Criada a indisposição com o sócio-motorista, a relação entre nós já
estava azedada há tempos, essa foi a verdade. Basta o leitor recordar
de vários pontos negativos que eu citei, desde que estabelecemos a
parceria, em meados de setembro de 2001.
Nesse instante, ao chegarmos ao ponto
insustentável, ele queria vender o veículo pura e simplesmente, e usar o
dinheiro para zerar a dívida ainda pendente e referente à sua aquisição, simplesmente
ao dividir um eventual pequeno lucro que viria desse montante. Na
teoria, seria uma solução boa, mas na prática, mesmo que aceitássemos a ideia,
a questão era diferente, pois quem disse, que tencionávamos vender o ônibus de
forma rápida e com direito a uma margem de lucro?
Pelo
contrário, nós compramos um carro velho, mas com aspecto de ônibus de
excursão, em relativa ordem, e agora, graças às nossas necessidades
enquanto banda, o transformáramos em um carro alternativo, com pouco espaço
para alojar pessoas, e mais a se parecer com um trem cargueiro. Portanto, o
valor dele diminuiu ao meu ver em termos de liquidez de mercado, pois
fechara-se para um pequenos grupo de interessados. Neste caso, tais eventuais interessados seriam ou bandas como nós, ou
pessoas que compram carros dessas características para promover excursão de pesca, conforme
descobrimos posteriormente, ao adentrarmos o "universo" dos entendidos em
ônibus velhos...
Sem o carro, teríamos um retrocesso, sem dúvida alguma, ao gastar fortunas para alugar micro-ônibus ou a viajarmos sob um desconforto incrível em vans, e a deixar de usar o backline completo, portanto, a prejudicar a performance sonora da banda nos shows.
Portanto, a nossa predisposição foi a de ficar com o carro, mesmo que isso significasse apertar o nosso orçamento para pagar a parte do rapaz na sociedade que se desfaria, e ainda a assumir o restante da dívida da aquisição e pior ainda, ao também ter que assumir a sua manutenção, local de estacionamento e a ter que contratar um motorista.
Foi portanto uma perspectiva movida por prós e contras, no entanto, um fator foi certo, precisávamos manter o carro naquele instante e após uma discussão interna, resolvemos propor a compra da parte do sócio e ficarmos com o veículo, mesmo ao sabermos que os argumentos contra, foram bem penosos.
Ele, o sócio, surpreendeu-se quando lhe propusemos essa solução final para o caso. Ao denotar que muito de sua atitude mantinha uma intenção política velada de impor o terror e nos deixar à mercê de seu domínio. Com essa atitude de nossa parte, ele assustou-se com nossa intenção de se livrar dele, e ficarmos com o carro.
Em princípio, o rapaz aceitou, mas no decorrer dos dias posteriores, pôs-se a dificultar a aceitação, sob uma clara postura de que desejava tumultuar a negociação ao máximo, ao denotar que não seria o dinheiro que lhe interessava apenas, mas que havia acumulado rancores. Profundamente lamentável, mas só reforçara a ideia de que não era uma pessoa adequada para nos associarmos, e nós já tínhamos problemas demais para administrar, portanto ter que lidar com uma pessoa temperamental na equipe, seria um transtorno a mais.
Curiosamente, no meio dessa negociação penosa, um convite surgiu para dois shows e ainda tivemos que contar com ele. O plano foi assumirmos o carro e já havia uma planificação de shows para o final de fevereiro, a serem feitos no interior de São Paulo, e portanto, o tempo urgira para resolver logo esse impasse, contratar um motorista novo e arrumar uma garagem para o nosso carro. Independente desse imbróglio todo, os dois shows inesperados em questão, renderam histórias e em alguns aspectos, são hilárias!
Continua...
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