segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 326 - Por Luiz Domingues

Na semana do show, três ensaios foram convocados. Nessa altura, a lista de convidados estava a apresentar acréscimos. Além de Rubens Gióia e Xando Zupo, eis que eu já sabia sobre o convite formulado para o guitarrista, Kim Kehl. 

Ora, que prazer ter mais um guitarrista com o qual eu tinha um trabalho e no caso, atual, desde 2011, desde que entrei para a sua banda, Kim Kehl & Os Kurandeiros. E a ligação do Kim com a Patrulha do Espaço era forte, igualmente. 

Ele nunca foi membro da banda, mas acompanhara bem o início da fase dessa banda, após a saída de Arnaldo Baptista e quando o Rolando Castello Junior levou adiante a marca ao lado dos saudosos, Oswaldo "Cokinho" Gennari & Dudu Chermont e gravou o primeiro disco da banda após a saída de Arnaldo Baptista (considerado por alguns fãs, como o primeiro da saga da Patrulha do Espaço, de fato, ao ignorar o LP "Elo Perdido", de 1977 e o Bootleg gravado ao vivo, em 1978: "Faremos Uma Noitada Excelente"). 

Pois Kim Kehl não só presenciou ensaios e shows dessa fase, como emprestara uma residência de propriedade de sua avó para a Patrulha do Espaço realizar os seus ensaios nessa fase e a sua banda na ocasião, o "Lírio de Vidro", abriu alguns shows da Patrulha do Espaço, inclusive aquele concerto mítico realizado no Teatro Pixinguinha no Sesc Vila Nova em São Paulo, em 1981, no qual o guitarrista, Dudu Chermont, ao empolgar-se, assumiu ares "Woodstockeanos" e quebrou a sua guitarra Gibson SG, ao melhor estilo de Pete Townshend. 

E há mais um dado: Kim Kehl é o autor da canção, "Mar Metálico", que foi gravada pelo Lírio de Vidro e que a Patrulha do Espaço regravou em seu famoso álbum branco de 1982 e aliás, música essa que tornou-se uma das mais queridas pelos fãs, desse disco citado. 

Outro ótimo convidado, foi Rogério Fernandes. Experiente por ter uma longa carreira com bandas autorais e bandas cover pela noite, Rogério era (é) dono de uma voz verdadeiramente impressionante, com emissão e potência idênticas a de vocalistas internacionais do mais alto quilate. Com ele, ficou combinado que cantasse as músicas: "Serial Killer" e ""Berro". 

E por falar em voz portentosa, eis que sou informado que Xande Saraiva, vocalista e guitarrista do "Baranga", atuaria em "Arrepiado". Também dono de uma voz arrasa-quarteirão e muito bom guitarrista, ele haveria de cantar e tocar muito bem conosco. 

E da mesma banda citada acima, eis que Paulão Thomaz tocaria na própria bateria do Junior, a canção: "Festa do Rock", um outro clássico do repertório do álbum branco de 1982, esta composta pelo grande guitarrista argentino, Eduardo Deposé. 

Paulão também mantinha uma história bonita com a Patrulha do Espaço, por ter sido um fã assíduo dos shows da banda, desde o final dos anos setenta e amigo/colaborador, desde então.

E três feras do baixo estariam a dividir o palco conosco, a revezarem-se comigo. Gabriel Costa é amigo fiel e signatário dos ideais aquarianos que professo, igualmente. 

A sua história com a Patrulha do Espaço remonta aos idos de 2001, quando a nossa nave azulada aterrissou em São Carlos, no interior de São Paulo e a sua então ótima banda, o "Homem com Asas", abriu o nosso show e assim ocorreu por muitas vezes nos anos vindouros. 

Ricardo Schevano, outro membro do Baranga, irmão de Marcello Schevano e meu ex-aluno nos anos noventa, tocaria a faixa: "Quatro Cordas e um Vocal", uma canção mais moderna da Patrulha do Espaço, composta pelo saudoso, Renê Seabra, em homenagem ao baixista original da nossa banda, o Cokinho e também à ex-vocalista do Made in Brazil, Débora, ambos falecidos quase na mesma época, ao final de 2008. 

