quinta-feira, 5 de março de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 68 - Por Luiz Domingues

Mesmo assim, insistimos bastante em tentar gravar ali naquele estúdio, mesmo por que, o Geraldo estava muito empolgado com a perspectiva, pois havia gostado do nosso som. De fato, esse foi um dos fatores que prendeu-nos ainda por algum tempo naquele estúdio, a sofrer com as limitações técnicas gritantes, que era uma  peculiaridade sua. As tentativas para equalizar-se o som de captura da bateria, foram feitas em  tardes / noites mediante a sensação de agonia, e só foram amenizadas com o costumeiro bom humor dos membros do Pitbulls on Crack, que contagiavam o Geraldo, positivamente.

Contudo, o fato concreto foi que os cabos falhavam, e as mandadas para os patches dos periféricos, eram revistas o tempo todo, para checar-se a fonte das intermináveis interferências marcadas pelos ruídos irritantesetc. E assim arrastou-se novembro e dezembro, sem que conseguíssemos passar dessa fase primária da produção inicial em estúdio. As minhas lembranças desses últimos meses de 1995 para o Pitbulls on Crack, resumem-se à esse estúdio, no que teve de ruim em meio à agonia sem fim, e eventualmente nos momentos marcados pela descontração, através do festival de piadas & pilhérias sempre perpetradas pelos membros da banda, onde o Geraldo acabava a entrar na euforia, também, o que certamente aliviava a tensão dos momentos em que ele aborrecia-se muito com as deficiências técnicas que insistiam em sabotar o seu trabalho. Nesses momentos bons, relaciono também as histórias dos anos setenta que contava-nos, sobre a sua trajetória musical com "O Peso", uma banda que eu admirava (e continuo a admirar), muito.


Nessa segunda foto, com o "Blue Rondo a La Turk", Geraldo é o terceiro da esquerda para a direita, de chapéu e bigode, a parecer caracterizado para atuar em um filme dos anos trinta do século XX...

Ele falava também sobre a banda britânica, "Blue Rondo a La Turk", grupo onde foi o seu baterista, em Londres, e que aliás, fez um discreto sucesso no meio da década de 1980.



Eis acima, um vídeo clip engraçado do "Blue Rondo a la Turk", a apresentar um som Pop, ultra oitentista, naturalmente...

Tratou-se de uma banda bem "dândi", naquela transição do Pós-Punk, para aquela safra de artistas com postura blasé, como : "Style Council"; "Sade Adu"; "Frankie Goes to Hollywood" etc. O grande feito do "BRLT" foi u sua participação em um longa-metragem protagonizado por David Bowie ("Absolute Begginers"). Segundo o Geraldo, o Bowie foi simpático com os componentes dessa banda, no set de filmagem. E claro, muitas histórias malucas dos anos sessenta. Ele contou-nos várias sobre os Hippies do Rio de Janeiro naquela época etc. Porém, a despeito desses momentos descontraídos, em meio a uma conversa informal, o trabalho no estúdio tornara-se um martírio para todos, com as inacreditáveis paralisações ocorridas devido às falhas do equipamento. O clima pôs-se a ficar tenso, e ao verificarmos que o estúdio não conseguiria resolver tais falhas a contento, pressionamos a gravadora para colocar-nos em outro estúdio, com condições técnicas mínimas para o trabalho fluir.

Continua...

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