domingo, 1 de janeiro de 2023

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 431 - Por Luiz Domingues

Acima, eis a foto que o fã, Thiago Fajardo, publicou no seu perfil da rede social, Facebook, em 25 de setembro de 2022, Click, acervo e cortesia: Thiago Fajardo

Foi então que no dia 25 de setembro de 2022, a nossa banda completou quarenta anos de seu primeiro show. Eu havia me lembrado da data, um dia antes, e pensei em publicar uma mensagem nas redes sociais a repercutir tal efeméride, no entanto, inicialmente pensei em algo simples, sem muito alarde.

Ocorreu que no domingo, dia 25, um fã da nossa banda (Thiago Fajardo), publicou na rede social "Facebook", uma foto da capa do nosso compacto de 1984, que ele possuía em sua coleção, perto de um bonito equipamento de som com aspecto "vintage" e com um depoimento carinhoso sobre o trabalho em anexo. Ele me marcou na sua publicação e quando eu escrevi uma mensagem de agradecimento pela lembrança gentil da parte dele, aproveitei para comentar que a data em que estávamos, marcava uma efeméride importante sobre a nossa banda e ele respondeu que não sabia desse detalhe, portanto, houvera sido uma coincidência ele ter feito essa publicação tão carinhosa sobre a nossa banda e em específico sobre o compacto de 1984.

Foi muito natural então que tal acontecimento provocasse uma reação inevitável no meu campo emocional e assim, da pequena nota que eu planejara escrever e publicar, se precipitou um texto bem mais robusto, mediante a contextualização sobre a formação da nossa banda e a inerente importância do primeiro show que realizamos, como a demarcar a fundação do nosso grupo. 

Abaixo, eis a íntegra do texto que eu publiquei em duas redes sociais: Facebook e Instagram e com alguns dados que surpreenderam muitas pessoas, como por exemplo a pré-história da nossa banda pelo ponto de vista do Rubens, algo não citado no texto da minha autobiografia, exatamente por eu não ter feito parte dessa movimentação que ocorreu na vida dele entre 1977 e 1981, aproximadamente. E ao citar algumas pessoas com as quais eu não convivi e que chegaram a se apresentar junto com o Rubens a usar o nome da nossa banda, eu tomei o cuidado para não menosprezar de maneira alguma a importância delas como pessoas e como músicos e tampouco desmerecer tais esforços que eles empreenderam, ao deixar claro que consideramos a fundação da nossa banda, efetivamente a partir da nossa formação e nessa data de 25 de setembro de 1982. Ocorre que tais formações pregressas foram efêmeras em termos de continuidade e as poucas apresentações que fizeram, se revelaram como sazonais, sem caracterizar uma ação concreta de uma banda formada e imbuída de trabalhar de forma contínua e mais um detalhe, sem a intenção de criar material autoral próprio.

Amigos: neste domingo, dia 25 de setembro há uma efeméride importante para A Chave do Sol, banda pela qual eu atuei ao lado de valorosos companheiros e com orgulho, por cinco intensos e inesquecíveis anos.
 
Foi exatamente no dia 25 de setembro de 1982, um sábado, que a nossa banda realizou o seu primeiro show e daí, convencionamos demarcar como a data de fundação oficial do grupo, embora tenhamos realmente iniciado as atividades por volta de julho do mesmo ano, com os ensaios preliminares. 
 
A banda foi fundada com o firme propósito de exercer a música autoral, mas como também estabelecemos a meta de irmos rápido para os palcos, não houve tempo hábil para criarmos um repertório suficiente para tal no curto prazo e assim, nos primeiros shows, tivemos o suporte de um repertório formado por alguns clássicos do Rock internacional e nacional, oriundo das décadas de 1950, 1960 e 1970, ou seja, a nossa base afetiva de influências.
 
É importante frisar que o nosso saudoso cofundador, Rubens Gióia, foi o criador do nome da banda, por se tratar de uma idealização que ele teve em sua imaginação desde a sua tenra infância e já por volta de 1968, ele tinha em mente tal denominação. E quando atingiu a adolescência, esboçou esforços para a banda existir concretamente desde 1977, e a partir de 1978, até 1981, aproximadamente, chegou a realizar apresentações sazonais mediante apoio de outros companheiros, a usar tal nome, como o guitarrista Dedé e o baterista Silvio Sisudo entre outros. Todavia, como não houve uma continuidade ordenada e tampouco ficou coletado algum material para registrar tais esforços, consideramos a nossa formação a partir de 1982, como a oficial da fundação da banda, por conta da periodicidade do trabalho, a constituir o compromisso formado mutuamente. 
 
Rubens e eu, Luiz Domingues, iniciamos os trabalhos e logo convidamos o baterista Edmundo Gusso, que chegou a realizar um ensaio conosco, todavia, ele não pode assumir o compromisso e assim, convidamos José Luiz Dinola para fechar o Power-Trio básico que formatou a nossa banda e posteriormente, contamos com cinco vocalistas ao longo da nossa carreira para configurar a formação da nossa banda como um quarteto.
 
