sábado, 16 de novembro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 131 - Por Luiz Domingues

No segundo show, o coração apertou bastante. Em alguns momentos, a emoção do show misturou-se à minha, pessoal, e tive que controlar-me, para não desestabilizar-me. Foi o sábado, 7 de julho de 1984, e o público foi ainda maior. Fico a pensar nos padrões de segurança de hoje em dia, como seria possível colocar mil e cem pessoas, em um teatro cuja capacidade oficial seria para abrigar quatrocentas e poucas pessoas ? Pois foi o que aconteceu, por que mil e cem pessoas acotovelaram-se por todos os cantos. Foi óbvio, a escada lotou e tornou-se uma mini arquibancada, e pelo chão, pessoas sentaram, e não houve um mínimo espaço para ninguém mexer-se. Se alguém precisasse ir ao banheiro, teria que segurar a necessidade fisiológica com bastante veemência...

Dois fatos curiosos ocorreram nessa noite. O primeiro, foi que dois jogadores do Corinthians foram assistir o show.  Solito, goleiro, e o lateral esquerdo, Wladimir. 

 

Mesmo ao portar-se discretos ali, e com a intenção apenas em assistir o show, claro que despertou a atenção do público, e os inevitáveis gritos futebolísticos pró e contra Corinthians foram ouvidos, mas sem perder a estribeira, ao atrapalhar o nosso show. Lembro-me particularmente do Solito, goleiro, a rir muito, acompanhado pela sua esposa ou namorada, não sei dizer ao certo. E o segundo evento, foi que o Laert, em algum momento do show, fez uma piada sob improviso, sobre estarmos ali para ganhar dinheiro, sermos "mercenários", abertamente etc. Fora uma mera galhofa, um "caco" como diz-se no jargão do Teatro.

Mas alguém da parte superior do mezanino, levou a brincadeira a sério, ou quis amplificar a brincadeira, e jogou uma moeda...
Como fala-se no ditado, basta atirar a primeira pedra e daí... uma inacreditável chuva de moedas passou a ocorrer, a contaminar também a plateia da parte inferior. Em um improviso viral, todos os membros da banda começaram a apanhar as moedas e colocar no bolso, ao tornar o improviso, uma enorme pilhéria. 


Mas a quantidade foi tão grande de moedas, que no camarim, depois do final do show, todos contabilizaram um "lucro extra", que vitaminou o cachet, que certamente seria "gordo", com aquelas duas bilheterias super lotadas que tivéramos, na sexta e no sábado .E de fato, o dia seguinte teve a proeza em bater o recorde, com ainda mais pagantes no teatro. 

Aproximara-se a hora... meu último show no Língua de Trapo, seria no dia seguinte, domingo...

Continua...

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