O próximo passo da banda foi um show realizado em uma casa noturna, sob uma rara data em que fiquei sem compromisso com o Língua de Trapo, nesse primeiro semestre de 1984. Ocorreu no Albergue Bar, no dia 29 de junho de 1984. Localizado no bairro do Bexiga em São Paulo, aconteceu em uma sexta-feira, e teve cerca de cinquenta pessoas na plateia. Nesse show, aproveitamos para realizar o teste final com aqueles dois candidatos a vocalista que havíamos testado anteriormente, e cuja passagem de uma avaliação preliminar, já citei em capítulos passados.
E mais uma vez, o nosso amigo e eterno postulante à vaga de vocalista, Wagner "Sabbath" apareceu, e estabeleceu uma tumultuada nesse processo. Fizemos a nossa apresentação normalmente, e na parte final, com o bar quase vazio, empreendemos o teste. Os dois rapazes cantaram bem e eram muito parecidos, tecnicamente. Contudo, nenhum dos dois convenceu-nos, e diante dessa falta de entusiasmo em relação a ambos, resolvemos dispensar os dois. E no caso do Wagner "Sabbath", ocorreu que ele criou um tumulto no sentido de que pressionou-nos para ser incluído nos testes. E não contente com isso, pressionou os candidatos, psicologicamente, ao importuná-los, acintosamente.
Uma coisa foi certa : ele tinha obstinação, e isso eu admirava nele. Bem, culminamos por não fechar com nenhum deles, mas em breve, uma nova oportunidade surgiria para a banda. Antes de chegar em tal ponto, preciso falar que no dia seguinte, cumprimos um novo show, e esse rendeu história. Foi o dia 30 de junho de 1984, um sábado, quando eu teria um show com o Língua de Trapo na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo (já falei sobre esse show no capítulo do Língua de Trapo).
Mas eu havia dado sinal verde para fechar outro show d'A Chave do Sol, pois seria uma apresentação marcada para a meia noite. Falei com o Jerome, empresário do Língua de Trapo e ele garantiu-me que o show em Jundiaí não teria atraso, e dessa forma, por volta das 23:00 h, estaríamos novamente em São Paulo. Combinei com o Rubens Gióia, para ele fornecer-me uma carona, e assim, em meio a uma correria total, fiz o show com o Língua no interior, e fui o mais rápido que eu pude para o show d'A Chave do Sol. Jundiaí, fica perto de São Paulo, cerca de cinquenta Km, portanto, deu tudo certo nesse sentido. A Kombi da produção deixou-nos por volta de 23:15 hs, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo e logo que entrou na rua combinada para o desembarque, avistei o carro do Rubens, que aguardava-me em seu interior. Até aí, foi tudo correto, conforme o previsto e o combinado. Contudo, quando chegamos ao local do show, um mal entendido foi gerado por uma coisa que eu falei de forma inocente, e criou-se assim, um clima ruim para o desenrolar do espetáculo. O local foi o "Morro da Lua", onde fizéramos um dos mais inusitados shows da carreira d'A Chave do Sol, no ano anterior, 1983. Novamente contactados pelo rapaz que organizava festas com performances em torno do motociclismo, desta vez porém, ele foi menos invasivo, e não propôs ideias bizarras como o fizera em 1983 (já relatei anteriormente), ao contentar-se em que tocássemos o nosso repertório normal, sem afetações.
O grande entreveiro deu-se quando chegamos ao local, e encontramo-nos com o Zé Luiz. Ele estava muito nervoso, pois apesar de eu ter chegado somente alguns minutos além do combinado, ele fora o responsável pela montagem do equipamento, e estava há muitas horas ali : cansado; faminto e ansioso. Quando avistou-me, disse-me para que eu preparasse o baixo, que começaríamos o show imediatamente. Eu, sem nenhuma intenção em causar-lhe nenhuma contrariedade, retruquei, ao dizer-lhe que acabara de chegar, e que considerava melhor aguardar alguns minutos.
Então, ele explodiu e tivemos uma
ríspida discussão. Na mesma hora, percebi que ele estava irritado com a
demora em esperar-me, e claro que esse estopim também mostrara a
insatisfação que ele e Rubens sentiam por eu estar a tocar em outra
banda simultaneamente, e a prejudicar assim o nosso trabalho. Todavia, todos sabiam que eu
precisava ganhar dinheiro, e A Chave do Sol ainda não reunia condições
nesse sentido em prover-me, portanto, a insatisfação dele e de Rubens era previsível, porém não justa
comigo, pelas circunstâncias.
Naquele dia em específico, todos sabiam da situação, e ao analisar pelo meu lado, não medi esforços para fazer os dois shows, ao esforçar-me para cumprir os dois compromissos da melhor maneira possível. Claro, fiquei chateado na hora, mas alguns minutos depois, entendi o ponto de vista dele, e fizemos o show, talvez não com o astral bom de sempre, mas de forma digna, e profissionalmente.
O público não foi bom, com apenas cem pessoas na plateia, e sob o frio de rachar do início do inverno, ainda mais naquela época onde as estações climáticas eram bem definidas. Fora o local ser um morro descampado, com pista de motociclismo e sendo assim, mais frio ainda. Ocorreu no dia 30 de junho de 1984, um sábado.
E no mesmo dia 30 de junho de 1984, foi ao ar a quinta participação d'A Chave do Sol no programa : "A Fábrica do Som", da TV Cultura de São Paulo, conforme já relatei no capítulo anterior. O derradeiro para nós e da própria atração televisiva, infelizmente.
Continua...
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