Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Autobiografia na Música - Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 3 - Por Luiz Domingues
Acho incrível como pessoas esclarecidas não enxergam o óbvio ululante. Esse manifesto pela antimúsica criado por Malcolm McLaren, fora um mero golpe de marketing para promover a sua loja de artigos sadomasoquistas, e para tal intento, usara o Sex Pistols como garotos propaganda de seu golpe. Esse artifício em "chocar" com atitudes ultrajantes, foi para ter durado muito pouco tempo, mas o grande estrago mesmo, foi parte da mídia e os ditos "formadores de opinião", ao comprar essa ideia, e alçá-la a um patamar de superestimação exageradíssima. Com essa atitude, abriram não uma porta, mas um portal, para destruir todo o Rock e instituir uma interminável Era de obscuridade no gênero. Com a formatação do conceito de que "não era preciso saber tocar um instrumento, para ter uma banda", causaram um estrago sem precedentes, ao abrir espaço para o enaltecimento de pseudo-artistas, uma geração de músicos dotados com péssima condição técnica. Como enfatiza o próprio Ciro (inclusive já o vi a falar sobre isso, publicamente, em um documentário), foi uma geração de bandas "raquíticas". Pior e mais odioso do que enaltecer essa cambada de músicos péssimos, fora a agravante em massacrar, via mídia, a geração anterior. Nunca concordei com isso, é lógico !
Além de não achar razoável exercer o conceito de niilismo dessa forma, não conformo-me com o fato de agir-se deliberadamente para destruir a imagem do passado, pois é claro que trata-se de uma atitude fascista da pior espécie.
Qualquer semelhança com um famoso romance de Ray Bradbury, não é mera coincidência. Não incomodar-me-ia em nada, que o Punk-Rock existisse, se não houvesse em seu bojo, toda essa execrável estratégia de marketing agressiva, e de viés nazifascista.
Se apenas exercessem o seu direito em querer ser toscos e não aprender a tocar, tudo bem, para o meu conceito. Aceitaria democraticamente a diferença de mentalidade e eticamente, até apoiaria o fato deles ter esse direito ao livre arbítrio. Mesmo por que, só acredito em arte como expressão livre e espontânea. Pelo fato de não gostar da musicalidade ou no caso deles, ausência de, a minha opção respeitosa seria apenas baseada em não comprar discos ou assistir shows de tais artistas. Mas infelizmente não foi assim que os fatos de 1977, e sua decorrência, ocorreram. O fato de trabalhar acintosamente nesse sentido para execrar a música bem feita e executada, foi o que sempre incomodou-me. Eu gosto de muitos artistas que tem um espectro de atuação, baseado na simplicidade musical. Não tenho nada contra artistas que baseiam o seu trabalho sob um formato musical simples.
Na minha estante de discos, o T.Rex vive em perfeita harmonia com o Gentle Giant. São extremos. Um é extremamente simples. O seu líder, Marc Bolan, morreu a saber fazer apenas seis acordes na guitarra, e só os básicos, nada sofisticados.
O outro, é o supra-sumo da sofisticação musical. E o que os une ?
O mesmo produtor, um sujeito ítaloamericano, chamado : Tony Visconti. Portanto, eu nunca acreditei que a sofisticação musical deveria ser extirpada do Rock, como decretaram os seguidores de Malcolm McLaren. Em resumo : graças a instituição dessa mentalidade, o estrago criado foi enorme, e o tempo decorrido em consequência disso, inacreditável ! Reafirmo, tal mentalidade foi mega, ultra superestimada e o preço que pagamos por isso, é o de amargarmos trinta e sete anos (a publicar neste Blog, em 2014), de trevas no Rock, com raros e efêmeros lampejos de revitalização. Diante desse quadro, quando o Kim convidou-me para fazer parte da banda de apoio do Ciro, não que eu tivesse essa apreensão (mesmo por que, a minha insatisfação sempre foi institucional e jamais pessoal contra entusiastas dessa estética), mas por um breve instante, passou pela minha imaginação, que eu trabalharia com alguém daquela cena do Pós-Punk oitentista e daí, poderia esbarrar em controvérsias ideológicas. Contudo, essa pequena apreensão dissipar-se-ia, e pelo contrário, eu teria uma grata, muito grata surpresa ao conhecer enfim, o Ciro Pessoa...
Continua...
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