domingo, 30 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 329 - Por Luiz Domingues

Show comovente até a sua metade, mas que não esfriaria de forma alguma e portanto, mais emoções fortes provocaria para o público e entre nós, membros; ex-membros e amigos queridos da banda. 

Eis que Xande Saraiva, vocalista e guitarrista da banda "Baranga", entra no palco e conduz, "Arrepiado", um dos maiores sucessos da nossa banda, canção oriunda do disco "Patrulha do Espaço", lançado em 1980, e também conhecido como "álbum preto". 

Saraiva cantou com muita emoção, admirador confesso dessa música e da fase da banda que a representou. E também fez um bonito solo a usar com maestria o Slide-Guitar.

O ótimo, Xande Saraiva, nosso convidado especial, na primeira foto, em destaque. Na segunda, Rodrigo Hid e eu (Luiz Domingues) em ação. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de Dean Claudio. Foto 2: Click, acervo e cortesia de Raquel Aquino Calabrez 

Eis acima a versão de "Arrepiado". Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Filmagem de Bolívia & Cátia

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=XXk_CyG8fyc 

Eis então que mais uma participação emocionante ocorreu. Kim Kehl, guitarrista seminal do Rock e do Blues no Brasil, foi chamado ao palco para tocar conosco a sua composição : "Mar Metálico", um clássico da sua banda nos anos setenta, o "Lírio de Vidro" e que a Patrulha do Espaço gravou no seu disco de 1982, o LP "Patrulha", também conhecido como: Álbum Branco da Patrulha", carinhosamente pelos fãs. 

Fiquei contente por ter mais um companheiro de outro trabalho ali comigo e no caso, um representante da atualidade, visto que toco com o Kim na banda: Kim Kehl & Os Kurandeiros, desde 2011 e igualmente pelo fato dele ter essa bonita história com a Patrulha do Espaço. 

Também fiquei satisfeito por ouvir vários gritos da plateia a chamar pelo "Lírio de Vidro", ou seja, não foi apenas uma audiência formada por fãs mais modernos, mas houveram muitos conhecedores da história do Rock brasileiro setentista, ali presentes. 

Após o show, muitas pessoas relataram-me que a versão que fizemos para "Mar Metálico" ficara muito parecida com o estilo de bandas Hard-Rock setentista clássicas, como o Uriah Heep e Lucifer's Friend, por exemplo e nos dias posteriores, pelas redes sociais da Internet, muitas pessoas fizeram a mesma observação. 

Realmente, com duas guitarras (Kim Kehl e Rodrigo Hid) e o Marcello Schevano no simulador de órgão Hammond, realmente ficou com essa feição setentista acentuada. 

Eu gostei muito e claro, enquanto tocava, pensei nos amigos, Serginho Santana e Dudu Chermont que não estão mais entre nós e que com tanto brilho gravaram e tocaram tal canção, por muitos anos.

O convidado especial, Kim Kehl, em destaque, com Marta Benévolo ao seu lado, na primeira foto. Kim Kehl em ação na segunda foto e na terceira, Kim Kehl e Rolando Castello Junior em ação. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de Dean Claudio. Fotos 2 e 3: Clicks, acervo e cortesia de Grace Lagôa
Assista acima, a performance de "Mar Metálico". Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Filmagem de Bolívia & Cátia

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=NKd7IrTwXSA

Após a participação de Kim Kehl, foi a vez para um outro componente do "Baranga" ser chamado para atuar. Paulão Thomaz, baterista e uma das figuras mais queridas do meio Rocker paulistano, desde os anos oitenta. 

Rolando Castello Junior fez um discurso emocionado sobre como o Paulão foi um colaborador direto da Patrulha do Espaço, desde os idos de 1978 e o quanto essa amizade sincera fora prolífica, desde então. 

E tamanha foi a reverência, que Paulão tocou no posto do Rolando, logo ele, o único membro original e presente em todas as formações da nossa banda. Com o amigo, Paulão Thomaz a comandar as baquetas, tocamos: "Festa do Rock", música do guitarrista argentino, Eduardo Deposé, e gravada pela Patrulha do Espaço em seu álbum: "Patrulha", lançado em 1982.

