O Colégio
Estadual de Segundo Grau Osvaldo Catalano, localizado no Tatuapé, zona
leste de São Paulo, onde eu estudava em 1977, cursando o primeiro ano
do 2° grau (colegial). E onde o Boca do Céu classificou-se para tocar no
festival "Femoc".
E ainda ao final de junho de 1977, tivemos uma boa surpresa: nossa música "Revirada", havia classificado-se para o festival do meu colégio. A eliminatória seria no dia 13 de agosto de 1977, e esse passou a ser o nosso maior objetivo, então. Passamos a ensaiar com afinco nessa meta em apresentarmo-nos o melhor possível, e classificarmo-nos para a final.
E ainda ao final de junho de 1977, tivemos uma boa surpresa: nossa música "Revirada", havia classificado-se para o festival do meu colégio. A eliminatória seria no dia 13 de agosto de 1977, e esse passou a ser o nosso maior objetivo, então. Passamos a ensaiar com afinco nessa meta em apresentarmo-nos o melhor possível, e classificarmo-nos para a final.
Uma resolução também foi tomada nessa época
: a família de Fran Sérpico estava cansada por ter seus sábados estragados pelos
ensaios do Boca do Céu, e dessa forma, convenci meus pais a tornar a minha residência,
o novo "QG" da banda.
Foto clicada na entrada lateral de minha residência, no bairro do Tatuapé, mais ou menos entre março e abril de 1977. O portão ao fundo era o caminho para a rua, e no lado oposto, do fotógrafo, ficava a edícula que tornou-se o "QG" de ensaios do Boca do Céu. Um mistério :eu não lembro-me, e ninguém que esteve nessa foto, sobre quem foi o autor do "click"...
De fato, nessa casa em que havia mudado-me
com minha família no início de 1977, tínhamos uma edícula, com entrada separada na sua lateral, e
banheiro privativo, portanto, dos males o menor, incomodaria um pouco menos a
minha família. E a transição foi suave, pois os pais do
Fran Sérpico eram pessoas dóceis... estavam cansados daquela rotina perturbadora,
mas tiveram paciência para eu confirmar a mudança e dessa forma, ficou
combinado passarmos a ensaiar na minha residência a partir de agosto, às vésperas de
nossa apresentação no Festival. Nesse ínterim, continuamos a ensaiar aos
sábados, na habitação da família Sérpico, e após os ensaios, íamos a shows, cinema
e / ou teatro.
Lembro-me de que nessa época, assisti grandes
filmes no saudoso Cine Bijou, o cinema mais freak de São Paulo. Filmes de arte,
geralmente sob motivação contracultural, e documentários de Rock, passavam toda
semana.
Era uma alegria tomar contato com essa produção audiovisual em tempos
pré-internet, fora o aspecto social, por conhecer pessoas “antenadas” nos mesmos
ideais.
Eram dúzias de Freaks que encontrávamos em todos os lugares, do Bijou
às portas de shows de Rock. O aroma de Patchouli em todos esses lugares, é uma
das referências mais maravilhosas que guardo na lembrança...
Em maio de 1977, o "Festival Balanço", da TV Bandeirantes de São Paulo, foi outro grande evento rocker que vimos. "Balanço" era um programa da TV Bandeirantes de São Paulo, que seguia mais ou menos a linha dos programas, "Sábado Som" e "Rock Concert", que foram exibidos na TV Globo, na primeira metade daquela década (o "Rock Concert" ainda existia em 1977). E para comemorar o aniversário do "Balanço", foi feito um festival ao melhor estilo das maratonas de Rock setentistas, no Teatro Bandeirantes. Lembro-me que fui acompanhado do Laert Sarrumor; Wilton Rentero, e vários amigos freaks do meu bairro.
