domingo, 17 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 134 - Por Luiz Domingues


Reta final desta parte da minha historia na música. Como de costume, deixo a ressalva de que em qualquer momento, o capítulo pode reabrir, caso haja adendos para acréscimos; correções; material resgatado com áudio / vídeo inédito, fotos e / ou peças de portfólio etc. E também como de praxe, encerro ao mencionar os personagens dessa história, e sobretudo, sobre a minha gratidão para com essas pessoas, e pela oportunidade em ter sido membro dessa banda. 

Bem, o embrião primordial do Língua de Trapo, foi o Boca do Céu, minha primeira banda, e do Laert "Sarrumor". O início da história do Língua de Trapo, foi o final da história do Boca do Céu, portanto, está devidamente narrado nos dois capítulos respectivos. Sob o ponto de vista do Língua de Trapo, foi fundamental a entrada do Laert, na faculdade de jornalismo Cásper Líbero, em 1979, quando ali conheceu colegas que foram essenciais para a formação da banda. 

Se por um lado, o nosso prosaico, "Boca do Céu", fora uma raiz primordial, não podemos deixar por considerar que o talento do Laert só pôde explodir para valer, quando encontrou-se com outros artistas emergentes e igualmente talentosos, tais como Guca Domênico; Carlos Mello (Castelo) e Pituco Freitas, em um primeiro instante. A veia humorística dos três, que citei no início (excetuo o Pituco Freitas em uma primeira análise, pois logo no começo, a sua veia humorística não era explícita, visto que ele direcionava a sua carreira para tornar-se um cantor "sério" e só depois aflorou o cantor performático que ele viria a tornar-se). 

O começo, como um despretensioso grupo musical e poético, que visara realizar um sarau para a recepção de calouros, foi o primeiro êxito musical de minha carreira (descontadas as apresentações do Boca do Céu no Festival do meu colégio, em 1977, que foram boas, para o nível que tínhamos). Eu e Laert vínhamos de uma labuta forte com a nossa primeira banda, o Boca do Céu, mas tivéramos poucas ações concretas e positivas para comemorar. Por isso, quando ouvimos aquela saraivada de aplausos após o término do sarau, cumprimentamo-nos com bastante euforia, pois ele e eu, sabíamos que este evento havia sido o nosso primeiro sucesso, enfim, após quase três anos de esforços empreendidos em conjunto. 

E dali em diante, a veia humorística moldou aquele grupo, que passou a ser chamado como : "Laert Sarrumor e os Cúmplices".
Guca e Carlos Mello eram (são), extremamente criativos, e alimentavam a banda com músicas, e ideias sensacionais para piadas. Tudo amalgamado pela política, é claro. Vivia-se ainda os ecos da ditadura, e pelos corredores da faculdade, os debates eram acalorados. Fui levado e "encaixado" na banda pelo Laert, mesmo por ser ainda um estudante secundarista, e sobretudo por ser um Rocker inveterado, o que em alguns aspectos, poderia ser considerado um empecilho em um primeiro instante, mas finquei raízes, e fiquei.
O começo, com shows ultra improvisados em salas de aulas, sob condições inóspitas de áudio, provocam-me orgulho de nossa tenacidade. A entrada de Lizoel Costa, depois, Serginho Gama e Fernando Marconi, encorparam a banda de uma forma incrível. O pianista, Celso Mojola, também contribuiu bastante, com a sua sofisticação erudita e jazzística. Outra presença incrível, deu-se com Ayrton Mugnaini Jr., um gênio, sem dúvida. 
Depois, a fase dos festivais de MPB pelo interior, e no circuito universitário, onde o crescimento fora muito animador, ao culminar com que a banda obtivesse um crescimento vertiginoso. Minha primeira saída, em janeiro de 1981, por motivação financeira, foi triste, mas eu não tive outra alternativa, infelizmente.  Tivesse uma estrutura mínima que garantisse-me por alguns meses, teria sido a conta certa para eu permanecer e acompanhar o Língua de Trapo no salto quântico, que já em 1982, a banda obteve, e assim mudado da água para o vinho, ao profissionalizar-se, em todos os sentidos. 

Mas, não reclamar sobre eventos passados. Não foi assim que aconteceu, e tudo ocorreu conforme precisava ter acontecido, simples assim. Minha volta em 1983, foi dramática, no sentido de que retornei sem a chance para redimir-me de minha saída de 1981. Ou seja, voltei com a data da nova saída já programada como um fato, só a faltar defini-la. 
Foi maravilhoso ter tido a segunda chance, e assim voltar a ter convívio com velhos amigos, e tomar um banho de profissionalismo, pois quando voltei, de certa forma, eu ainda era o rapaz despreparado de 1981, em muitos aspectos, mas eles tinham dado um salto enorme à minha frente. Portanto, fora o prazer, tive uma escola, que serviu-me e muito, para a continuidade da minha carreira. Nessa segunda fase, acumulei muitas histórias, que mencionei com prazer nesta narrativa, mas claro, omiti várias, por considerar que seriam inadequadas por expor pessoas publicamente, e a minha autobiografia é leve, em via de regra. Não tenho nenhuma intenção em produzir uma autobiografia clichê de "Rock Star", para mencionar excessos, mesmo por que (e quem conhece -me pessoalmente, sabe bem que não é o meu estilo), eu não sou assim. A segunda saída da banda, em julho de 1984, foi bastante sofrida em meu caso, mas acredito que essa cicatriz não exista mais, ainda bem. 

Em suma, tenho um tremendo orgulho por ter sido um membro fundador; ter participado de duas formações da banda, e possuir um registro fonográfico; peças de portfólio; fotos e alguns vídeos disponibilizados no You Tube. Cabe dizer que esse material que possuo, é ínfimo, pois deveria ter muito mais peças em meu poder.  Espero resgatar esse material, e assim que conseguir obtê-lo, ainda que sob doses homeopáticas, disponibilizo por aqui, de pronto. Falarei sobre as pessoas, nos próximos e derradeiros capítulos.

Vida longa ao Língua de Trapo !

Orgulho por fazer parte dessa saga ! 



Continua...

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