E agora chegara a hora para que apresentássemos um show da nossa turnê, "Toca Raul", em um palco nobre da área central da capital paulista. Não fora a minha primeira vez, pessoalmente a observar, que eu apresentara-me no teatro da Sala Olido, pois eu havia tocado com o "Pedra", ali, em duas oportunidades passadas (2009 e 2013).
E no espaço em anexo, a dita sala de vidro, mais modesta, eu também já havia feito uma apresentação com Kim Kehl & Os Kurandeiros, em 2013. Agora seria mais uma oportunidade com Os Kurandeiros e desta feita a acompanhar, Edy Star e reforçados pelo ótimo percussionista, Michel Machado.
Além disso tudo, em mais um adendo sensacional, teríamos a presença da extraordinária cantora, Renata "Tata" Martinelli, desta feita como convidada, mas em seu caso, com larga participação em eventos anteriores do Edy Star e igualmente como componente honorária d'Os Kurandeiros. Em suma, um prazer enorme pela amizade e brilhantismo em torno da sua enorme categoria como cantora.
Espetáculo marcado para o dia 9 de dezembro, um domingo, sem outros atrativos para tirar a atenção do público e em meio a um local agradável, sob forte acessibilidade, apesar de estarmos experientes em relação aos tempos sombrios onde teatros não lotavam mais e eu particularmente já houvera passado por tal fator desabonador ali mesmo, com o Pedra, como já citei, no entanto, achei que haveria um quórum ao menos razoável e mesmo sem nutrir grandes ilusões, fui confiante em torno dessa expectativa.
Soundcheck na Sala Olido! Foto 1: Michel Machado. Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Luiz Domingues a observar a preparação do som do percussionista, Michel Machado. Foto 4: Edy Star. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido
de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks de Carlinhos Machado
E por ter tido experiências semelhantes nas três vezes anteriores em que ali apresentei-me, eu já sabia de antemão que o estacionamento ali do complexo, não obstante ser gigantesco e ficar a maior parte do tempo, praticamente vazio, era muito complicado para ser usado pelos artistas, devido à burocracia dominante que dificultava ou no mínimo, mostrava-se confusa a gerar aborrecimentos no dia do espetáculo.
Pois veja o drama do artista, amigo leitor, que chega ao complexo, com o seu automóvel repleto de instrumentos e quando não com equipamentos de backline, igualmente a bordo e depara-se ou com a ausência de um porteiro ou com o funcionário ali a postos, entretanto, completamente mal informado ao ponto de negar veementemente a sua entrada, por alegar que não sabe nada sobre a autorização prévia, mesmo que haja em sua cabine, uma lista a conter a marca, modelo e placa de cada carro, devidamente repassada aos responsáveis pela logística, muitos dias antes, em documentos oficiais.
Passei por esse tipo de situação nas ocasiões anteriores em que ali apresentei-me e por conta desse trauma adquirido, salientei aos companheiros que não bastava passar uma lista com esses dados, mas que seria imprescindível haver uma confirmação oficial e bem documentada da parte dos responsáveis pela garagem e/ou produção geral, nesse sentido.
Os colegas tranquilizaram-me a relevar a minha preocupação, mas ressabiado, mesmo ao ter passado os dados do meu automóvel como os demais, resolvi de última hora ir a pé e pelo seguinte motivo adicional: como haveria um amplificador do teatro, em ordem para eu usar (ainda que fosse o indefectível, "Hartke", uma marca abominável), eu só teria que levar um baixo.
Pensei em levar dois instrumentos, dada a pompa e circunstância da ocasião, no entanto, quando projetei-me a ficar em cima de uma calçada, ao ser ameaçado de multa e guincho por autoridades policiais e/ou cercado por pessoas de má reputação (pois a realidade é que aquele trecho do centro velho da cidade é uma extensão da dita "cracolândia"), a esperar surgir ou convencer um porteiro renitente que eu teria autorização para entrar e ele possivelmente negar tal fato, resolvi ir a pé.
De casa, até a estação do metrô mais próxima de minha residência, seria um trajeto rápido e seguro, naquele horário vespertino e na saída da estação República, até a Sala Olido, se a caminhar em linha reta pela Avenida Ipiranga e dobrar a direita na Avenida São João, mesmo com bastante incidência de malandragem urbana, pelo horário e presença policial mais ostensiva, não haveria de ser tão temerário assim.
Foi o que eu fiz, ao abrir mão de levar dois baixos. Deu tudo certo, cheguei sem nenhum sobressalto ao local e fui o primeiro a dar entrada no local. Rapidamente fui autorizado a adentrar o acesso ao andar privativo dos camarins, mas o teatro ainda estava fechado.
Contudo, não demorou muito e um funcionário muito educado e solícito, veio abri-lo e eu instalei-me em um dos camarins. Além da constatação de que fora bem recebido por esse gentil funcionário da produção e mesmo antes pelas recepcionistas do complexo e o segurança do andar, verifiquei que os camarins estavam limpos e arrumados, ou seja, fatores que em ocasiões anteriores em que ali estive, nada disso houvera ocorrido. Portanto, notei que houve uma evolução nítida na organização do teatro, isto é, um ponto positivo.