Em maio de 1977, o "Festival Balanço", da TV Bandeirantes de São Paulo, foi outro grande evento rocker que vimos. "Balanço" era um programa da TV Bandeirantes de São Paulo, que seguia mais ou menos a linha dos programas, "Sábado Som" e "Rock Concert", que foram exibidos na TV Globo, na primeira metade daquela década (o "Rock Concert" ainda existia em 1977). E para comemorar o aniversário do "Balanço", foi feito um festival ao melhor estilo das maratonas de Rock setentistas, no Teatro Bandeirantes. Lembro-me que fui acompanhado do Laert Sarrumor; Wilton Rentero, e vários amigos freaks do meu bairro.
Chegamos ao Teatro Bandeirantes, ainda sob
a luz do dia, e o teatro já estava completamente lotado. Assistimos
inicialmente sentados no chão, bem próximos ao palco. Das várias atrações, gostei
demais do “Papa Poluição”; “Bendegó”, e “Jorge Mautner”. Entre as atrações mais
"leves" da noite.
O Mautner fez um grande show. Acompanhado apenas do violão de Nelson Jacobina, e vez por outra a fazer
pequenos solos de violino, e os freaks adoravam a sua performance, cheia de
energia e estímulos intelectuais em suas falas. O “Som Nosso de Cada Dia” foi
impecável. Estavam a tocar algumas músicas Prog-Rock, tradicionais de seu
repertório, e muitos Funks extremamente bem tocados, do recém lançado novo
disco,"Sábado e Domingo". O “Casa das Máquinas” também fez um show
muito energético.
O “Made in Brazil” fez um show bom, bem naquela toada do Rock básico, sem maiores requintes. Lembro de estarmos eu e o Laert bem na frente do Palco, quando em um dado instante, alguém aproveitou-se do fato do vocalista, Percy Weiss, estar com a boca bem aberta, sob um momento de esforço vocal, e assim, arremessaram-lhe uma bola de confetes comprimidos, visto que a produção do Made havia jogado do teto, uma chuva desses artefatos, anteriormente. Ele ficou furioso, tirou o pedestal de lado e soltou um palavrão, para xingar o arremessador fora do alcance do microfone, mas todo mundo ouviu ali na frente, tamanho o berro que ele deu.
Lembro-me também do baixista,Tico Terpins, do “Joelho de Porco”, a azucrinar o Oswaldo Vecchione atrás da coxia, e este, mesmo ao perceber a provocação, não revidar, a manter-se a tocar, focado em sua mise-en-scené.
Além da ótima performance da banda curitibana, “A Chave” . Gostei bastante do som dos rockers paranaenses, que sob uma primeira impressão, lembrou-me o Hard-Rock do Budgie. A Chave foi uma das primeiras bandas da noite. E teve também uma banda de Blues-Rock chamada,“Bagga's Guru”, onde tocava o futuro baixista da Patrulha do Espaço, Serginho Santana. Mundo pequeno, nem o Serginho imaginaria que seria baixista da Patrulha, poucos anos depois, e muito menos eu, que também seria baixista da Patrulha, vinte e dois anos depois dessa noite no Teatro Bandeirantes. O Joelho de Porco já estava com o argentino, Billy Bond (ex-“La Pesada”), no vocal e o Billy foi o mestre de cerimônias da noite, também.
Como mestre de cerimônias, o Billy era ótimo, mas seu sotaque porteño incomodou alguns xenófobos idiotas que ironizaram-no, ao pedir-lhe para "falar português". Um exagero, pois ele falava bem, só a ostentar um inevitável sotaque, o que fora compreensível. Ficamos muito perto do palco (tocaram logo após o Made in Brazil), e o Laert que era grande admirador da banda, chamou a atenção do Tico Terpins, várias vezes, que atendia-o a fazer gracinhas cênicas, bem naquela predisposição de humor que caracterizava-o. Mais uma ironia do destino, apenas cinco anos depois, o Língua de Trapo estaria a gravar o seu primeiro disco no estúdio do próprio, Tico Terpins...
