sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Aula de Tarô - Por Marcelino Rodriguez

Dando aula de tarô para Bernadete, conversamos uns assuntos que creio ser válido, não só para tarólogos, como para qualquer outro tipo de profissional. Aqui parte de nossa conversa, ao telefone:
-- Boa Noite, querida, como vai?
-- Bem, e você?
-- Bem, mas eu quero seus detalhes.
-- Ah, Marcelino! Vamos começar.
-- Já começamos. Saber de você faz parte da aula. Assim como ao atender pessoas, você terá que saber delas, ao máximo. Você sabia que em geral as pessoas escutam, mas não ouvem? Se você falar que é Flamengo, logo a outra fala que é Vasco. Os egos querem sempre se impor e disputar espaço. Mas ninguém escuta ninguém e para atender pessoas, você tem que pensar primeiro nelas, segundo nelas e terceiro nelas. Na verdade, quando alguém disser que é Flamengo, temos que perguntar se isso é bacana, o que ela sente, deixar a pessoa florir suas emoções. Ser um bom ouvinte é que faz um bom terapeuta. Então, atendendo pessoas, temos que estar completamente atentos e delicados com elas, e pra isso é preciso deixar de lado o ego impaciente. Na verdade, em tudo, primeiro precisamos ser delicados, para depois sermos profissionais. Era isso que Vinicius de Morais queria dizer com ser um "monstro de delicadeza". Ao ouvir uma pessoa, ou uma cliente, devemos deixar que ela se sinta a Barbra Streisand. Uma pessoa espiritualmente madura, se coloca sempre em segundo plano.
--- Nossa, não tinha pensado nisso tudo.
--- Claro que não. O professor serve para fazer o aluno alcançar a outra margem da mente. Mais importante ainda do que saber o que significam as cartas, precisamos saber como tratar as pessoas que recebemos. Não só para dar consultas, como em tudo mais. A sensibilidade é mais importante que o conhecimento em si. O mago é sempre aquele que puxa a cadeira para o outro.
Marcelino Rodriguez é colunista ocasional do Blog Luiz Domingues 2. Escritor com vasta e consagrada obra, aqui oferece-nos uma crônica curta, mas intensa, falando sobre a delicadeza que é, ouvir as pessoas, uma qualidade rara, infelizmente. 

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