Eis que a seguir, logo chegou, Carlinhos Machado e o percussionista, Michel Machado. Edy Star a seguir e Kim Kehl e Lara Pap, por último.
Soundcheck. Foto 1: Luiz Domingues. Foto 2: Kim Kehl. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido
de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks de
Carlinhos Machado
O técnico de iluminação fazia a afinação dos spots, mediante o apoio de seu assistente e o técnico de som, já passava o som do monitor, com o apoio de um tablet. Tudo já estava arrumado assim que cheguei, graças à rigorosa observação do mapa de palco que ele recebera previamente. Rapaz educado, foi solícito e atencioso durante a nossa conversação e posterior soundcheck. Mais um ponto positivo.
Eis que Renata "Tata "Martinelli chega ao teatro e juntos, passamos a única música que ela cantaria naquela noite: "A Maçã", uma balada linda do Raul Seixas e que em sua voz privilegiada, haveria por encantar a plateia.
Tudo ajustado, a pressão sonora estava excelente, monitor com brilho e precisão, tivemos alguns minutos para a preparação pessoal nos camarins, antes do público adentrar o recinto. Fomos informados que havia uma boa fila na bilheteria e pelo murmurinho gerado pela entrada liberada, ficamos felizes por termos a confirmação de que haveria um bom contingente presente.
Bem, quando iniciamos o espetáculo, ficamos felizes pelas boas condições do som e iluminação com as quais estávamos a lidar e sobretudo pelo ótimo quórum ali presente, certamente acima das nossas expectativas e melhor ainda, bastante interativo ao show e a incentivar e agraciar Edy e nós, como banda. E com tal sinergia estabelecida, certamente que tudo melhora e assim, foi um show bastante animado.
Foto 1: Edy Star. Foto 2: Luiz Domingues. Foto 3: Carlinhos Machado. Foto 4: Michel Machado. Foto 5: Renata "Tata" Martinelli. Foto 6: Kim Kehl. Kim
Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido
de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de
Weber Japoneis
Além da canção, "A Maçã", que a Tata Martinelli interpretou tão bem (ao ser muito aplaudida pela plateia), acrescentamos mais um número: "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", outro clássico do Raul Seixas.
Encerramos o show com uma apoteótica interpretação do tema: "Sociedade Alternativa", que levantou o público, literalmente, ao gerar uma euforia acima da nossa expectativa. Sob aplausos efusivos e um pedido sincero por um bis, que não pudemos retribuir, pois o horário ali do teatro mostrara-se rígido, saímos felizes do palco.
Foto 1: Michel Machado. Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Carlinhos Machado. Foto 4: Renata "Tata" Martinelli, com Michel Machado, ao fundo. Foto 5: Luiz Domingues. Foto 6: Edy Star. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star na Turnê "Toca Raul". Sala Olido de São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Weber Japoneis
No camarim o assédio foi forte e entre tantos conhecidos, recebi a visita de Samuel Wagner, roadie que trabalhara anos comigo ao ter feito parte da equipe de produção da Patrulha do Espaço e também do Pedra, duas bandas pelas quais atuei.
Grande conhecedor da carreira de Edy e fã de seu trabalho com os Kavernistas, estava eufórico, ao dizer-me que esperava por um bom show, mas fora surpreendido por uma atuação ainda melhor que a sua mais otimista expectativa.
Que bom, se a média ali presente foi formada por fãs de Raul Seixas, Edy Star e dos Kavernistas, certamente que a opinião do Samuel refletira o consenso geral e isso explicara a demonstração de euforia que sentíramos do público, a reverberar no palco. Foi o melhor show da turnê, até então, e sem demérito algum às edições anteriores, isso foi esperado, na medida em que ali seria certamente o espetáculo a ser encenado sob as melhores condições técnicas, portanto, com produção à altura, claro que o espetáculo cresceria.
Na primeira foto, uma panorâmica do palco. Na foto 2, Renata "Tata" Martinelli em destaque, com Luiz Domingues, ao fundo. Na foto 3, Kim Kehl em ação. Kim Kehl & Os Kurandeiros na Turnê "Toca Raul". Sala Olido em São Paulo, em 9 de dezembro de 2018. Foto 1: Click, acervo e cortesia de Pamela Assis. Fotos 2 e 3: Clicks; acervo e cortesia de Paulo Girão
Na mesma noite e pelos dias depois, foram muitas as manifestações de agrado da parte das pessoas que assistiram, mediante comentários muito alvissareiros expressos pelas redes sociais da Internet e assim, ficamos muito gratificados e com uma boa perspectiva para o encerramento oficial da temporada, a ser cumprido na semana subsequente, em mais uma Casa de Cultura localizada em um bairro da capital paulistana.
E como nas duas últimas edições, em um bairro não periférico e sob fácil localização. Eis que visitaríamos a Casa de Cultura do Ipiranga. Missão cumprida no teatro da Sala Olido, no dia 9 de dezembro de 2018, perante cerca de duzentas pessoas.
Eis um especial condensado sobre o show na Sala Olido, em São Paulo:
https://www.youtube.com/watch?v=MRZBTB0ysws
Continua...
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