O “Made in Brazil” fez um show bom, bem naquela toada do Rock básico, sem maiores requintes. Lembro de estarmos eu e o Laert bem na frente do Palco, quando em um dado instante, alguém aproveitou-se do fato do vocalista, Percy Weiss, estar com a boca bem aberta, sob um momento de esforço vocal, e assim, arremessaram-lhe uma bola de confetes comprimidos, visto que a produção do Made havia jogado do teto, uma chuva desses artefatos, anteriormente. Ele ficou furioso, tirou o pedestal de lado e soltou um palavrão, para xingar o arremessador fora do alcance do microfone, mas todo mundo ouviu ali na frente, tamanho o berro que ele deu.
Lembro-me também do baixista,Tico Terpins, do “Joelho de Porco”, a azucrinar o Oswaldo Vecchione atrás da coxia, e este, mesmo ao perceber a provocação, não revidar, a manter-se a tocar, focado em sua mise-en-scené.
Além da ótima performance da banda curitibana, “A Chave” . Gostei bastante do som dos rockers paranaenses, que sob uma primeira impressão, lembrou-me o Hard-Rock do Budgie. A Chave foi uma das primeiras bandas da noite. E teve também uma banda de Blues-Rock chamada,“Bagga's Guru”, onde tocava o futuro baixista da Patrulha do Espaço, Serginho Santana. Mundo pequeno, nem o Serginho imaginaria que seria baixista da Patrulha, poucos anos depois, e muito menos eu, que também seria baixista da Patrulha, vinte e dois anos depois dessa noite no Teatro Bandeirantes. O Joelho de Porco já estava com o argentino, Billy Bond (ex-“La Pesada”), no vocal e o Billy foi o mestre de cerimônias da noite, também.
Como mestre de cerimônias, o Billy era ótimo, mas seu sotaque porteño incomodou alguns xenófobos idiotas que ironizaram-no, ao pedir-lhe para "falar português". Um exagero, pois ele falava bem, só a ostentar um inevitável sotaque, o que fora compreensível. Ficamos muito perto do palco (tocaram logo após o Made in Brazil), e o Laert que era grande admirador da banda, chamou a atenção do Tico Terpins, várias vezes, que atendia-o a fazer gracinhas cênicas, bem naquela predisposição de humor que caracterizava-o. Mais uma ironia do destino, apenas cinco anos depois, o Língua de Trapo estaria a gravar o seu primeiro disco no estúdio do próprio, Tico Terpins...
Outra boa surpresa, foi o show dos “Pholhas”.
Aqui cabe explicar melhor. É que o Pholhas, era tradicionalmente um conjunto de
bailes que ao aventurar-se no mundo da música autoral, optou por fazer um som
pop, quase na limite do brega. Lançaram vários trabalhos na primeira
metade da década de setenta e o público Rocker desprezava-os por isso. Mas em
1977, resolveram lançar um LP com forte apelo progressivo, e foi o que tocaram
no Festival, para tentar ganhar o público Rocker ali presente. Infelizmente, o
público mostrou-se irredutível e radical, pois mesmo ao ver / ouvir os membros
dessa banda a tocar um Prog Rock muito competente, hostilizou-os do começo ao final. Nesse momento eu estava no fundo do teatro
e testemunhei vários freaks a abandonar o recinto, contrariados e a xingar a banda, sob a acusação de ser brega, "a tentar" fazer Rock progressivo etc. Uma pena, pois eles
tocavam muito bem, e as músicas daquele disco são excelentes. Eu tenho esse
disco (cuja capa está acima, como ilustração), e a despeito das letras ser muito fracas, aí sim um fator débil
concreto, a parte instrumental e vocal é muito boa.
E assim foi o "Festival Balanço"
da TV Bandeirantes. Mais uma maratona Rocker com muitas atrações, naqueles
saudosos anos setenta.
Continua...
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