 

Na primeira foto, Rolando Castello Junior e o convidado especial, Paulão Thomaz, no palco. Na foto 2, Paulão Thomaz em ação. Foto 3, comigo, Luiz Domingues em destaque. Foto 4, a mostrar Rodrigo Hid em momento de solo e eu (Luiz Domingues) ao lado, de costas. Foto 5, com Marta Benévolo em destaque e Foto 6, com Rolando Castello Junior em ação. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de João Pirovic. Fotos 2, 5 e 7: Clicks, acervo e cortesia de Dean Claudio. Foto 3: Click; acervo e cortesia de Marcelo Crelece. Fotos 4 e 6: Clicks; acervo e cortesia de Bolívia & Cátia  

Mais um convidado foi chamado ao palco e assim, Ricardo Schevano irrompe a ostentar um belíssimo baixo, Rickenbacker 4001, em mãos. 

Mediante o uso de uma pedaleira, absolutamente necessária para o seu número, tocou com a banda, o tema instrumental: "Quatro Cordas e Um Vocal", peça do álbum: "Dormindo em Cama de Pregos", de 2012.  

Tema pesado, mas com complexidades e um solo de baixo intrincado e pleno de efeitos, foi reproduzido com maestria e assim homenageou a cantora do Made in Brazil, Débora Carvalho e também o baixista original da Patrulha do Espaço, Oswaldo "Cokinho" Gennari, que haviam partido deste mundo quase na mesma época, ao final de 2008. 

Infelizmente, tal tema composto pelo saudoso, René Seabra, ganhou conotação saudosa e tripla, pois ele, René, também partiu, precocemente, algum tempo depois.

No momento em que a formação do "CaSch" tocou: "Quatro Cordas e um Vocal". Foto 1: Ricardo Schevano a trabalhar muito bem com o seu baixo, Rickenbacker 4001. Marcello Schevano em destaque na foto 2. Rolando Castello Junior na terceira foto. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de Dean Claudio. Fotos 2 e 3: Clicks. acervo e cortesia de Wan Moraez

Após a ótima participação do Ricardo (e por estar com Rolando e o seu irmão, Marcello no palco, essa formação em trio caracterizou a presença do Power-Trio, "CaSch", novo projeto desenvolvido pelos três e já com disco lançado em 2018 e de certa forma a apontar o futuro de Rolando após o final da Patrulha do Espaço. 

Foto 1: Rolando Castello Junior. Foto 2: eu (Luiz Domingues). Foto 3: Marta Benévolo. Foto 4: Rodrigo Hid. Foto 5 : Marcello Schevano. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Click, acervo e cortesia: João Pirovic

Então, eu, Luiz Domingues e Rodrigo Hid voltamos ao palco e com a formação Chronophágica reunida, tocamos as três últimas canções. Em "Olho Animal" (do LP "Patrulha'85), tivemos a presença de Rogério Fernandes. 

Foi sob improviso, não havíamos ensaiado com ele essa canção, mas não houve dificuldade alguma de sua parte para atuar junto conosco e cantar solo, junto a Marta Benévolo. E a seguir, encerramos com um grande clássico da banda, a emblemática, "Columbia", música das mais queridas do repertório da banda e oriunda do LP "Patrulha", de 1982. 

Emoção a flor da pele, última música do último show da banda, em sua terra natal. Gritos e aplausos a misturarem-se com pedidos de bis.

Flagrantes da banda em sua formação Chronophágica + Marta Benévolo em panorâmica no palco pela lente de diversos fotógrafos. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Ana Amb (foto 1), Antonio Carlos Cervantes (foto 2), Fernando Silveira (foto 3), Leandro Almeida (foto 4) e Milton Medusa (foto 5). 

Apesar das regras espartanas impostas pelo Sesc e já havia uma pressão para encerrarmos, eis que o pedido de bis foi forte e voltamos para executar o clássico do Joelho do Porco, regravado pela nossa banda, em seu álbum "Patrulha" de 1982 e igualmente considerado um clássico em nossa versão. 

