Em particular, um veterano critico musical que conhecíamos desde os anos oitenta, disse-nos que ficara impressionado com a diversidade sonora do trabalho, e também com a criatividade do encarte com inserções psicodélicas, e fotos com "atitude".
Nesse quesito, acho que a necessidade foi realmente a mãe do invenção como dizia Frank Zappa, pois tudo em relação ao encarte foi precipitado pela urgência de se definir um caminho e sobretudo pelo improviso, onde Rodrigo Hid teve o mérito de esforçar-se nesse sentido.
Cabe aqui uma menção honrosa. Esqueci de mencionar, mas uma figura importante na conclusão desse lay-out final, que foi a do web-designer e baixista, Fábio Mulan. Graças a ele, toda a formatação do texto, em termos de tipologia e diagramação, foi agilizada.
E o próximo show esteve definido, pois aconteceria em uma casa noturna chamada: "Blackmore", localizada no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo.
Para quem não conhece São Paulo, o "Blackmore" era mesmo uma referência explícita ao guitarrista do Deep Purple, Ritchie Blackmore, e a casa mantinha uma tradição de protagonizar shows de Hard Rock e Heavy Metal, predominantemente, e até já promoveu shows internacionais (de memória, lembro-me de Joe Lynn Turner, ex-vocalista do Rainbow e com passagem rápida pelo Deep Purple, Nicky Simper, primeiro baixista do Deep Purple, e John Lawton, Ex-vocalista de duas bandas seminais do Hard-Rock europeu: Lucifer's Friend e Uriah Heep).
Novamente dividiríamos a noite com o Carro Bomba e fizemos um esforço interessante de divulgação, inclusive com inserções de chamadas radiofônicas, e um bonito cartaz que compusemos, bem colorido à moda psicodélica dos anos sessenta.
A casa continha uma estrutura boa de palco, som e iluminação e dessa forma, mesmo sem a presença de nosso técnico, Renato Carneiro, estávamos seguros de que entender-nos-íamos com o técnico do estabelecimento, e faríamos um bom show, como houvera sido no Café Aurora.
Foi um dia útil, mas como estávamos a viver época de Copa do Mundo, o clima nas ruas foi de dias úteis relaxados, com aulas suspensas, comércio a trabalhar em ritmo brando etc.
Eu estava com um problema familiar já há alguns meses, com o caso de uma prima minha muito doente. O vai e vem ao hospital houvera intensificado-se desde março daquele ano de 2006, mas o que eu não imaginaria seria passar por uma situação limítrofe, bem no dia do show no Blackmore.
O pior aconteceu, infelizmente, e na madrugada daquele dia do show, a minha prima faleceu, e com os meus outros primos, irmãos dela, a morarem fora de São Paulo, eu tive que tomar a dianteira das providências funerárias, para auxiliar os meus tios, idosos e abalados, naturalmente.
E eu também estava em frangalhos, pois apesar do estado dela nos últimos tempos ter degenerado-se ao ponto de não termos outra esperança, o choque da perda sempre atordoa e machuca, fora o fato de ter sido uma prima com quem eu mantivera uma estreita relação fraternal desde a infância, portanto, foi um soco no estômago.
Em suma, pois não quero, e não vou entrar em detalhes aqui, obviamente, mas o fato é que o funcionário do hospital ligou-me por volta de 1:30 hora da manhã para comunicar o ocorrido, e dali em diante, passei a madrugada a cuidar dos trâmites e a emendar no velório.
Não pude acompanhar a cerimônia do crematório, pois seria realizada no final da tarde, quando eu teria de estar no Blackmore, a realizar o soundcheck. Pedi desculpas aos meus tios e primos, minha mãe, irmã e demais parentes e amigos da família presentes, e parti então, com a compreensão de todos.
Claro, o cansaço foi imenso, mas fatalmente eu recuperaria após uma boa noite de sono. Contudo, o fato foi que eu estava bem abalado com essa perda, e assim, tive que fazer um esforço extra para não prejudicar a minha performance pessoal, tampouco a da banda, em meio ao drama familiar que enfrentava. Foi difícil, mas dei o meu melhor naquela noite.
Todas as fotos deste capítulo, são de Grace Lagôa, com exceção da foto de Marinho "Rocker", extraída do banco de imagens da Internet.Continua...
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