domingo, 31 de março de 2024

Autobiografia na música - Boca do Céu - Capítulo 128 - Por Luiz Domingues

Uma panorâmica da banda em ação! Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Catia Cristina/ICBR

Que sensacional foi quando tocamos a música, "Desprogramação", com bastante suavidade, bem a seguir a cartilha do Folk-Rock sessentista, ou seja, foi uma delícia executá-la na sua plenitude ao melhor sabor do Rock Rural, portanto, a honrar uma das nossas múltiplas influências!

Eu que já adorava essa canção quando o Laert nos mostrou assim que a compôs por volta de 1977, fiquei muito feliz quando nessa fase pós-2020, ela foi relembrada quase que na sua íntegra (somente um verso esquecido foi substituído por outro criado em 2024), devidamente rearranjada e nesse dia tocada ao vivo no palco do Instituto Cultural Bolívia Rock. 

É verdade que nós a havíamos tocado durante a nossa participação no programa Rádio Matraca, bem recentemente, porém, ao vivo perante público, foi a primeira vez mesmo, inclusive a se contabilizar a fase inicial da banda nos anos 1970.  

"Desprogramação" - Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=hrQa4YT8Zn4

Carlinhos Machado ao fundo na bateria, Laert Sarrumor e eu (Luiz Domingues) em ação. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Catia Cristina/ICBR

Com a receptividade a se mostrar enorme da parte da audiência, nos soltamos ainda mais. Então chegou a hora de tocarmos "Serena". música que foi a primeira que trabalhamos na história da banda, bem no começo das nossas atividades em abril de 1976, antes mesmo do Laert ingressar na formação. A ideia original era do Osvaldo e posteriormente o Laert contribuiu para se tornar coautor. Nesta versão pós-2020, eu e Wilton trouxemos contribuições e a feição da música mudou certamente em relação ao seu formato antigo, porém, a manter fidedignas as suas raízes setentistas genuínas, inclusive a acrescentar partes inspiradas na vertente do Rock Progressivo, ou seja, com o Boca do Céu a soar como aspirara nos anos setenta, finalmente!

"Serena" - Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis o link para ver no YouTube: 

https://www.youtube.com/watch?v=jXBgqOr3rV8

Chegara o grande momento de show que qualquer banda que já tem um sucesso na manga usufrui e neste caso, a nossa primeira música gravada oficialmente, "1969", representou para nós esse momento especial no qual algumas pessoas tendem a se arrepiar na plateia. Claro que estou a exagerar, a banda estava longe ainda de ter esse apelo popular maciço, mas sim, muita gente ali presente reconheceu a canção aos seus primeiros acordes, portanto, essa foi uma outra marca admirável que essa banda alcançou, enfim.

É bem verdade que tivemos um momento atrapalhado, pois o clip que foi exibido no telão, entrou indevidamente com o áudio ativado e assim, uma estranha repetição ocorreu nos seus instantes iniciais a gerar um desconforto para a banda, principalmente ao Laert que a interpretava como voz solo. 

"1969" - Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Filmagem e acervo: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=YGsoyeK5zd8

Para encerrar e justificar a falta de mais músicas autorais preparadas para tocarmos ainda, eis que homenageamos uma banda clássica do Rock brasileiro dos anos setenta, entre muitas que adorávamos e que cala fundo principalmente para o Laert, fã ardoroso de um de seus ex-membros, o saudoso, Tico Terpins. E assim tocamos com muito prazer a música: "Boeing 723897" do Joelho de Porco, com vigor e prazer pela lembrança que tanto embalou o Boca do Céu naquela década.

"Boeing 723897" (Joelho de Porco) - Boca do Céu no ICBR de São Paulo. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=8ZGWKeXNKEE

Flagrantes do Boca do Céu e sua convidada especial, no palco do ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Still de vídeo

Para encerrar, o Kurandeiro-mor, Kim Kehl subiu ao palco e também foi convidada a participar do coro, a proprietária do Instituto Cultural Bolívia Rock, Catia Cristina. E assim, tocamos o clássico: "Concheta" do Língua de Trapo, para delírio generalizado e a provar a relação umbilical que o Boca do Céu mantém com o Língua de Trapo, ou seja, tudo faz parte da anatomia buco maxilo facial de qualquer forma. 