E finalmente, Daniel Delello, o mais caçula dos convidados, baixista excelente e membro regular da banda nos últimos anos em sua última formação regular.

Ensaio do dia 31 de outubro de 2018, registrado devidamente pelo selfie perpetrado por Marta Benévolo. No sentido relógio, Marta Benévolo, Gabriel Costa, Rodrigo Hid, Marcello Schevano, eu (Luiz Domingues) e Rolando Castello Junior. Estúdio Orra Meu, em São Paulo. Click (selfie), acervo e cortesia de Marta Benévolo

No primeiro ensaio, marcado para o dia 31 de outubro de 2018, passamos várias músicas com a formação final, que consistiu da formação Chronophágica completa, com o acréscimo de Marta Benévolo. 

Executamos com tranquilidade o repertório base e o amigo, Gabriel Costa, participou igualmente, quando ensaiou com a banda, a música: "Ovnis", do disco "Patrulha 4", lançado em 1984. 

No dia seguinte, 1º de novembro, eis que ensaiamos com Xando Zupo e Rogério Fernandes para prepararmos, "Serial Killer", com o Marcello Schevano a pilotar guitarra, também. E com o Rodrigo a tocar o órgão Hammond, a formação Chronophágica e Xando Zupo, reviveram, "Livre Como Você" e devo comentar que ficou um balanço e tanto ao animar-me em relação à sua gravação. 

E com o Kim Kehl, fizemos um "Mar Metálico" muito encorpado, pois Rodrigo Hid também tocou guitarra e o Marcello comandou o Hammond. Ficou muito parecida com o estilo de bandas Hard-Rock setentistas clássicas do melhor padrão britânico e também animou-me muito, nesse sentido. 

E finalmente na sexta-feira, dia 2 de novembro, Ricardo Schevano e Daniel Delello passaram as suas canções com a banda. E também, Xande Saraiva, que cantou com emoção a música: "Arrepiado" e fez um solo com Slide Guitar, para arrepiar, de fato. 

Lastimavelmente, o meu amigo, Rubens Gióia, não compareceu ao ensaio. Um boato não confirmado deu ciência de que ele havia sofrido um pequeno acidente doméstico na sua residência, um ou dois dias anteriormente e com uma das mãos a sofrer um corte substancial, inviabilizara a sua participação no show. Mas não obtivemos tal confirmação, mesmo com o Junior a tentar o contato telefônico e mediante recados em redes sociais, via inbox. 

Paciência, a providência adotada foi cortar a canção, "Gata" e ali no improviso, cogitamos substituí-la por: "Homem Carbono" ou "Tudo Vai Mudar". Mas nós não passamos tais canções como seria prudente por precaução, pois o horário do ensaio esgotara-se e entre outros empecilhos, o Rodrigo Hid tinha uma apresentação sua, acústica, a ser realizada em uma casa noturna, e já encontrava-se atrasado para o seu compromisso. Portanto, só combinamos horário de chegada no Sesc Belenzinho e assim foi a véspera do último concerto de Rock da Patrulha do Espaço, em sua terra natal.

Em uma animada roda de conversa e ali haviam tantos amigos presentes, foi quando alguém perguntou a esmo: -"e se amanhã alguém emocionar-se ao defrontar a realidade de que tratar-se-á da despedida da banda, de sua cidade natal?" Eu tomei a palavra e exortei todos a pensarem com alegria para com esse espetáculo, ao terem em mente o fato da banda apresentar uma carreira longeva, com muitos frutos gerados e que serão eternos, no caso, os álbuns.

De fato, não falei para coibir uma comoção que poderia desestabilizar a todos, mas por que realmente pensei nessa premissa sobre aquela circunstância

Foi a hora do adeus, definitivo... 

Continua...

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