terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A Própria Companhia ou...Solidão - Por Telma Jábali Barretto



Pensamos que o espaço consigo mesmo, seja de todo necessário para a manutenção da saúde plena, aquela no seu sentido mais amplo: física, mental e emocional. Impossível o viver, sem cuidar-se num intervalo de recolhimento, de afastar-se do ‘con texto’ para processar o próprio texto, digerindo e assimilando-se! 

Fundamental?!...sim! Para alguns, muitos, poucos...?!...não sabemos. 

Vazio para uns, autonomia, completude para outros! Mas, da margem daqueles que assinam tal necessidade, mesmo desses, às vezes as queixas aparecem, assim como daqueles avessos a tal recolhimento, esses sim, em maior número, atualmente, ainda que em meio a tanta e obesa comunicação. Essa, agora popular fala sobre solidão, e todo peso que dali percebemos ou temos notícias, informações, conhecimento, vem chegando carregando os cuidados e dados em sua análise, muito apreensivos pelo ameaçador contagio desse doer da alma. Em meio a tudo isso vivemos na busca de ser a cereja do bolo e/ou passar dês apercebido!? Indiferença dói tanto quanto não ter espaço onde esconder-se, estar além olhares...


Que espécie de sentimento é esse? De onde e porque surge? Qual sua verdadeira raiz? 

Sobre isso caraminholaremos por compaixão, por solidariedade, por ser parte e... tentado esmiuçar que sensação é essa, tão amedrontadora que tira a paz e o conforto de estar consigo, num diálogo interno que começa propondo alguma dose de honestidade, desvestir-se, como quem, ouvindo-se, começasse a entender-se até chegar a silenciar, onde já todas as falas tiveram seu espaço e possam, agora, aquietar, acalmar, a paz iguar, encontrando então a satisfação da própria e inevitável companhia! 

Poder acessar esse gostar-se, compreender-se e cuidar-se que, seguramente, gostará, compreenderá e cuidará melhor do outro apoiado em premissas testadas em seu próprio e intransferível laboratório interno, acostumando que se estará em experimentos, remédios e panaceias, caminhos por onde transitou em suas únicas e genuínas aventuras que, estimuladas e respeitadas, serão também valorizadas em potencial curador, restaurador nas muitas formas de, conhecendo as dores e belezas desvendadas, proporcionarão o equilíbrio trazido pela jornada em si mesma!

Muitos são os formatos descritos desse sofrer: a solidão do abandono, despatriamento de lar ou identidade, junto a uma única companhia ou no meio de multidões...numa tribo ou num isolamento conceitual...fato é que existem e muitas! Esse sentimento estranho de não pertencimento, de não ser parte querendo pertencer! Mas, se esse pertencimento cobra, corrompe ou nega seu direito e dever de ser único, não estaria também matando a essência e base da sagrada individualização? Pensamos que sim!

Como também, aí entendemos, seja chegada a completa condição humana, habilitando plena competência sobre si, claro sinal de maturidade acessada, disponibilizando auto-estima bonita, saudável, de quem respeitando a própria trajetória construída, com alegrias e tristezas, encantos e decepções, reveladoras de quem somos, capaz só aí, de usufruir do patrimônio forjado para bem estar no contexto, em qualquer papel, compromisso, dever, participando e promovendo  de outros e belos floresceres em seu entorno.

A partir desse lugar dentro de si, desse momento, o estar só é tão abençoado quanto estar com alguém ou em meio uma enorme massa humana, pois ali já foi conhecido o conforto interno, aquela paz e plenitude que se carrega, livre e independente, não sujeita mais às intempéries internas ou externas das circunstâncias, continuamente plena e instável, como a Vida em sua profusão abundante, propondo, em seu eterno oferecer e tirar, sempre incansável em seu ensinar, revelando-se na intimidade de cada coração atento, alerta, desperto!

Sagrar-se, celebrar-se! SER!!! 




Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também uma experiente astróloga; consultora para harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga.

Neste texto, discorre sobre o tema da solidão, onde nos mostra que sob o ponto de vista mais profundo, a solidão pode ser uma oportunidade rara para alcançar-se o crescimento interior e pessoal.

10 comentários:

  1. Parabéns Telma, mais um texto brilhante!
    "A partir desse lugar dentro de si, desse momento, o estar só é tão abençoado quanto estar com alguém ou em meio uma enorme massa humana, pois ali já foi conhecido o conforto interno, aquela paz e plenitude que se carrega, livre e independente, não sujeita mais às intempéries internas ou externas das circunstâncias, continuamente plena e instável, como a Vida em sua profusão abundante, propondo, em seu eterno oferecer e tirar, sempre incansável em seu ensinar, revelando-se na intimidade de cada coração atento, alerta, desperto!"
    ESTEJAMOS SEMPRE DESPERTOS E ATENTOS, BUSCANDO O EQUILÍBRIO EM TODAS AS SITUAÇÕES. GDE ABS MARI

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  2. Gratidão Mari pela leitura e também comentário! Abraço aí com o sempre do coração na mas tê!

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  3. Que ótimo Telma! Como sempre, lindo e de muita sabedoria!
    E é exatamente isso. Quando estamos em paz, a nossa própria companhia nos satisfaz.
    Parabéns mais uma vez!
    Na Mas Tê!
    Severino

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    1. Bom que leu, bom que gostou!
      Um exercício a ser praticado...na certeza que nos revela!
      Grata pelo seu retorno!
      Abraço aí na mas tê!

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  4. Ah menina...vc quem me lê em primeira mão comentando aqui!
    Super obrigada não só pelo comentário, mas, principalmente pelos anos de incentivo e paciência!Valeu!!!
    Abraço e sempre na mas tê!

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  5. A solidão realmente é relativa. Quem não está feliz e completo consigo, não estará bem com mais ninguém. Pode-se estar sozinho na multidão ou estar completo em seu canto curtindo a própria companhia. Sábias palavras em seu texto, Telma, como sempre!!

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    1. Início de um bom exercício de auto conhecimento...ficar a sós: investigar-se!
      Valeu mais uma vez por seu comentário!

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  6. Acredito que todos precisamos estar só em alguns momentos da vida. Precisamos refletir e relaxar para aprendermos a viver com o próximo. A solidão, muitas vezes,é necessária.
    Belo texto Telma. Bjos

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  7. Pensamos que seja sempre necessária...terapêutica, mas, isso, do meu olhar. Para alguns, como aí descrevemos e ouvimos, ameaçadora e triste?! e quando acontece, não foi buscada, e sim imposta pela vida e circunstâncias. Talvez aí, aprendizado!?
    Grata por seu comentário e atenção Elisabete!

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