E assim, com esse trio base, logo nos primeiros ensaios nós compusemos em parceria a nossa primeira música, o tema instrumental: "18 horas", que ficou bastante celebrado em nossos shows e esta foi a primeira música própria que apresentamos no primeiro show, ao lado dos clássicos que eu já mencionei.
Convidamos um vocalista que já era uma grande estrela no cenário do Rock brasileiro, há bastante tempo na ocasião, na persona de Percy Weiss. 
 
Ele gostou tanto da química que forjamos nessa apresentação que a seguir participou de um segundo show, alguns dias depois, no entanto, apesar dessa empolgação mútua ali gerada, Percy já estava comprometido com outros trabalhos e não pode se fixar em nossa banda como membro oficial, que pena.
 
Nesse primeiro show em específico, ficamos honrados e empolgados em realizar a nossa estreia em um palco que fora na década de setenta, um dos mais requisitados e badalados de São Paulo, aliás com repercussão nacional. Nos anos 1970, ali funcionara o histórico "Be Bop a Lula", casa que protagonizara shows com os maiores nomes do Rock nacional da ocasião. Infelizmente, nos anos 1980, a casa não tinha mais o mesmo glamour e nem mesmo o mesmo nome, ao se chamar então "Café Teatro Deixa Falar", embora a sua proprietária fosse a mesma pessoa, a simpática e acolhedora Dona Sabine, um senhora francesa, que nos ajudou muito nesses primeiros tempos de vida da nossa banda, haja vista que ali também foi o nosso espaço de ensaios nos primeiros meses de nossas atividades.
 
É óbvio que o Percy não gostou nada do seu nome ter sido grafado erroneamente na filipeta que foi produzida para divulgar esse primeiro show. Ele chegou a brincar com esse fato em publicação que fez nesta mesma rede Facebook, pouco antes de falecer, infelizmente, em 2015. Através da entrevista concedida ao programa "Vitrola Verde" do valoroso comunicador, Cesar Gavin, Percy Weiss falou com carinho de sua rápida passagem pela nossa banda.
 
Contamos com um bom público formado por familiares e amigos que nos prestigiaram nesse dia 25 de setembro de 1982, para nos ver desfilar Rocks que todos gostamos e já a nossa primeira música, a instrumental, "18 Horas". Destaco entre tantos amigos queridos que ali estiveram presentes, o poeta Julio Revoredo que já em um curtíssimo período depois, tornar-se-ia um parceiro da banda com seus poemas musicados por nós, além do apoio dele em muitas ações positivas para a banda nos bastidores.
 
E assim foi, 40 anos se passaram desse primeiro show, que hoje comemoramos. O idealizador-mor desse sonho nos deixou em 2021, mas o seu sonho vive e com ele, a sua memória, certamente. Fico feliz por constatar que A Chave do Sol ainda seja reverenciada pela sua obra e dedicação, nos dias atuais, portanto, Rubens Gióia vive, mais do que nunca.
 
Em nome do trio-base dessa banda, Rubens Gióia (in memoriam), José Luiz Dinola e eu, Luiz Domingues, além, dos cinco vocalistas que também contribuíram muito com a história da nossa banda, embora com passagens mais curtas na formação (Percy Weiss- in memoriam, Verônica Luhr, Chico Dias, Fran Alves-in memoriam e Beto Cruz), eu agradeço muito o carinho de todos os fãs, amigos, colaboradores e profissionais que nos apoiaram entre 1982 e 1987.
 
Faço a menção muito honrosa para Ivan Busic, que gentilmente gravou o LP "The Key" quase inteiro, após a saída de José Luiz Dinola em junho de 1987 e chegou a cumprir dois shows conosco, como um convidado, pois apesar de ter marcado presença nas fotos do disco, não foi membro da banda. Fábio Ribeiro também fez um show como convidado e assim cabe registrar e sobretudo esclarecer que a formação da banda "The Key", com dois egressos d'A Chave do Sol (Beto Cruz e eu, Luiz Domingues), acrescidas do Fabio Ribeiro, José Luiz Rapolli e Eduardo Ardanuy (neste caso, cabe a menção para Theo Godinho-in memoriam-, igualmente), apesar de ter surgido das cinzas d'A Chave do Sol se constituiu de uma banda diferente, com a sua trajetória própria e portanto distinta dentro da história. 
 
Aproveito para convidar os admiradores d'A Chave do Sol para visitar o meu Blog 3, no qual eu publiquei o texto completo da minha autobiografia musical e os capítulos concernentes à minha passagem pel'A Chave do Sol, se encontram alojados nos meses de maio, junho e julho de 2015, no arquivo. E no arquivo de 2016, o leitor encontra no mês de dezembro, vasto material (vídeos, fotos, áudios, portfólio e dados) sobre a carreira da nossa banda. E sobre os desdobramentos da história da banda (o lançamento do kit de discos bootlegs em 2020/2021, por exemplo), também podem ser consultados em arquivos posteriores no mesmo arquivo do Blog. 
 
