Bem, nós soubemos que um soundcheck seria inviável, pois o festival estava em pleno curso e programaram-nos para tocar no horário de uma hora da manhã. Portanto, a se configurar como cerca de dezesseis horas apenas naquele instante, quando chegamos à cidade, o jeito foi repousar no hotel e nem daria para pensar em conhecer a cidade, visto que chovia e fazia um frio considerável.
Pois muito bem, foi o que fizemos. E no horário combinado, cerca de meia noite, lá estava a comitiva reunida dentro da van e mediante GPS, fomos ao local do show, que mostrou-se um clube com uma pequena dimensão, encravado em um mini bosque charmoso, apesar da condição atmosférica não mostrar-se nada favorável naquele instante, para uma melhor avaliação in loco.
A experiente produtora, Manu Santana, que estava conosco na condição de convidada, no entanto, tomou a dianteira para facilitar a nossa logística ali e foi providencial contar com a sua força de trabalho eficaz.
Chegamos perto ao local e de fato haviam muitos jovens a circularem pelo local e assim que descemos e fomos em direção ao camarim, eis que cercaram-nos e eu culminei em desgarrar-me da comitiva, momentaneamente, quando fui bastante assediado para tirar fotos e ouvir elogios rasgados ao trabalho e o quanto estavam contentes por estarmos ali. Ora, como não ficar gratificado em exercer na prática, aquela máxima preconizada pelo grande, Milton Nascimento? Pois é, o artista tem que estar aonde o povo está...
A aguardar o início do show, enquanto os preparativos da troca de set up em relação à atuação da banda anterior para a nossa, fosse concluída, Algum fã sinaliza-me nesse momento do click. Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa
Fui o mais simpático possível, deixei-me fotografar, conversei, mas se eu não tomasse uma atitude, ficaria retido ali e então, tive que pedir licença e procurar o camarim.
Não era um clube com grandes dependências, mas essa dispersão deixou-me sem orientação momentânea. Errei o caminho em princípio e senti-me como um componente da banda fictícia/humorística, "Spinal Tap" a procurar o camarim em meio ao público, mas eis que logo o descobri.
Bem, o improviso gerado pela mudança de endereço, ficara visível, pois deveria ter sido um festival com grande proporção, mas ali naquele pequeno clube, o bastidor bem mais modesto, fez-me recordar dos anos noventa, quando eu toquei no Pitbulls on Crack e enfrentei diversas maratonas assim, com muitas bandas a apresentarem-se em clubes de média proporção. Tudo bem, foi pela força das circunstâncias, não fiquei incomodado.
As pessoas responsáveis pela produção do festival, mostraram-se solícitas e esforçaram-se para proporcionar-nos o máximo de conforto e suporte, que foi possível.
Uma constatação apenas desagradável, assim que chegamos ao ambiente, uma banda se apresentava naquele instante e o seu repertório era tão somente baseado em covers. Enquanto aguardamos a nossa vez, uma outra apresentou-se a seguir e a tocar covers e assim que encerramos, outra entrou no palco e ... mais covers internacionais.
Ora, tudo bem, eram bons músicos a executarem covers oriundos do cancioneiro do Rock setentista em predominância, ou seja, é sempre agradável ouvir Led Zeppelin e contemporâneos dessa estirpe, mas alto lá: desde que instalado confortavelmente em sua casa, a ouvir os discos dos artistas originais, não é mesmo?
Um festival com tantas bandas e a conter uma banda da tradição da Patrulha do Espaço e outras com razoável fama (Carlos Daffé, Os Replicantes, Brasil Papaya) e um monte de outras bandas ali escaladas para participarem e sem uma única música autoral sequer, no seu set list?
Fiquei desapontado com tal predisposição do festival, ainda mais ao saber que este contava com o apoio público estadual e federal, ou seja, o fomento à cultura não sendo melhor aproveitado. E por falta de artistas locais bons, não foi. Espalhados por Santa Catarina, eram/são muitos e só para citar alguns poucos dessa ocasião: Epopeia, Os Depira, Das Aranha, Liza Bueno, o guitarrista, Pevê etc.
