segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 182 - Por Luiz Domingues

O local em questão se chamava: Paulistania Rock Bar, uma casa que normalmente promovia shows de bandas cover, mas que também abria as portas para bandas com trabalhos autorais, louvável atitude, portanto. 

Ficava localizada próxima ao viaduto que dá acesso à Avenida Independência, para quem conhece Ribeirão Preto, meu caso em particular, visto ser a cidade natal de minha mãe, e onde eu sempre tive tios e primos a morar. 

Se tratava de uma casa rústica, sem grandes recursos e pelo contrário, apresentava as suas limitações, aliás precariedades, para ser bem sincero. O PA disponibilizado se mostrou bastante inadequado e na base da camaradagem, o pessoal da banda, "Homem com Asas", de São Carlos-SP, além da vocalista da banda, "Senhor X", de Ribeirão Preto-SP, mesmo (Carla Viana), foram fundamentais no apoio, ao nos ajudar com a cessão de equipamentos suplementares para encorpar o equipamento fraco da casa.

A iluminação também deixara a desejar, e o palco se mostrava com uma pequena dimensão, ao deixar a banda sem muita possibilidade de mobilidade cênica, aliás, nenhuma. Todavia, como já havíamos tocado em palcos ainda menores (em São Leopoldo-RS, poucos dias antes, e no Tom Tom Clube de São Paulo, em 2001, por exemplo), aquele não seria o nosso maior desafio. 

A vocalista da banda: "Senhor X", Carla Viana, que é muito boa cantora/performancer, e pessoa gentil ao extremo

A banda, "Homem com Asas" de São Carlos, faria o show de abertura e no dia seguinte, o "Senhor X" de Ribeirão Preto, nos abriria, em São Carlos, com tal inversão a significar uma oportunidade para cada banda tocar na cidade vizinha, e assim poderiam expandir os seus próprios horizontes. Fizemos o soundcheck e na medida do possível, acertamos o melhor som possível naquelas condições de equipamento.

Fãs da Patrulha do Espaço nos abordaram na porta do estabelecimento, na hora em que estávamos a sair do estabelecimento para o hotel, e diziam que administravam um fanzine e desejavam nos entrevistar.
Cansados, com vontade de nos recolher para um banho, descanso e jantar, naturalmente que não fora um momento adequado para conceder uma entrevista. Mas eu prontifiquei-me a ficar, pois sempre tive em mente que o fã tem que receber atenção, pois é o elo que sustenta toda a carreira do artista, sem dúvida. 

Não quero dizer com isso que os meus companheiros não pensassem assim também, mas naquela circunstância, com o tempo escasso, realmente o correto teria sido se despedir amigavelmente dos rapazes, e da moça que compunham a pequena comitiva, e deixar a entrevistada solicitada para um outro momento, no pós-show de preferência, mas eles alegaram que não poderiam ficar, pois não eram de Ribeirão Preto, mas de outra cidade da região e assim, assistiriam o show e teriam que sair rápido do local. O meu "coração mole" agiu e dessa forma, voluntariei-me para atender os jovens... 

Paguei um preço por isso, pois quando eu cheguei no hotel, todos já descansavam, já estavam banhados e o jantar havia sido servido há tempo. Para piorar a situação, descobri ao entrar no meu quarto, que as minhas malas não haviam sido retiradas do ônibus e tal situação tinha que ser resolvida imediatamente. Infelizmente esse imbróglio gerou um pequeno aborrecimento e após uma peregrinação de quarto em quarto, para saber com quem estava a chave do carro, eu tive enfim a oportunidade de reaver as minhas malas. Bem, cenas de uma banda em turnê, confusões assim são rotineiras.

Fomos para o show, enfim, e quando chegamos ao Paulistania Rock Bar, o "Homem com Asas" já estava a se apresentar. Já conhecíamos a banda desde que abrira o nosso show em São Carlos, no ano de 2001, e sabíamos de sua qualidade técnica e bom gosto para escolher um set list versado pelo "classic Rock", mas a privilegiar o "lado B", portanto, apenas para Rockers absolutamente escolados na matéria, poderem reconhecê-los. 

Claro que para nós, foi uma delícia ouvir tal material e tão bem tocado, mas sinceramente, houveram dois aspectos contra nessa predisposição que eles mantinham: 

1) Para o lado prático deles, tocar tantas músicas "não conhecidas", não poderia lhes dar muitas oportunidades para tocar no circuito cover das cidades interioranas, se continuassem a agir dessa forma e...

2 ) Eu ficava frustrado por ver uma banda boa daquelas ao não executar um trabalho autoral de bom nível, fator que eles teriam tudo para empreender. Contudo, claro, isso não foi da minha alçada.

Continua...

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