terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 100 - Por Luiz Domingues

A última vez que nos apresentáramos no Tchê Café, fora ao final de dezembro de 2017. E como último show daquele ano, tal oportunidade ofertara-me a oportunidade em pensar o quanto aquele ano de 2017, fora produtivo para Kim Kehl & Os Kurandeiros. 

Portanto, ficamos contentes em voltar àquela casa simpática e também, após tantos shows ocorridos em bairros distantes, eis que ir tocar perto do aeroporto de Congonhas, foi muito reconfortante pela curta distância, pouca possibilidade em ter que enfrentar um desgastante trânsito e sobretudo em ter a preocupação em trafegar por caminhos desconhecidos. E assim, ainda a considerar-se ser um sábado, eu rapidamente cheguei ao local e os meus colegas, Kim Kehl e Carlinhos Machado, já estavam no local e com o seu equipamento montado, apenas a aguardarem-me. 

A predisposição da casa em ceder todo o equipamento e até os instrumentos, permanecera intacta, e assim, fizemos uso do PA, amplificadores e da carcaça da bateria, mas eu não quis desta feita usar os baixos disponibilizados pela casa e assim saquei o meu instrumento do meu "bag", preparei-me e o afinei. 

Estávamos com tempo hábil e dessa forma, pudemos ainda conversar com tranquilidade, antes de iniciarmos a nossa apresentação.

Kim Kehl, Carlinhos Machado, na bateria e eu (Luiz Domingues), nas duas fotos. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo / SP. 10 de novembro de 2018. Clicks: Lara Pap

Foi quando começamos e foi uma sessão inicial híbrida, a conter música autoral e releituras para clássicos, mas não muito ameno, conforme o Kim alardeara querer imprimir, quando relatou-nos que passara a semana constipado e que a sua voz não estava 100% para enfrentar uma apresentação longa, a conter várias entradas. 

Sei como é, na hora da adrenalina do palco a empolgação advém e o artista ignora os seus cuidados pessoais e coloca a performance à frente da prudência em conter-se para preservar a sua saúde. Não foi o ideal para ele, ao pensar-se na sua recuperação pessoal em termos de saúde, mas para a banda, é claro que tocar com maior energia, foi ótimo. 

O que não foi bom, no entanto, ocorreu que a carcaça da bateria disponibilizada pela casa, que estava muito machucada. Sem ajustes, e por tanto que as suas presilhas estavam espanadas, foi torturante para o Carlinhos trabalhar e ainda com o show em curso, ele arrancou o tom da armação do bumbo e passou a contar apenas com a caixa e o surdo para promover as suas viradas obrigadas a serem econômicas e claro que isso repercutiu na performance da banda, apesar do nosso entusiasmo. 

E o mesmo caso ocorreu com o Kim, que ao usar o amplificador da casa, ele sofreu com o seu mau estado, talvez pela ausência de manutenção, ao ter tornado-se um aparelho público, praticamente. Ficou o alerta para uma possível volta à casa, quando certamente levaríamos o nosso equipamento.  

Na mesma configuração da foto anterior. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo-SP. 10 de novembro de 2018. Clicks: Lara Pap

Ainda tocávamos músicas a cumprir a primeira entrada do espetáculo, quando eu observei adentrar o recinto, a figura simpaticíssima do guitarrista, Wilson Ricoy, acompanhado de sua esposa e filho. Guitarrista da pesada, versado pelo Blues e Classic Rock em linhas gerais, mas também a cultivar apreço pessoal para diversas outras vertentes da música, Ricoy é também um Ser Humano excepcional e certamente que a perspectiva de contar com a sua prazerosa companhia, foi alvissareiro. 

E assim ocorreu, quando no intervalo, pudemos conversar com calma e ele narrou-me que estava a morar em São Paulo, após longa permanência em São José dos Campos-SP e que a sua família adaptara-se bem. Seu filho, já na faixa de quatorze anos de idade, estava a estudar baixo, mesmo já tendo aprendido a tocar guitarra com ele, Ricoy.

Na mesma configuração da foto anterior. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo-SP. 10 de novembro de 2018. Clicks: Lara Pap

Voltamos a tocar e a contrariar o ímpeto Rocker, o Kim acusou o golpe às suas combalidas cordas vocais que não estavam realmente em condições para voos mais altos naquela noite e assim, tocamos uma sessão mais amena com Blues e baladas. 

E o público presente surpreendeu-se com o teor das baladas, visto que a quantidade de canções oriundas do final dos anos sessenta e início dos setenta que ali executamos, foi saudada de uma forma muito grande a denotar que apreciavam-nas, mesmo que na aparência, ninguém ali estava na faixa etária para reconhecê-las, portanto, ou seriam conhecedores de música ou por coincidência, ouviam os discos de seus pais, ou mesmo dos avós.

Na mesma configuração da foto anterior. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo-SP. 10 de novembro de 2018. Clicks: Lara Pap

E como a sinergia geralmente estabelece o tom do show, ao sentirmos tal retorno positivo, naturalmente o Kim empolgou-se novamente e ao mandar às favas os seus cuidados com a garganta machucada, colocou ímpeto novamente em seus esforços e ali tocamos mais alguns temas mais pesados, versados pelo Hard-Rock setentista, mesclados aos nosso material autoral. Final com euforia e a esperar que a garganta do Kim não sofresse muito nos dias posteriores, encerramos bem essa apresentação.  

Da esquerda para a direita: Wilson Ricoy, eu (Luiz Domingues), Edu Rocker e o último rapaz, fiquei sem saber o seu nome. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo-SP. 10 de novembro de 2018. Acervo e cortesia: Wilson Ricoy. Clicks: Senhora Ricoy   

Noitada boa, ficamos felizes por tocar ali novamente e rever, Wilson Ricoy e a sua família e dois amigos que ele convidara para assistir-nos. Então foi assim, noite de 10 de novembro de 2018, no Tchê Café de São Paulo. A próxima atuação, seria na retomada da turnê, "Toca Raul", no início de dezembro. 
Foto 1: Carlinhos Machado a arrumar a sua bateria, antes do show começar. Foto 2: O casal Kurandeiro, Kim Kehl & Lara Pap na mesa/loja ambulante do merchandising da banda. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo-SP. 10 de novembro de 2018. Clicks: Luiz Domingues

Continua...

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