quarta-feira, 4 de março de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 66 - Por Luiz Domingues


Foi então que na tarde de um dia de setembro de 1995, eu e Chris Skepis fomos cumprir uma visita ao estúdio sugerido pela gravadora, e conversar enfim com o Geraldo D'Arbilly. O Chris já conhecia-o desde o final dos anos oitenta, quando o Geraldo fora produtor da casa de shows, Aeroanta. Inclusive, conforme relatei no capítulo, "Trabalhos Avulsos", eu e Skepis chegamos a montar um "T.Rex" Cover com o baterista, Paolo Girardello, exatamente motivados pela perspectiva em tocarmos no Aeroanta, visto que o Geraldo havia adorado a ideia, sem contar que ele também era um fã da banda de Marc Bolan, como nós. O estúdio em questão, era longínquo. Ficava localizado no bairro de Utinga, em Santo André, cidade da região do ABC paulista.

Estava próximo ao Moinho São Jorge, para quem conhece bem a cidade de Santo André. Na base do mapa impresso (via Guia impresso, sob uma Era pré-GPS / Google Maps), achamos com dificuldade a rua, e a nossa primeira reação foi de espanto. Isso por que tratava-se de uma casa a aparentar estar ainda em fase de construção, com a parte da frente, sem nenhum acabamento.

Esta foto acima, é meramente ilustrativa, portanto não trata-se da casa em questão, mas revela-se algo bem semelhante

E fora isso, havia um recuo enorme, com o terreno à frente, talvez projetado para dar espaço a um belo jardim no futuro. Mas se foi essa a intenção do proprietário a visar o futuro daquela construção, naquele momento presente o que havia ali, era um aspecto desolador. Ao aparentar ser um terreno baldio, com mato selvagem e muita sujeira, ostentava um aspecto muito ruim. E demoramos de fato para acreditar que ali funcionava um estúdio de gravação. Mais a aparentar ser uma casa abandonada e invadida por mendigos, demorou para certificarmo-nos de que ali fosse de fato um estúdio. Mas o era... e mediante uma conversa com o dono, e com o Geraldo, fizemos uma inspeção geral.

O básico de um estúdio existia em seu interior, com uma mesa importada a conter vinte e quatro canais, e de bom nível (não recordo-me com certeza, mas acho que era uma da marca, Mackie). E a máquina de gravação, ainda analógica, era uma Ampex.

Havia periféricos bons "espetados"; alguns microfones bem respeitáveis, e a sala de captação estava amadeirada, portanto com possibilidades acústicas mínimas. O dono, cujo nome não recordo-me, foi educado e prestativo, e a conversa com o Geraldo animou-nos, pois notamos nele o entusiasmo em gravar-nos. Fora o fato dele ter sido um Rocker com história & currículo, portanto, na parte artística, seria muito positivo tê-lo como o nosso "tape operator", e quiçá, coprodutor. Marcamos então para começarmos a gravar no início de outubro (entretanto, fatores alheios à nossa vontade, obrigou-nos a postergar para o feriado de 15 de novembro). Baseado nesses fatos, e também a levar-se em conta que a gravadora não deu-nos outra opção, fechamos o acordo.

Continua... 
  

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