"Concheta" (Língua de Trapo) - Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Filmagem e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=7T8q3eFdq8Q

Boca do Céu, com os convidados especiais, Kim Kehl (segundo da esquerda para a direita) e Catia Cristina (a usar calças vermelhas), a tocarmos o clássico do Língua de Trapo": "Concheta". Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Encerrada a nossa apresentação em altíssimo astral, saímos satisfeitos ao extremo do palco. Que prazer foi colocar essa banda no palco novamente e desta feita com o padrão de qualidade sonora que não tivemos como apresentar nos anos setenta.

O agradecimento final! Da esquerda para a direita: O convidado especial, Kim Kehl, Wilton Rentero, Laert Sarrumor, Catia Cristina (a proprietária do ICBR de São Paulo), Renata "Tata" Martinelli. eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado e Osvaldo Vicino. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Acervo e cortesia: Catia Cristina/ICBR. Click: Deco Wanderley Konayagui

De minha parte, a satisfação foi imensa, com uma sensação quase indescritível, que sim, manteve o sentimento do dever cumprido, mas foi além com um fator maior, difícil de ser exprimido em palavras, a se tratar de uma espécie de bem-estar comigo mesmo a se revelar como uma experiência muito agradável.

Mais flagrantes do show: Foto 1: Wilton Rentero e a cantora convidada, Renata "Tata" Martinelli. Foto 2: Laert Sarrumor, Carlinhos Machado ao fundo na bateria, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. Foto 3: Na mesma sequência da foto anterior. Foto 4: Carlinhos Machado em ação. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Bem, reflexões emotivas e/ou sensoriais a parte, eu precisei ser ligeiro, pois a minha banda, Os Kurandeiros, precisa subir ao palco e entre outras coisas, eu precisei trocar de figurino para me apresentar com outra identidade visual e me recompor, pois estava exaurido. Apesar disso, melhor preparado fisicamente do que em outras ocasiões recentes nas quais eu sentira o peso da idade, apesar do calor e do cansaço, físico e emocional neste caso, fui me preparar no camarim, com relativa tranquilidade para poder voltar ao palco e atuar com Os Kurandeiros, inclusive para cumprir um show de maior extensão, com quase uma hora e meia em relação ao show de choque de cerca de trinta e cinco minutos que fizemos com o Boca do Céu.

E se eu estava cansado, imagine então o Carlinhos que tocara com duas bandas e faria o show maior a seguir.  

Já no momento pós-show, tivemos boas surpresas, inclusive com velhos amigos e incentivadores do Boca do Céu nos anos setenta, presentes no Instituto Cultural Bolívia Rock a nos fornecer uma dose maciça de emoção!

Bem na frente, as filhas de Adelaide Giantomaso, Juliana  e Renata Miranda e a própria Adelaide a vestir a camiseta azul do Boca do Céu. Sentado do lado direito, Eduardo Viscome. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

E além desse reencontro incrível com pessoas que estiveram conosco nos anos setenta, recebemos todo o carinho de diversos outros amigos e inclusive da proprietária do Instituto Cultural Bolívia Rock, a simpática Catia Cristina, que nos tratou de uma forma esplêndida.

Na primeira foto, Renata Miranda, Wilton Rentero, Osvaldo Vicino, Laert Sarrumor e Adelaide Giantomaso. Foto 2: O comunicador, Rogério Utrila (que apresentou o nosso show), Laert Sarrumor e o exímio guitarrista, Adilson Oliveira. Atrás, o guitarrista Marcos Mamuth conversa com Wilton Rentero. Foto 3: Eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor, Catia Cristina, Marcia Oliveira (esposa do Laert Sarrumor e empresária do Língua de Trapo e Boca do Céu) e o percussionista do Língua de Trapo, Marcos Martins. Foto 4: Pedro Paulo Vicino e seu pai, Osvaldo Vicino. Foto 5: Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis 

Na primeira foto, o casal de amigos músicos, Elias e Ariani Salari com Osvaldo Vicino. Na segunda foto, o casal de amigos, Maria Cecília Lohner e Paulo Peres Bergamo, o músico, Isidoro Hofacker e sua esposa, a cantora Ana Gallian e Catia Cristina. Foto 1: Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Click: Pedro Paulo Vicino. Foto 2: Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

Três componentes do Boca do Céu a autografar set list do Show para ser guardado no museu do ICBR: Laert Sarrumor (com Wilton Rentero próximo e ao fundo, o filho de de Osvaldo Vicino, Pedro Paulo Vicino, na foto 1. Eu (Luiz Domingues) e Catia Cristina na foto 2 e na foto 3: Osvaldo Vicino. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. Acervo e cortesia: Catia Cristina./ICBR. Clicks 1 e 3: Catia Cristina/ICBR Click 2: Deco Wanderley Kanayagui  

E ainda tivemos o prazer, eu e Laert de visitar e autografar fotos nossas oriundas de shows do Língua de Trapo e no meu caso em específico, da Patrulha do Espaço, clicadas pelo saudoso, Edgar Franz, o popular "Bolívia", cuja viúva, Catia Cristina, mantinha tal museu muito bem cuidado. 


