sábado, 6 de fevereiro de 2016

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 38 - Por Luiz Domingues

Após o festival: "Hoje Tem Blues", nós protagonizamos uma série de compromissos no circuito de casas noturnas, novamente. O próximo deles, por exemplo, ocorreu no Melts, a simpática lanchonete onde do proprietário, ao mais humilde funcionário, todos eram simpáticos e prestativos para conosco. 

Desta feita, o nosso baterista, Carlinhos Machado não pode participar, e mais uma vez o baterista, Binho "Batera", da banda "Vento Motivo", veio nos socorrer.  

Aconteceu no dia 24 de outubro de 2014, com mais de cinquenta pessoas a nos assistirem e a comerem aqueles sanduíches gigantescos que desafiavam a amplitude da mandíbula humana, sendo talvez mais adequados para os jacarés, digamos assim...

Depois disso, voltamos ao Bierboxx, local onde o gerente nos apreciava muito, tanto que é nosso amigo até os dias atuais (Rodrigo Polacow), mas estávamos sempre com um problema ali, visto que a euforia de seus clientes era inevitável no decorrer da apresentação, todavia, a casa vivia a ter problemas com a vizinhança e os fiscais do "Psiu", o órgão da Prefeitura de São Paulo responsável por fiscalizar o nível de ruído nas casas noturnas da cidade.

Começávamos sempre comedidamente e focados nessa preocupação, mas à medida que o set list avançava e as pessoas envolviam-se com a banda, a aplaudirem, dançarem e a gritarem a euforia se generalizava e daí era difícil segurar o volume.  

No Bierboxx, Carlinhos esteve conosco novamente e aconteceu na noite de 1º de novembro de 2014.

Ainda em novembro, voltamos ao recanto hippie da zona norte de São Paulo, o simpático: Santa Sede Rock Bar. Feriado esvaziado, no entanto, tivemos um público muito fraco nessa noite de 15 de novembro de 2014. 

Um fato engraçado em relação à esse show se deu com um pedido da direção da casa para que inseríssemos o nome de um habitue do estabelecimento, que comemoraria o seu natalício na noite de nosso show, e assim ao alegar-se que além de ficar honrado com tal citação, esse rapaz prometera atrair uma quantidade de convidados enorme para no assistir.

                                Fotos: Leandro Almeida

Colocamos o nome do rapaz no cartaz e isso foi um erro duplo, pois além do caráter prosaico dessa resolução, ficou ainda pior diante do que ocorreu!
                                 Fotos: Leandro Almeida

O fato, foi que nem o rapaz aniversariante, e tampouco, nenhum convidado sequer, apareceu...
Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Rubens Gióia, Luiz Domingues, o fotógrafo Leandro Almeida, Kim Kehl e Cleber, um dos proprietários do Santa Sede Rock Bar. Acervo de Leandro Almeida

Os proprietários da casa ficaram muito chateados com o ocorrido, visto terem encomendado um bolo para o sujeito, e na verdade, quem "tomou o bolo" foram eles...

Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Leandro Almeida e Luiz Domingues. Acervo de Leandro Almeida

Entre tantas piadas que esse fato gerou entre nós, uma foi na verdade com fundo de verdade, pois a impressão que tivemos se deu no sentido de que todos os convidados foram avisados a não comparecer, a denotar premeditação. 

Contudo, para efeito de pilhéria, nós gostamos mais de falar que o aniversariante e seus convidados foram abduzidos por alienígenas e somente os agentes Mulder & Scully poderiam desvendar o caso... de fato, "a verdade esteve lá fora", pois dentro, ninguém apareceu... 

E no dia 29 de novembro, tivemos mais uma visita à Casa Amarela de Osasco-SP, com uma noitada boa, muito animada pelo surpreendente público jovem que a frequentava, mesmo sendo a casa focada em artistas que tocavam ali o Blues e Rock retrô. 

Com bastante euforia, a noite quente de verão intensificou-se com o Kim a interagir bastante com o público, que respondeu de pronto.

De volta ao Melts em dezembro, tivemos uma noite ainda mais quente do que a anterior ali vivida em novembro. Primeiro pelo fator do verão que estava tórrido, mas pelo público que surpreendeu. Estávamos acostumados a termos uma boa receptividade ali, mas desta feita, uma euforia além da conta ocorreu, para transformar o Melts em um templo de show de Rock.
Pedidos para tocarmos músicas chegaram até nós, da parte de uma mesa que comemorava o aniversário de um rapaz e este em questão era um apreciador do Rock vintage. Ao atendermos o pedido para tocarmos de improviso uma música do Deep Purple, a euforia foi instaurada e daí tivemos que deixar o repertório mais comedido entre os Blues & baladas e o Melts se tornou um teatro ao abrigar um show de Rock, praticamente!

Noite de 12 de dezembro de 2014, com muita gritaria e os funcionários, todos jovens e antenados, a vibrarem com os Rocks vintage que fomos a executar ali e até o som do Black Sabbath compareceu no saguão do Melts, com gritinhos de euforia até, a ocorrer. Foi muito surpreendente.
No dia seguinte, 13 de dezembro de 2014, voltamos ao Bierboxx e a novidade foi a presença da cantora: Elizabeth "Tibet" Queiroz, uma veterana cantora do Rock brasileiro, com participação no Made in Brazil ao final dos anos setenta, discos de carreira solo e a partir dos anos noventa, quando deu uma guinada na sua carreira e mergulhara no mundo do Heavy-Metal ao liderar a banda: "Ajna".

Tibet estava afastada da carreira artística já de algum tempo, quando formara-se como psicóloga e abrira o seu consultório, mas a partir dessa sua visita ao show d'Os Kurandeiros no Bierbox, ela se empolgou tanto com a participação que teve conosco, de total improviso (ela cantou: "Gimme Shelter", dos Rolling Stones), que dali em diante começou a articular a sua volta aos palcos e ao reformular o seu Ajna, voltou com tudo a partir de 2015 e desde então, vem a se apresentar regularmente além do fato de também haver se colocado como ativista cultural, para fazer agitação na internet ao administrar Blogs, páginas, comunidades e grupos em redes sociais a fomentar a cena, principalmente a do Heavy-Metal.

E assim encerrou-se o ano de 2014.
Para Os Kurandeiros e mediante a sua proposta de simplicidade franciscana, fora bom, com agenda cheia e ao dividirmos com a Magnólia Blues Band e o Nudes de Ciro Pessoa, além das atividades secretas d'Os "Koveiros" e uma apresentação de Edy Star, onde eu e Kim estivemos juntos (histórias das apresentações d'Os "Koveiros" e do Edy Star, já estão publicadas nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos").

Já tínhamos shows marcados para 2015 e isso nos animara a acreditar que o ano novo seria bom.

No campo pessoal, eu já sentia alguns sintomas desagradáveis, mas nem sonhava com a doença que já se manifestava em meu organismo, e que só explodiria em 2015, avançaria de uma forma dramática e portanto, o meu mal-estar que ainda era de pequena monta nesse final de 2014, não me atrapalhara em demasia e dessa forma, não extraiu de forma alguma, o meu entusiasmo para acreditar que o próximo ano que se aproximava, não fosse bom para Os Kurandeiros.
Continua...

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