Como nós havíamos concedido entrevista recente a esse simpático jornal, a editora, Denise Delfin, afeiçoou-se à nós e nos convidou para tocarmos em uma data no final de julho no Teatro João Caetano, um ótimo e muito tradicional teatro da prefeitura, situado no bairro.
Seria um show gratuito, com a intenção de se arrecadar agasalhos para instituições de caridade, com produção da subprefeitura da Vila Mariana e apoiado pelo jornal: "Pedaço da Vila". Claro que aceitamos participar pelo caráter nobre e pela oportunidade de fazermos um show em um teatro bem estruturado, onde fatalmente usaríamos a ocasião para filmar e fotografar a banda com condições sonoras e visuais bem positivas. Convidamos o Carro Bomba para participar, ainda naquele espírito de cooperação entre bandas amigas que estávamos a adotar desde os nossos primeiros shows.
Sprada e Carneiro, os dois Renatos!
Contatamos o nosso técnico, Renato Carneiro para operar o som, mas este estava na estrada a operar a dupla sertaneja, Zezé Di Camargo & Luciano e sendo assim, recorremos ao outro Renato, o Renato Sprada. A nossa grande aspiração nessa época, era entrar em turnês a contar com os dois, mas isso nunca viria a acontecer, infelizmente.
Fomos ao local da apresentação, dois dias antes do evento e uma comissão do teatro e da subprefeitura recebeu-nos, mas eu notei que eles não dimensionavam as nossas necessidades estruturais.
Enviamos-lhes mapa de palco, rider técnico e imput list elaborado pelo Renato Carneiro, minucioso, que os assustou. Acho que esperavam uma banda despojada, que tocaria com um PA simplório e plugada em amplificadores "cubo" de quinta categoria. No dia do show, o equipamento que pedimos estava lá, mas após uma cansativa espera, os técnicos terceirizados simplesmente entregaram ao Renato Sprada o PA a funcionar em mono!
Inacreditável, um lado do
equipamento não estava a funcionar, e os responsáveis pareciam estar a fazer
corpo mole para resolver a questão. O técnico,
estava completamente embriagado, e começou a destratar o Renato, que
não aceitou o tratamento vil, e então, passou-nos a situação.
Com o nosso backline prontamente armado, o palco estava lindo.
Parecia o
Rainbow Theater de Londres nos anos setenta, a esperar por uma grande
banda (há uma filmagem a mostrar tudo isso e inclusive os momentos
tensos com os energúmenos do equipamento de PA terceirizado a nos atormentar, mas não postada no
YouTube, ainda, em 2016).
Estávamos animados para cumprir o espetáculo, quando o Sprada tomou a decisão de cancelar o show, devido ao PA a funcionar capenga, pela metade. Um bate boca foi instaurado, e até o subprefeito da Vila Mariana entrou na história, ao ligar e pressionar-nos para que tocássemos assim mesmo, sob a punição de ficarmos marginalizados ad eternum no âmbito das produções culturais municipais em geral, e leia-se a então muito cobiçada "Virada Cultural" entre elas.
Leigo,
esse político deve ter achado "frescura" ou "estrelismo" de nossa parte. O Carro Bomba
também acatou a decisão do Sprada e assim desmontamos o palco todo.
Quando o equipamento das duas bandas já estava inteiramente dentro dos carros, o (ir) responsável técnico bêbado apareceu a correr na rua e nos disse que o PA estava a funcionar em stereo e que nada daquilo fora necessário e que dessa forma, nós havíamos errado em cancelar.
Estrategicamente ele esperou tirarmos a última peça do palco para operar o
"milagre" de fazer o PA funcionar corretamente, ou seja, estava deliberadamente a nos afrontar, acintosamente.
Ora, foi
nítido que o sujeito nos boicotou a tarde toda a se fingir de bêbado
desentendido por que melindrara-se com o fato do Renato Sprada ter sido
designado para operar o som e não ele.
Foi frustrante ao extremo, mas como consolo, houve o fato de que já aproximava-se a hora do espetáculo, e uma quase nula presença de público, a não ser alguns amigos das bandas estavam a chegar ao teatro.
E ainda ficamos com a má fama indevida, pois a editora do jornal
contou-nos que
as pessoas ligadas ao teatro e à subprefeitura tomaram-nos por
arrogantes no dia em que entregamos-lhes listas técnicas, e sobretudo
pela conversa do Xando, que contou-lhes sobre o momento da banda.
Ao
dizer-lhes que tínhamos uma música em execução na programação da emissora Brasil 2000 FM,
eles tomaram isso como soberba, e depois ficaram a comentar entre si e erroneamente
por sinal, que nós éramos arrogantes, por que botamos banca de sermos
"patrocinados" por uma emissora de Rádio. Ora, não éramos patrocinados por
ninguém, apenas tínhamos uma música a tocar na programação dessa
emissora. Em suma, a ignorância para interpretar um simples texto é notória
neste país. Aconteceu no dia 27 de julho de 2006.
