quinta-feira, 19 de junho de 2014

Autobiografia na Música - Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 3 - Por Luiz Domingues


Nesse recado, o Kim foi direto, e forneceu-me os seus telefones, ao convidar-me a ligar, e assim conversarmos mais detalhadamente sobre os seus planos imediatos. Um dos trabalhos, era obviamente integrar a sua banda, chamada como : Kim Kehl & Os Kurandeiros, com dois CD's lançados oficialmente, e uma infinidade de promos disponíveis pela internet. O trabalho seguia a linha básica do Rock'n Roll e do Blues, e assim, o som dos Kurandeiros também passeava pelo R'n'B; Soul; Pop; Country; Gospel; Folk, e demais derivados da raiz negra, norteamericana. Na ativa desde 1992, os Kurandeiros de Kim Kehl tinham bastante estrada & histórias.

E a outra proposta, surpreendeu-me : o Kim estava na banda de apoio do cantor / compositor, Ciro Pessoa, um ex-Titãs, e Ex- Cabine C, bandas oitentistas, e egressas da cena do Pós-Punk. 

Em princípio, achei exótico lidar com alguém dessa cena que sempre julguei ser antagônica aos meus ideais, mas claro que deixei preconceitos de lado, e aceitei conhecer o trabalho, e certamente entrar nele. Logo mais falo sobre a surpresa agradável que eu teria nesse contato com o Ciro, e muito pelo contrário, estabeleceria amizade instantânea com ele, e passaria a apreciar muito o seu trabalho solo, contido nos seus discos pós Titãs e Cabine C. Já estou a contar essa história paralela sobre minha a participação na banda do Ciro Pessoa, aqui no Blog 2. 

De volta a narrar sobre Kim Kehl & Os Kurandeiros, a minha conversa com o Kim foi muito positiva pelo telefone, e dessa forma, eu logo aceitei entrar na banda e trabalhar com ele. O baterista do "KK & K" era um velho amigo, que eu conhecia desde o início dos anos noventa, o Carlinhos Machado, um sujeito sensacional. Ele é uma das personalidades mais cativantes do métier do Rock paulistano, com mil histórias sobre os anos setenta etc. 

Eu o conhecera na loja do baixista, Sérgio Takara, quando ele, Carlinhos, também possuíra uma loja na mesma galeria da Rua Teodoro Sampaio. O Takara fora baixista dos Kurandeiros por muitos anos e lá em sua loja, eu também conheci o Kim, formalmente, nos anos noventa, embora o conhecesse de vista desde os anos oitenta. Portanto, entrar para o KK & K seria (e foi), muito agradável nesse aspecto, pois eu soube de antemão que não haveria nenhum problema de adaptação, ao sentir-me entre amigos, desde o início. E teve mais ! Naquele momento, o baixista em ação na banda, era o Glauco Teixeira, meu ex-aluno e um grande amigo, que aliás teceu várias considerações, em vários tópicos desta autobiografia, iniciada na plataforma da extinta rede social, Orkut. 
KK&K na Feira da Pompeia em maio de 2011, três meses antes de eu entrar na banda, e com Glauco Teixeira no baixo

Eu mesmo havia sugerido que ele entrasse nos Kurandeiros, tempos antes, ao fazer uma ponte, e agora, eu entraria no seu lugar, pois a agenda dele em sua outra atividade profissional, não estava a ajustar-se adequadamente à agenda dos Kurandeiros. Portanto, o KK & K tinha (e tem), um clima de irmandade muito grande para a minha história na música, e não só por esses músicos citados, mas por outros que citarei neste relato.

Esse contato telefônico ocorreu mais ou menos na metade de agosto de 2011. O Kim mandou-me arquivos, via E-Mail, de músicas para eu ir a preparar, mas com calma, sem previsão de estreia em curto prazo. O repertório inicial que recebi forjara-se em termos de Rocks e Blues, com pegada rítmica e harmônica, tradicional. Aparentemente seria simples para executar, mas eu sabia bem que no caso dos Blues, enganava-se o músico desinformado, que fosse "fácil" tocar, por conta da  sua aperente simplicidade harmônica. Na verdade, um Bluesman experiente, sabe bem quando alguém mete-se a tocar blues, e não é do ramo. Por isso, apesar de preparar o grosso das músicas, eu sabia que no momento crucial, haveria macetes aos quais, eu não tinha familiaridade para lidar com desenvoltura, e todo cuidado seria pouco. Porém, tudo ficou mais assustador, quando recebi o telefonema do Kim, em uma segunda-feira, dia 22 de agosto de 2011 ! De súbito, disse-me que o Glauco já não poderia estar presente no próximo show, e pediu-me para que eu empreendesse o "sacrifício" em encarar essa apresentação, já na quarta-feira subsequente, dia 24 de agosto.

-"Tudo bem, vamos lá"... respondi-lhe. Muito experiente e compreensivo, o Kim agradeceu e tranquilizou-me, ao dizer-me que ajudar-me-ia, e que falhas seriam relevadas, para eu tocar tranquilo. E assim, sem ensaios, fui para o meu primeiro show com os Kurandeiros de Kim Kehl...



Continua...

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