domingo, 7 de fevereiro de 2016

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 41 - Por Luiz Domingues

O próximo compromisso d'Os Kurandeiros foi midiático, e muito familiar para a minha percepção pessoal. Estivemos escalados para nos apresentarmos no clássico programa da emissora Brasil 2000 FM, a tocar ao vivo, e com o direito a sermos entrevistados pelo famoso radialista, Osmar "Osmi" Santos Junior. 

Familiar, portanto, pois tal programa existia desde os anos oitenta e nele, eu me apresentei com diversas outras bandas por onde atuei anteriormente, portanto, foi um prazer saber que eu iria participar de novo, para manter uma tradição, até pessoal, para a minha carreira.

Para essa apresentação, o tecladista superb, Nelson Ferraresso esteve conosco, e a sua contribuição fina, eu diria, sempre enriquecia o som d'Os Kurandeiros, e de certa forma, também servia para aparar arestas, pois ele trazia o seu estilo comedido, a nos impelir a conter a volúpia Rocker, a nos tirar o ímpeto de soarmos como o "Blue Cheer" ao vivo, e a nos colocar em uma posição mais "soft", ao nos conduzir de forma mais amena a soarmos como o "The Animals", digamos assim.

No estúdio da Rádio Brasil 2000 FM, com Osmar "Osmi" ao meu lado, e este a usar uma camiseta com a estampa do grupo australiano, AC/DC. 

A despeito de eu estar motivado com a apresentação em tal programa, o fato foi que o meu estado de saúde estava a piorar. A minha pele estava a adquirir características de icterícia, e o mal-estar que me acometera desde o final de 2014, intensificara-se nos primeiros dois meses de 2015. 

Eu já havia consultado um médico particular que havia pedido exames e me advertira que haveria a hipótese de eu estar com hepatite, mas havia também uma chance grande de ser uma coletitíase, ou seja, a chamada: pedra na vesícula. Aguardava então o resultado da batelada de exames de sangue que ele havia pedido e também o exame de ultrasom, mas com a advertência de que não deveria de forma alguma carregar peso, pois independente do que fosse o meu diagnóstico final, eu estava com o fígado comprometido e qualquer abalo poderia gerar uma obstrução do duto biliar e aí, eu correria risco de vida.

Portanto, a sua advertência fora clara para que em caso de mal-estar mais forte, que eu não esperasse a conclusão dos exames e retorno para o diagnóstico final, e que nesse caso, deveria ir imediatamente para um hospital e me internar.  

Pois justamente ocorreu que nesse dia da apresentação no estúdio da emissora Brasil 2000 FM, eu passei mal logo após o almoço e ao medir a pressão arterial com um aparelho doméstico, verifiquei que a pressão estava altíssima. O mal-estar estava muito grande, com uma tontura horrível e eu não tive alternativa a não ser ir para o Pronto-Socorro de um hospital. 

Não vou contar mais nada aqui, e logo mais, ainda nesta narrativa, eu deixarei o link de um texto que criei em 2015, sobre o que me acometeu em seguida, e se o leitor tiver interesse, vai saber com mais detalhes o que passei daí em diante, com duas cirurgias e uma internação cheia de acontecimentos dramáticos, eu diria.

Por enquanto, digo que no hospital que procurei nesse dia, apesar de estar a ficar assustadoramente amarelo, ao relatar o que me acometera na triagem, eu fui encaminhado à uma cardiologista que limitou-se a medir minha pressão, auscultar o meu batimento cardíaco e pelo fato do mal-estar ter passado e a pressão ter voltado a um patamar seguro, esta jovem doutora me aconselhou a marcar consulta com um gastroenterologista e beber água...

Bem, como a pressão abaixou e me senti momentaneamente melhor, e também ao considerar que já estava em consulta com um médico de minha confiança, gastro e a aguardar os exames já colhidos, eu resolvi ir para a casa, pegar o meu carro e cumprir o compromisso com a banda, normalmente.

Cheguei no estúdio da emissora a me sentir fraco, mas deu para interagir na entrevista e tocar, mesmo assim.

Acima, o programa que fizemos na Brasil 2000 FM, na íntegra.

Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=qji_lW1P2w0

Sobre a apresentação, o meu mal-estar a parte, esta foi muito boa, com Os Kurandeiros a tocarem de forma solta, com muita descontração. Eu recordei com o Osmar "Osmi" que ali tocara três vezes com o Pitbulls on Crack nos anos noventa, uma com a Patrulha do Espaço em 2000, quatro vezes com o Pedra, e agora com Os Kurandeiros. Isso fora a A Chave "Sem Sol" que não tocou, mas participou com duas entrevistas ali, ao final dos anos oitenta. Ou seja, foi muita história acumulada, mesmo, ao estabelecer um vínculo emocional muito forte.  Aconteceu no dia 17 de março de 2015, ao vivo.

Eu ainda fiz dois shows com a Magnólia Blues Band, que foram os próprios Kurandeiros, mas com outro nome e roupagem, e o meu estado piorou, sobremaneira. Fiz o show do dia 25 com a Magnólia Blues Band, sob um estado de mal-estar muito grande e a minha cor de pele esteve assustadora. 

No dia 27 de março, haveria mais uma apresentação para Os Kurandeiros no Melts e eu só piorara. Os meus exames já haviam ficado pronto e nessa altura eu já sabia que estava com coletitíase confirmada e nem deveria esperar o retorno ao médico na terça-feira posterior e ter ido imediatamente ao hospital, mas erroneamente eu ainda participei do show no Melts na sexta-feira, esperei a terça chegar, e apenas aí, quando o médico me disse que eu deveria sair do gabinete dele e ir rapidamente para o hospital, foi que eu tomei tal providência. 

Para saber tudo o que me aconteceu daí em diante, em termos de saúde, deixo o link do relato que escrevi e publiquei no meu Blog 1, como forma de agradecimentos aos médicos, enfermeiras e demais profissionais do Hospital São Paulo, onde a minha vida foi salva.

Eis o Link da matéria a descrever o que passei no Hospital:
http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2015/10/nao-e-por-ma-vontade-dos-profissionais.html

A tocar sentado, com a sorte da iluminação disfarçar a minha cor que esteve impressionante nesse dia. Foi o meu último show antes da internação e duas cirurgias de emergência. 

De volta a falar sobre Os Kurandeiros, a apresentação no Melts foi boa, apesar do meu estado de saúde, lamentável. Toquei sentado, a sentir um mal-estar incrível e estive com a cor da pele tão amarela que fiquei envergonhado em me apresentar desse jeito. A sorte foi que submetido à iluminação difusa do palco, poucos perceberam que a minha cor esteve assustadora.

Bem, daí em diante, foi uma internação longa, duas cirurgias e uma recuperação lenta, que de certa forma persistiu por um bom tempo no futuro, no avançar de 2016, mas que não impediu-me de voltar a trabalhar ainda no primeiro semestre de 2015, com todas as bandas onde atuava, e também nas atividades literárias e virtuais, apesar da debilidade a ser vencida apenas paulatinamente.

O próximo compromisso com Os Kurandeiros dar-se ao final de maio, com muito incomodo pós cirúrgico de minha parte, mas ao mesmo tempo, com a alegria por ter sobrevivido e estar a retomar a minha vida pessoal e profissional.
Continua...

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