Depois desse episódio frustrante, tivemos o nosso foco voltado para a filmagem da parte dramatúrgica do novo vídeoclip. Com
a possibilidade descartada de se usar o topo de um edifício para filmar a banda
a tocar, fechamos na ideia de filmar durante um show real, e
foi o que aconteceu no Centro Cultural como eu já descrevi.
Quando eu cheguei ao endereço, por volta do meio-dia, a casa já estava em alvoroço, com toda a equipe técnica a trabalhar desde as seis horas da manhã.
E dessa forma, várias cenas do casal já haviam sido filmadas e inclusive algumas tomadas do Xando a interagir com o ator, Daniel Alvim, na cena onde os dois aparecem a tocar guitarra e rirem.
O meu primo, Emmanuel Barreto esteve junto a filmar muitas cenas dos bastidores da filmagem e foi surpreendido, pois o Xocante o convocou de improviso a participar de uma cena, como figurante, o que valeu também para o roadie, Daniel Kid e Lu Vitaliano, então esposa do Rodrigo. Mais fácil para ela, Lu, contudo, que era (é) atriz profissional.
Nessa cena, a simular um jantar que o casal realizou para receber amigos, eu e Ivan participamos como figurantes, além do Emmanuel, Daniel "Kid" e Lu Vitaliano, como eu já mencionei.
Foi uma cena muito divertida de se fazer, pois a ideia foi mostrar uma constrangedora briga do casal na frente dos convidados.
Emmanuel Barreto e Luiz Domingues, nos bastidores dessa filmagem
Teríamos que comer de forma convincente, mas quando eu olhei para a macarronada preparada com aquele molho recheado com carne, eu tive problemas e fiquei a enrolar, só a mexer no garfo para lá e para cá. Para quem não sabe, sou vegetariano e não daria para enfrentar uma mastigação real. Logo na segunda tomada, o pessoal da filmagem percebeu o meu constrangimento nesse sentido, mas tirante uma ou outra brincadeira, nós seguimos em frente. O meu primo, Emmanuel não se fez de rogado e almoçou realisticamente.
Foi até engraçado, pois o Xocante orientou o ator, Daniel Alvim, a dar um murro na mesa, no auge da discussão do casal, e quando o fez, todos ficaram com expressão de espanto, menos ele, Emmanuel, que continuou a comer um pedaço de frango com avidez.
Quando o Xocante gritou a voz de comando: "CORTA", todos caíram na risada, e
o Daniel Alvim teve um acesso de riso, por não conformar-se com o ocorrido,
visto que o Emmanuel ignorou a dramaturgia e comeu como se estivesse faminto em um
restaurante.
E outro fato hilário: na discussão improvisada quando o
áudio não importava mais, o ator, Daniel Alvim soltou a frase: -"Vá fritar um
ovo!", para a atriz, Claudia Cavalheiro, que saiu contrariada da mesa, a interpretar,
mas dois passos além da ação da câmera, ela já explodiu em uma gargalhada, que contaminou a todos
no set.
Acompanhamos também cenas da briga do casal na sala de estar da residência e um desdobramento, com a personagem feminina a sair da casa e bater o portão da rua, além de outra, apenas com o ator, a ter um momento solo de angústia no quarto do casal.
Os componentes do Pedra, os atores, o diretor e o produtor executivo do clip, que é o rapaz perto da janela, cujo nome esqueci-me, e não achei em anotações
Já estávamos por volta das 16:00 horas quando o Xocante disse estar satisfeito com as tomadas capturadas em ambiente interno e assim, mediante um comboio de carros, seguimos a van da equipe técnica até a Av. Paulista, onde iniciar-se-iam as cenas noturnas dos personagens a andar separadamente, com sutis interações da banda a caminharem, também.
O Rodrigo Hid, que não participou da cena do jantar, apareceu nessas outras cenas, filmadas na Av. Paulista, a andar fortuitamente em meio à multidão, mas estrategicamente atrás dos personagens, principalmente da atriz, Claudia Cavalheiro, visto que a parte do Daniel privilegiou retratá-lo a andar nervosamente pela avenida.
Nessas cenas da av Paulista, o Ivan também foi convocado a interagir. Além deles, Lu Vitaliano, Emmanuel Barreto e o próprio diretor, Eduardo Xocante, participaram também. A ideia foi andar disfarçadamente atrás da Claudia, a se misturare às pessoas da rua, e assim fingir conversar despreocupadamente.
Geralmente o que falavam entre si foram coisas que liam nas manchetes de jornais e revistas que viam rapidamente de soslaio pelas bancas de jornais. O Ivan não é ator mas detinha experiência com filmagens, pois durante muito tempo fez comerciais de TV, como figurante. Falo mais a seguir...
Continua...
Grande, servi o exército e também estudei com seu primo Emmanuel Barreto, citado nessa postagem do seu blog. Gostaria de retomar o contato com ele. Se você puder, entre em contato comigo através do email caiomartino@hotmail.com, ou então passe meu contato para ele, por favor. Obrigado.
ResponderExcluirCaio Martino
Passei o seu email ao Emmanuel, faz tempo. Tomara que ele tenha te retornado a contento.
ExcluirAbraço!