Nada contra os garotos que tocaram, mas um festival deveria existir para dar espaço para artistas mostrarem o seu trabalho autoral e não a se revelar como um mero ambiente para baladas, ainda que o set list proposto, fosse agradável aos meus ouvidos Rockers e vintage.
Flagrantes do nosso show. Patrulha
do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13
de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso
Costa
Bem, sem soundcheck, mas a contar com a boa vontade da equipe responsável pelo som e o providencial apoio do amigo, Cristiano, tudo foi montado com relativa rapidez e eficácia.
Em poucos minutos, nós iniciamos o nosso show e este transcorreu com muita energia. Não houve ali presente uma super multidão como fora projetada pelos idealizadores do festival, mas quem esteve ali, vibrou muito e ocorreu uma comovente interação da parte de um grande contingente que aglomerou-se em frente ao palco e cantou todas as músicas com todo o vigor de seus respectivos pulmões. Chegamos a ficarmos impressionados e mais ainda por constatarmos que eram bem jovens, com a aparência de terem nascido bem depois da fundação da nossa banda, quiçá fossem crianças ainda quando vivemos a formação Chronophágica da nossa formação.
Mais flagrantes do show. Patrulha
do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13
de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso
Costa
Fomos a tocar com essa resposta sensacional, houve uma boa margem para improvisos, interação com a plateia (com a distribuição de alguns brindes da parte da banda) e todo mundo ficou feliz ali.
No palco, o som se provou compactado. Não foi uma monitoração dos sonhos, mas o técnico deu o seu melhor ali, ao mostrar-se solícito às nossa reivindicações. Teve uma pressão boa e no meu caso, toquei em um amplificador exótico cujo nome nem recordo-me. Não era "handmade", tampouco alguma marca e modelo clássico que fosse facilmente identificado, entretanto, apesar desse exotismo todo, eu consegui extrair peso e timbre, portanto, fiquei satisfeito.
E o Rodrigo, apesar de ter à sua disposição um amplificador de segunda linha, extraiu um som espetacular, o que despertou até comentários de outros músicos ali presentes. De fato, ele foi feliz no ajuste, pois que em via de regra é difícil tirar som de um combo Marshall Valvestate.
Missão cumprida em Caçador-SC, encerramos com comoção e pedido de bis. Foi uma ovação e ficamos contentes, certamente.
Missão cumprida, uma das últimas dessa nave ave... Patrulha
do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13
de outubro de 2018. Click, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso
Costa
Voltamos para o hotel, extenuados. Apesar do conforto da van e da direção ultra segura da parte do motorista, Mauro, a verdade foi que a viagem cansara-nos.
Bem, descansamos bem e no domingo por volta de onze horas da manhã, pusemo-nos a circular rumo a Curitiba. Nesta altura, eu e Rodrigo já sabíamos que não voltaríamos através de avião para São Paulo e já estávamos conformados com a ideia de viajarmos no uso de um ônibus de linha.
Mas quando vimos a opção mais próxima para ônibus leito, ser possível apenas para a alta madrugada de segunda-feira, decidimos enfrentar o ônibus tradicional.
Despedimo-nos dos amigos e dito e feito: com chuva e bastante frio na rodoviária de Curitiba, eis que entramos no bólido das 19 horas e assim, cansados, mas com vontade acentuada para voltarmos logo para a casa, foi por volta de 1:30 da manhã que eu entrei em minha residência em São Paulo, enfim, e senti-me feliz por ter cumprido mais uma etapa nesse esforço final para que essa banda repousasse no hangar, definitivamente.
Próxima parada: Sesc Belenzinho, em São Paulo City, o último show na terra natal dessa banda...
Nos bastidores do pós-show: Eu (Luiz Domingues), Cristiano Rocha Affonso Costa e Marta Benévolo. Patrulha do Espaço no Festival Hunterstock, na Arena Mix de Caçador-SC em 13 de outubro de 2018. Acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa. Click: Lorena Rocha Affonso Costa
Continua...
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