Luiz Domingues & José Luiz Dinola em ação com A Chave do Sol no início de 1983, no Victória Pub de São Paulo. Foto: Seiji Ogawa
Aconteceu no
tempo da Chave do Sol, entre fevereiro e abril de 1983
Sem dúvida
alguma, a temporada que A Chave do Sol fez na badalada casa de espetáculos,
“Victoria Pub”, entre fevereiro e abril de 1983, marcou o primeiro ponto de
ascensão na trajetória da nossa banda, ao ter sido o pico dessa primeira fase de onde
saímos da inércia absoluta, em setembro de 1982, quando do nosso primeiro show.
E no texto da minha autobiografia, eu relato com detalhes como tudo ocorreu para a
nossa banda nesse instante, a contar alguns casos pitorescos ali ocorridos, mas
muitas histórias ficaram de fora do livro, primeiro por uma questão de espaço,
a visar não alongar mais do que já ficou expresso no decorrer do texto final e segundo, também para
eu poder contar agora tais ocorrências, separadamente.
E ali no
Victória Pub, dada a badalação que acontecia a cada noite, por múltiplos fatores,
foi comum a presença de pessoas proeminentes do mundo artístico em geral, de
atores famosos do mundo do Teatro, Cinema & TV a personalidades do mundo esportivo, dos playboys da dita “High
Society” a jornalistas, empresários
& empreendedores culturais dos mais diversos ramos e pasmem, até políticos,
que enxergavam ali a oportunidade para expandirem os seus conchavos com empresários e
a jovem burguesia paulistana.
Era essa a formação do Tutti Frutti que atuava como atração fixa do Victória Pub em 1983, e com a qual interagimos muitas vezes
Em uuma dessas
tantas noitadas em que ali vivemos, a nossa missão nessa noite fora abrir o show do
"Tutti Frutti" (revezámos toda noite, a abrirmos o Tutti-Frutti ou o "Fickle Pickle"), e mesmo ao nunca termos sido a atração principal, para efeito de espetáculo,
tocávamos em igualdade de condições, com o mesmo equipamento e sem
diferenciação na potência sonora e uso da iluminação, uma prática comum no
mundo do show business, portanto, independente do óbvio maior status e
currículo do velho Tutti-Frutti, quando tocávamos, a pista estava sempre cheia
de gente a dançar e o som e iluminação foram de primeira qualidade.
Nessa noite
em específico, a que refiro-me, tivemos uma surpresa especial, quando vimos uma
pessoa famosa, mas muito mais próxima da nossa relação afetiva Rocker, do que
os atores de novelas e jogadores de futebol, que ali costumavam surgirem.
Ainda
a convalescer do grave acidente que sofrera em 1981, eis que apareceu à nossa
frente, a figura de Arnaldo Baptista, instalado em uma cadeira de rodas e
amparado por pessoas de seu apoio pessoal.
A sua aparência denotara claramente que ainda
estava a se recuperar e inspirava cuidados, mas por outro lado, como foi prazeroso para nós,
tocarmos e verificarmos a sua alegria por estar diante de uma banda de Rock a tocar ao vivo ali e a cada
música que encerrávamos, a sua demonstração de carinho a aplaudir e sorrir para
nós, foi um bálsamo para todos os envolvidos nessa comoção que a sua presença gerou,
mesmo porque nem todo mundo (é claro), mas os Rockers ali presentes ligaram-se
nessa situação e vibraram por verem o Arnaldo em processo de franca recuperação.
Ainda
naquela noite, eu fui testemunha de um momento bonito nos bastidores, quando o
grande Luiz Carlini fez questão de mostrar a sua recém adquirida nova guitarra,
uma bela Gibson, modelo “Firebird” e ao exibi-la para o Arnaldo, nunca
esqueço-me dele a afirmar com ênfase
: - "Olha Arnaldo, a minha nova guitarra,
igualzinha à do Johnny Winter”...
E ainda mais esfuziante, Arnaldo abriu um
sorriso largo, como costumava dizer o Guilherme Arantes e com a guitarra em seu colo,
ele fez ali a sua reinserção afetiva ao mundo do Rock, um fato que todos ao seu
redor torciam muito para ocorrer, desde a notícia de seu acidente, dois anos
antes.
Foi um momento maravilhoso ocorrido ali em uma daquelas câmaras labirínticas do
Victória Pub, ao dar-nos a certeza de que o grande "Loki" do Rock brasileiro estava a
voltar.
E não deu
outra, durante o show do Tutti Frutti, Carlini tocou: “Bonie Morony”, a evocar o som e
a aura do genial albino texano, Johnny Winter, ao jogar fagulhas de fogo ao
público, através dos solos a bordo de uma Gibson Firebird!
E convenhamos, para a alegria dos
Rockers ali presentes, incluso nós d'A Chave do Sol e Arnaldo Baptista.
Show!
ResponderExcluirQue bom que apreciou, meu amigo, Kim Lima ! De fato, uma lembrança querida que guardo na memória, com bastante carinho. E vem mais histórias por aí, já o convido a ler.
ExcluirGrande abraço e Rock on !!