Com isso, tivemos que descer um declive acentuado de gramado, visto que a tal entrada era recuada da calçada, e quando nos aproximamos do portão, fomos informados pelos funcionários que o ônibus não entraria, pois logo adiante do portão, havia uma escada que já dava acesso ao ginásio poliesportivo, onde aconteceria o show. Dessa forma, tivemos que estacionar o ônibus na proximidade do portão e fazer o descarregamento ali, com os roadies a enfrentarem o declive e uma escada perigosa a seguir, caminhar por toda a quadra, e finalmente atingirem uma outra escada, para suspender o equipamento no palco de altura bem alta (acredito que mais de dois metros do chão).
Além desse esforço hercúleo, o tempo urgia. Tínhamos pouquíssimos minutos para arrumar o palco, tentar fazer um soundcheck muito básico, e nos arrumarmos para o show. Os técnicos de som e iluminação contratados pelo Sesc, foram solícitos e bastante camaradas em nos auxiliar para termos um soundcheck mínimo, ainda que o tempo estivesse esgotado e os funcionários do Sesc, aflitos para abrir o portão principal, e deixar o público que estava impaciente na rua, entrar.
Contudo, mais um desastre nos aguardava... essa etapa da turnê não seria marcada somente pela inundação de Ribeirão Preto, infelizmente!
Isso por que ao estacionarmos o ônibus, com a dificuldade de se estacionar aquele bólido em uma ladeira íngreme e principalmente ao se levar em conta o fato de que não tínhamos o "manequinho" (freio de mão de ônibus e caminhões) em ordem, nós usávamos nessas circunstâncias um calço muito forte e manufaturado especificamente para essa função, com formato anatômico ao pneu de n° 900 (carros de passeio geralmente usam o 175).
De maneira muito imprudente, quando o "seu" Wagner solicitou que alguém colocasse o calço, com ele a segurar o carro no freio de pedal, o Marcello prontamente se voluntariou realizar tal tarefa. Poderia ser qualquer um de nós e geralmente era o roadie Samuel Wagner, ou eu mesmo, Luiz, que fazia isso, mas naquele dia o Marcello se antecipou e apanhou o calço, que ficava sempre colocado perto da poltrona do motorista. Eu estava dentro do ônibus, preocupado em apanhar as malas pessoais de todos, quando ouvi um grito horripilante!
O ônibus descera um pouco e esmagara a mão do Marcello entre o calço e o enorme pneu! Por uma fração de segundos pensei: a sua mão está arruinada para tocar, que desgraça!
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