que estávamos a prover tal resolução por que já estávamos acertados com um outro baterista. Claro, dá-se o desconto pelo nervosismo e mediante uma profunda sensação de contrariedade, as palavras saíram sem pensar. 

O fato é que não tínhamos conversado com ninguém previamente. O que falávamos entre nós três, fora exclusivamente pautado sobre os sinais de descontentamento com as atitudes e a incompatibilidade artística dele, Alex para com o Pedra. Sendo assim, fato consumado de sua saída, tivemos duas resoluções básicas para fazer de imediato:

1) Arrumar um novo baterista e;
2) Solucionar a questão gráfica do CD, em relação à presença do Alex nas fotos e na ficha técnica, visto que tudo esteve encaminhado no sentido dele estar presente como membro oficial.

E mesmo que arrumássemos um novo baterista rapidamente, não teria cabimento inseri-lo no encarte, visto não ter gravado o álbum.

Então, a solução encontrada pelo Rodrigo foi bastante criativa e simples. Ao jogar as imagens em um programa de formatação gráfica, distorceu as imagens do Alex, para transformá-las em fractais multicoloridos e psicodélicos. E na ficha técnica, o incluímos como músico convidado, ao lado de Robson Pinheiro e Caio Ignácio, com uma menção honrosa por ele ter tocado em todas as faixas em comparação aos demais que fizeram pequenas participações.

Ainda a falar sobre a questão da ficha técnica, o Xando acrescentou um poema composto pela sua mãe, que infelizmente já não vivia entre nós, e certamente fora a torcedora n°1 do sucesso musical dele. Achei muito bonito e justo, mesmo por que eu a conheci em vida, e sei que era mesmo uma grande incentivadora da carreira dele.

De minha parte, achei inconveniente começar um trabalho dessa forma, com uma perda em cima da hora, no momento de um lançamento de disco, ainda por cima do primeiro. Não foi certamente a maneira que achei a ideal e contrariava a calma que tivéramos ao lapidar o trabalho por quase um ano e meio, sem fazer shows, sem alardear nada incisivamente. 

Portanto, foi uma lástima que um trabalho feito com essa calma e carinho, tivesse um revés assim com o seu produto ainda a borbulhar na fornalha. Claro que o Xando e o Rodrigo pensavam o mesmo, e incluo o nosso quinto (ou melhor, quarto, naquela circunstância), membro honorário, Renato Carneiro nesse rol, também. Mas o destino jogou-nos nessa encruzilhada, e só restou-nos tomar uma atitude drástica em prol do bem comum do trabalho.

Continua...

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