segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 11 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

Não era a minha banda, não era o nosso equipamento... mas a sensação em viajar para tocar, foi indescritível. Não fora a primeira viagem. Eu já tinha ido com a banda para a cidade de Cubatão / SP, mas foi uma viagem curta, sem equipamento na bagagem, e só para tocar um pouco. Mas claro que foi muito boa essa sensação em viajar para Araçatuba com essa estrutura, visto que para Penápolis, fomos através de ônibus comercial, e só com nossos instrumentos pessoais (na verdade, só o meu baixo, e as peças de praxe da bateria do Cido Trindade, visto que o Sérgio não tinha como levar seu piano elétrico, nem o órgão). Como o Tato resolveu passar uns dias com sua família na cidade de Penápolis, a banda retornou para São Paulo na segunda-feira, posterior ao show de Araçatuba.
A perspectiva após esse show, seria a de um hiato de shows bem grande. O Tato só possuía alguma esperança para depois de março, e a levar-se em conta que o bom cachet recebido no interior foi uma exceção, e não a regra, ficou inviável prosseguirmos. O Tato sabia de nossa insatisfação, com a nossa vontade para deixar de acompanhá-lo, e não tinha contra-argumentos, infelizmente para todos. Dessa forma, marcamos uma reunião para o dia 10 de dezembro de 1979, uma segunda-feira. Por volta das 19:00 horas fomos à casa dele, e só formalizamos a nossa saída. Ele ficou um pouco tenso, mas não havia como segurar-nos mais, sem perspectivas para cachets, pois se os shows do interior renderam, os dos teatros, na capital, haviam sido deficitários.
Saímos da residência do Tato, e Sérgio Henriques conduziu-nos a um bar na mesma rua, onde estava a aguardar-nos, o Paulo Eugênio Lima, vocalista de bandas cover com as quais já haviam trabalhado juntos, e este fez-nos a proposta para unirmo-nos a ele e dois guitarristas amigos seus, para tocarmos em uma festa de final de ano produzida por uma empresa de engenharia. O cachet oferecido seria bom, e o repertório que os engenheiros queriam, fora formulado somente por músicas dos Beatles. Daqui em diante, caro leitor, esteja convidado a ler desde o início os capítulos sobre a banda, "Terra no Asfalto", onde a narrativa prossegue, deste ponto.
Ainda a falar sobre o Tato, como não era o nosso trabalho, não houve um apego tão grande na hora da ruptura. Ele ficou inviável financeiramente, e não tivemos como continuar a apoiá-lo.

Claro, pela pessoa que o Tato era, e também pelo trabalho artístico dele que era muito bom, ficamos chateados, pois ele fora muito bom conosco, e deu-nos força, mas não tínhamos o que fazer, mesmo. Eu ainda tocaria com ele em 1980, mas sob circunstâncias diferentes, pois ele cruzaria o caminho do Terra no Asfalto (e até do Língua de Trapo), como músico convidado, a tocar piano e cantar.

Nos capítulos sobre essa banda, contarei tudo.

Aqui, está encerrado o capítulo sobre meu trabalho na banda de apoio ao Tato Fischer. Deixo aqui, o link do site do Tato Fischer, para quem quiser conhecer seu trabalho como cantor; compositor; pianista; ator; diretor de teatro; professor de canto e ilusionista :

www.tatofischer.com.br/
E continuo também com as histórias de meus outros trabalhos avulsos, a seguir...

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