Mais um aviso adicional: recentemente (2022), eu tenho feito esforços para organizar os meus três canais no YouTube e nesse aspecto, já tenho publicado vídeos raros de todas as bandas pelas quais atuei e ainda atuo, portanto, há bastante material raro sobre A Chave do Sol ali presente e ainda mais novidades surgirão. Fica o convite então para a visita de todos que apreciam o trabalho dessa banda.
 
Luiz Domingues - Canal 2:
A Chave do Sol - 25 de setembro - 1982/2022 - 40 anos
Rubens Gióia (in memoriam): Guitarra e voz
José Luiz Dinola: Bateria e voz
Luiz Domingues: Baixo e voz
Percy Weiss (in memoriam): Voz
Verônica Luhr: Voz
Chico Dias: Voz
Fran Alves (in memoriam): Voz
Beto Cruz: Voz e guitarra
E com o apoio fundamental de:
Rosana Gióia: Backing vocals em alguns shows de 1982 e no compacto de 1984
Ivan Busic: Bateria em várias faixas do LP The Key de 1987
Soraya Orenga: Backing vocals no compacto de 1984
Daril Parisi: Teclados no EP de 1985
Andria Busic: Backing vocals no LP The Key de 1987
Fernando Costa ("The Crow"): Teclados no LP The Key de 1987
Edgard Puccinelli Filho: Roadie e autor da letra de "Anjo Rebelde"
Eduardo Russomano (in memoriam): Roadie
Claudio "Capetoide": Roadie
Eliane Daic: Produção
Julio Revoredo: Produção e autor das letras de "Segredos", "Ufos", "Vestido Branco" (esta não foi gravada)
Renato Ogawa, Fabio Rubinato, Carlos Muniz Ventura, Rodolpho Tedeschi, Mauricio Abões: Fotos
Luiz Carlos Calanca: Produção fonográfica (Compacto de 1984 e EP de 1985)
Toninho Pirani: Produção fonográfica (LP The Key de 1987)
Antonio Celso Barbieri: Produção de shows
Cida Ayres: Produção
Ricardo Aszmann: Produção
Rolando Castello Junior: apoio irrestrito nos primeiros tempos da nossa banda
Antonio Carlos Monteiro: Assessoria de imprensa
Robson TS: Produção de estúdio (compacto de 1984)
José Luiz: Produção de estúdio (EP de 1985)
Edy Bianchi: Produção de estúdio (LP The Key de 1987)
Canrobert Marques: Técnico de som ao vivo
Kim Kehl: Digitalização de áudio e produção dos Bootlegs de 2020/2021

Bem, a minha publicação gerou uma comoção no Facebook, não tão grande como a gerada por ocasião da morte do Rubens Gióia, mas não muito atrás disso, a gerar uma enxurrada de sinais de apreço ("curti") e comentários (338 e 238, respectivamente), além de 17 compartilhamentos. Foram muitos comentários emocionantes, muitas lembranças pessoais a relatar shows que tais pessoas assistiram, além de observações sobre os álbuns que gravamos e a repercutir a data em si, ao se falar do primeiro show.

No "Instagram", foi igual, embora com um volume menor de comentários e mais sinalizações com "emojis" para expressar o contentamento de cada um.

Entre tantas manifestações, fiquei feliz pela sinalização discreta, porém significativa da mãe do Rubens, Dona Dinorah, ainda abalada pela perda de seu filho, naturalmente e uma surpresa, a cantora, Soraya Orenga, que gravara backing vocals no nosso compacto de 1984, que por uma coincidência incrível, era amiga pessoal do técnico de áudio e produtor musical, Renato Carneiro, com o qual eu trabalhei bastante nos meus tempos a bordo do "Pedra". Pois eles eram amigos de longa data e segundo o Renato, trabalharam juntos por oito anos, portanto ele a avisou e ela se manifestou com muito carinho na minha publicação.

Bem, tal acontecimento corroborou mais uma vez a minha percepção de que essa banda foi vitoriosa em sua trajetória, apesar de nunca ter alcançado o mainstream da música profissional e tal carinho, expresso quarenta anos depois de sua fundação oficial, prova que emocionamos muita gente na época e tal marca ficou indelével na vida dessas pessoas que impactamos, por quarenta anos e com perspectiva de que levem tal sentimento até o final das suas respectivas vidas.

Portanto, acho que eu fui feliz ao seguir a intuição e publicar o chamado "textão" de rede social para repercutir a efeméride.

E paralelamente, dentro daquela perspectiva de estar a publicar raridades em meus canais de YouTube, eu constatei um achado em uma nova inspeção em tom de decupagem do material digitalizado em 2020 e fiquei contente por poder providenciar a sua publicação logo a seguir.

Continua...

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