Eu, Luiz Domingues a assinar a foto clicada pelo saudoso Edgar Franz, popular "Bolívia", durante um show da Patrulha do Espaço que ele cobriu. e na segunda foto, a viúva de Edgar Franz "Bolívia, e proprietária do ICBR, Catia Cristina, celebra a minha assinatura na foto, peça do museu fotográfico do casal. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Acervo e cortesia: Catia Cristina; Clicks: Deco Wanderley Kanayagui 

Foi uma notada memorável e acredito que valeu a pena esperar quarenta e seis anos para acontecer essa volta triunfal do Boca do Céu ao palco.  

Laert Sarrumor também a autografar fotos de shows clicados pelo saudoso "Bolívia", o grande Edgar Franz. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Catia Cristina/ICBR.

Satisfeitos ao extremo pelo bom desempenho que tivemos, felizes pela receptividade e honrados com a camaradagem generalizada que ocorrera entre as bandas, acreditamos que o saldo foi muito além do que esperávamos. Sobrou emoção nesse dia para a nossa "velha nova" banda. Como se dizia nos anos setenta: "Hoje é dia de Rock" e esse 17 de fevereiro de 2024 entrou para a história da banda como tal afirmativa a se provar certeira nesse aspecto.

Nos bastidores do show, Laert Sarrumor e Adelaide Giatomaso, colegas de colégio no ano de 1977 e ela, então namorada do primo de Wilton Rentero, foi quem indicou para a nossa banda a persona de Wilton para entrar na nossa formação na ocasião e nos fotografou, a se constituir tal peça da única foto da qual dispomos na ocasião para registrar a nossa atuação nos anos setenta. Que emoção para todos foi tê-la na plateia a nos prestigiar, tantos anos depois. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

Antes do show começar, eu já havia sido avisado que a Adelaide Giantomaso estava presente na casa junto de suas duas filhas e o namorado de uma delas. Já na primeira música, eu a avistei na plateia e sinalizei para ela. Fiquei muito feliz com a sua presença. Namorada e depois esposa até os dias atuais de 2024 do primo de Wilton, Sidnei, foi ela que ao se tornar colega de escola do Laert em 1977, indicou Wilton Rentero para adentrar a formação da nossa banda e embora não haja a confirmação da parte de ninguém, nem dela mesma, lhe é atribuído o feito de haver "clicado" a única foto oficial que temos da nossa banda registrada nos anos setenta, ou seja, que tesouro incomensurável para o nosso grupo! 

Eduardo Viscome e Amaury Martins, dois grandes incentivadores do Boca do Céu nos anos setenta e que foram nos prestigiar em 2024! Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

E por falar em mais presenças incríveis ali a nos prestigiar, devo registrar também as personas de Eduardo Viscome e Amaury Martins, ambos testemunhas oculares e auditivas dos nossos esforços juvenis empreendidos nos anos setenta para alavancar a carreira do Boca do Céu. Personas recorrentes nos nossos ensaios e também nas poucas apresentações que fizemos naqueles anos, foi com alegria imensa que os vi a nos prestigiar no ICBR neste momento de 2024.

Mais flagrantes do show: Foto 1: Wilton Rentero. Foto 2: Carlinhos Machado. Foto 3: Osvaldo Vicino. Foto 4: Luiz Domingues. Foto 5: A cantora convidada, Renata "Tata" Martinelli. Foto 6: Laert Sarrumor, com Renata "Tata" Martinelli ao seu lado. Boca do Céu no ICBR de São Paulo. 17 de fevereiro de 2024. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Mais novas alvissareiras vieram logo a seguir! Acertamos a entrada da banda no estúdio para muito breve e assim, estaríamos ainda em março de 2024 a adentrar as dependências do estúdio Prismathias de São Paulo e sob a condução do ótimo, Danilo Gomes Santos, iniciaríamos a gravação de um novo lote de canções e a primeira escolhida foi: "Rock do Cometa".

Continua...

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