Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
quarta-feira, 25 de março de 2015
Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 241 - Por Luiz Domingues
Na Revista Rock Stars nº 16, saiu a seguinte resenha :
"Firme no propósito pela conquista de um lugar ao sol, prossegue em sua batalha o grupo paulista A Chave do Sol, que está lançando agora seu primeiro LP, através do selo independente Baratos Afins. A banda existe desde setembro de 1982, e iniciou suas atividades como um trio, contando com Rubens Gióia (guitarra); Zé Luis (bateria) e Luiz Domingues (baixo). Recentemente, um quarto elemento se juntou a eles : foi o vocalista Fran, que já comparece no LP.
É interessante perceber que tais grupos se esmeram no sentido de proporcionar à juventude brasileira algo melhor que os campeões de danceteria (Barão Vermelho, Titãs & Caterva), que se acomodaram em seu modelo pequeno-burguês, e se esqueceram que o Brasil está mais para favela do que para glitter. No LP da Chave, destaque para "Um Minuto Além" ("O mundo teria de ser um lugar onde todos pudessem viver / Com a certeza de um amanhã melhor / Com a certeza de um lugar ao sol / Eu só queria entender por que tantas diferenças sociais ? / Tantas discriminações ? Somos todos iguais"...
Presente também no LP, a faixa instrumental "Crisis (Maya)", que conta com a participação do tecladista Daril Parisi (do Platina). Estamos torcendo para que a banda atinja seus objetivos, marcando assim, uma importante etapa da música jovem brasileira".
A resenha não está assinada, mas pelo seu estilo e vocabulário usado, está patente tratar-se da autoria do editor, Valdir Montanari, que realmente expressava-se com bastante apreço à norma culta da língua portuguesa, pois além de ser jornalista musical, era também professor de física em um colégio tradicional da zona sul de São Paulo, e nos seus textos, a formalidade; o bom uso do idioma; e a ausência de gírias, eram marcas registradas pela sua forma didática em comunicar-se. Infelizmente, ele citou tratar-se de um LP, o tempo todo, mas na verdade, fora um EP, como é sabido. Mais uma confusão gerada pela falta de ênfase na capa do disco, para deixar clara a rotação alternativa e adequada para ouvi-lo.
Bem, muito interessante ele ter pego o gancho da sociologia política, baseado na letra de "Um Minuto Além". A alfinetada no BR-Rock parece não ter sido no alvo correto, no entanto, pois a despeito da fragilidade musical das duas bandas que ele citou, no quesito letras, tais artistas não foram nem de longe os piores dentro dessa seara, e pelo contrário, muito provavelmente tiveram nesse quesito, o seu ponto forte. Aliás, justiça seja feita, no caso do Barão Vermelho, o seu cantor, Cazuza, escrevia boas letras, com conteúdo e poesia, e se havia restrições, sem dúvida eram relacionadas à duvidosa performance dele como cantor, e a fragilidade da banda, na parte instrumental (deixo a ressalva, que a banda melhorou muito, anos depois).
Porém, ele estava a enaltecer-nos, e naturalmente que nós apreciamos essa colocação, ainda que em termos comparativos inadequados, ao meu ver. Acho que ele gostou mesmo foi do teor sociopolítico da letra, e acabou por citar: "Crisis (Maya)", por ser instrumental e com elementos nítidos em torno da corrente do Jazz-Rock, ou seja, algo muito mais próximo da sonoridade setentista que ele mesmo, Valdir, apreciava. A resenha saiu com uma foto da banda, proveniente daquela sessão toda equivocada e cuja história da sua produção, eu já contei, e é lastimável que a fotógrafa tenha enquadrado-nos sob um fundo negro improvisado e todo torto. Bem, posso dar a desculpa de que tratou-se de um cenário "expressionista alemão", inspirado nos filmes do diretor, Fritz Lang, para dourar a pílula, mas na realidade, fora um pano preto; muito mal fixado na parede branca, e que ficou abominavelmente torto, por acidente e tão somente...
Continua...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Não tinha noção da quantidade de matérias que "A Chave do Sol" participou, muito legal e ver as fotos, os recortes me fez sentir como se estivesse vivendo tudo isso agora. Muito bom!!
ResponderExcluirSim e tem muito mais material, que pretendo usar como apoio ilustrativo dos capítulos.
ExcluirGrato por estar acompanhando !