"Meus 26 Anos", a significativa canção que todo Rocker que mergulhou de cabeça na música nos anos setenta, tratou por cultivar uma reflexão em termos de receio pela escolha de vida em torno dessa luta de se vive de arte, música e sobretudo, Rock, em um país terceiro-mundista e conduzido por incultos, quase que permanentemente. 

Mas seguimos em frente, tocamos por muitos anos e a missão foi sacramentada. Hora da nave repousar no hangar. 

Um final consciente, quase um anúncio solene e ameno da parte de um Lama tibetano que revela o seu desencarne aos seus discípulos e com o sorriso tranquilo, a denunciar a paz absoluta. A banda cumpriu o seu papel, mediante uma carreira longeva e com um legado sem igual, através de seus discos. Não houve por que chorar, foi o fim de uma missão que logrou êxito.

A banda a agradecer o carinho do público. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de Marcelo Crelece. Foto 2: Click; acervo e cortesia de Ivan Harris

No camarim o Sesc não permite normalmente a visita de amigos e fãs no pós-show (mais um ato fora da praxe do mundo artístico, certamente). Descemos ao saguão e cumprimentamos muitos fãs e amigos queridos que compareceram. E mesmo com muita pressa, eu pude conversar com várias pessoas e agradecer-lhes pelo carinho despendido nesse Concerto de Rock, realizado à moda antiga. 

Alguns dias depois, um amigo mencionou o filme de Martin Scorsese, "The Last Waltz", que retratou o último show da maravilhosa, "The Band", em 1976, ao compará-lo ao nosso show no Sesc Belenzinho. Poxa, e eu que esforçara-me tanto para não emocionar-me pelo aspecto da perda... quase verti uma lágrima depois que li tal manifestação em termos comparativos.

No camarim do Sesc, minutos antes do espetáculo iniciar-se. Da esquerda para a direita: André Miskalo (técnico de gravação), Gustavo Barcelos (técnico de gravação), Rolando Castello Junior, Marta Benévolo, Gabriel Costa, Fábio (em pé, roadie), Rafael Marigo (agachado - técnico de PA / frente), Daniel Delello, Kim Kehl, eu (Luiz Domingues), Marcello Schevano, Rodrigo Hid, Palhinha (seminal guitarrista egresso dos anos 1960) e Xando Zupo. Patrulha do Espaço no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP. 3 de novembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi

Mas haveria um último voo, ainda. Este acima comentado, fora realizado no berço da nossa banda, mas o derradeiro já estava anunciado para o carnaval de 2019, em Santa Catarina, no famoso festival "Psicodália".
E além desse último concerto para 2019, a minha história com a Patrulha do Espaço, há de prolongar-se, talvez até além de 2019, pois fruto desses últimos shows realizados nessa turnê de despedida, muita dessas apresentações foram gravadas e a possibilidade de um ou mais discos com material ao vivo, póstumos, a serem lançados, ficou aberta, aliás, como uma forte possibilidade.
Assista acima, a performance para "Olho Animal" e "Columbia",  no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018. Filmagem: Bolívia & Cátia

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=bJ7chZHDbog

Assista acima, a performance de "Meus 26 Anos",  no Sesc Belenzinho de São Paulo-SP, em 3 de novembro de 2018. Filmagem: Bolívia & Cátia

Eis abaixo o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=xO0tROzJfQc

Como um adendo final em relação ao ano de 2018, em meio a esta turnê final de despedida, eu devo acrescentar que cumprimos com bastante dignidade esses shows e geramos boas histórias adicionais e das quais, muito enriquecem a minha história pessoal com a Patrulha do Espaço. 

Fiquei muito feliz por acumular essas novas experiências às que eu já havia arrolado, anteriormente, quando fui membro da formação entre 1999 e 2004 e agora, a experiência de 2018, não apenas somara-se, como honrara-me pelo seu caráter excepcional. 

Ainda haveria uma etapa em 2019 para ser cumprida e como já salientei, vários desdobramentos em termos de lançamentos discográficos, certamente, no decorrer disso.

Continua...

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