O ônibus simplesmente não deu ignição, a dar reinício ao pesadelo infelizmente.
Nessa altura, o destino fizera com que eu estivesse perto novamente do
desastre. Estavam todos a almoçar e alheios ao problema que novamente
nos rondara.
Desta feita, o compromisso que tínhamos era bem mais
longe, em Mirassol-SP, e não teríamos tempo hábil para essa viagem, se não
resolvêssemos essa questão imediatamente.
Como eu já estava envolvido diretamente com esse problema desde o início da madrugada, abri mão do almoço e pus-me a
buscar uma solução prática. Achar uma bateria nova para um automóvel
de passeio seria uma tarefa relativamente fácil, mesmo sendo um domingo em uma cidade
interiorana, mas uma bateria de potência "24" (carros de passeio usam a de "12"),
para ônibus e caminhões, era bem mais complicado.
Fui ao ponto de táxi de uma praça bem próxima ao hotel onde nos hospedamos e e ao perguntar aos taxistas ali presentes, vi que teríamos problemas, pois eles demonstraram dificuldade em dar-me uma resposta rápida. Ficaram a se entreolhar e a conjecturar sobre possíveis lugares onde nós poderíamos comprar uma bateria nova.
Ao citarem três ou quatro nomes de estabelecimentos cujos donos moravam próximos e sob uma emergência poderiam abrir as suas respectivas lojas para efetuar a venda, pareceu ter surgido uma luz no final do túnel, enfim.
Quando os demais membros da banda
tomaram ciência do ocorrido, um nervosismo instaurou-se em nossa comitiva, mas não cabia
fazer reclamações ao léu e sim tomar uma providência prática, fator que
eu estava a tentar fazer.
Nesse ínterim, o "Seu " Wagner já
estava a fazer uma tentativa de recarga mediante o apoio de um
caminhoneiro que havia parado para ajudar. Naquela "conversa de boleia"
que ele sabia tratar com os seus pares, estava também a tentar uma solução. Sem
sucesso, no entanto, da parte dele, prontifiquei-me a ir aos tais lugares citados pelos
taxistas e sem outro meio, contratei corrida com um deles, e a
solidariedade ficara só na conversa, pois o senhor não teve dó de baixar
a "bandeira 2", ao alegar ser um domingo etc. e tal...
Em uma questão de mais alguns minutos, o rapaz já estava ali com uma bateria selada em mãos...
Instalada, enfim, o ônibus deu a ignição esperada e feitas as despedidas e agradecimentos, fomos para a estrada já com a a tarde a se findar. Naquele horário em que partimos, nós havíamos planejado já estarmos em Mirassol, dentro na logística da turnê, mas as circunstâncias não nos permitiram isso.
Não seria possível correr além do limite da estrada para
compensar o atraso, mediante problemas com multas/polícia rodoviária e também para não forçar o carro que estava bem debilitado,
depois de tantos problemas acumulados.
Ligamos para a casa noturna de Mirassol, onde apresentar-nos-íamos e comunicamos
aos seus dirigentes que atrasaríamos, a se dispensar o soundcheck anteriormente combinado.
Dessa forma, se nada mais ocorresse para nos impedir, a perspectiva
melhor possível seria a de chegarmos só a tempo de montar o palco com muita pressa
e iniciarmos o show sem chance para nos recompormos da viagem, jantar e nem
mesmo concluir um soundcheck decente.
Completamente extenuado por
não ter dormido como os demais e também por não me alimentar adequadamente, eu apaguei no
fundo do carro, e só despertei com o movimento do carro a estacionar na
porta da casa onde tocaríamos em Mirassol, e nessa altura, já se fizera a noite profunda, com o horário
muito estourado.
Foi a etapa da azarada da turnê... e em Mirassol, não haveria de ser diferente... pois mais problemas nos aguardavam...
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