quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 5 - Por Luiz Domingues

Um pouco antes dessa época, em março de 1980, essa formação passou a ser considerada um grupo fixo, sob o nome de "Laert Sarrumor e os Cúmplices". E sim, o Laert Júlio havia adotado como seu nome artístico doravante, a palavra "Sarrumor", um neologismo que ele havia criado para o seu fanzine de cartoons dos anos setenta, o "Sarrumorjovem". Sarro e humor tornou-se seu mote principal.                                                             

Nessa foto, dá para ver as costas do tecladista, Celso Mojola, e eu estou meio de lado, compenetrado no meu baixo, Giannini "RK". A garota praticamente só dançou, e não fazia sentido algum a sua presença ali, pois não era componente da banda, mas sim uma concorrente que entrou por sua própria conta na nossa apresentação. Mas quem brilhou mesmo foi o nosso vocalista, Pituco Freitas

 
Foto dos calouros sendo recepcionados, no segundo semestre de 1980, na faculdade Cásper Líbero, tendo no dia a apresentação do Língua de Trapo, como show de recepção da nova turma


Certamente depois desse Festival de Bauru, isso tornou-se oficial, doravante. Essa repercussão no Festival de Bauru acredito ter sido um agente impulsionador e tanto. Depois dele, já a entrar em junho de 1980, sabíamos que o trabalho estava a ganhar corpo. A reação espontânea e massiva do público daquele festival, deu-nos muita confiança em prosseguir. E dessa forma, animados com esse sucesso no Festival de Bauru realizado nos dias 30 e 31 de maio, e 1º de junho de 1980, inscrevemos músicas em outros festivais e também fizemos shows pelo circuito universitário. 
Programa distribuído aos calouros, com a lista do repertório a ser tocado. Nota-se a presença de várias músicas que fariam sucesso a posteriori, com a ascensão da banda, de 1982 em diante
  
Lembro-me que batizamos o show como "Sutil como um Cassetete" e fizemos dois shows com lotação esgotada na Faculdade Cásper Líbero, o berço da banda. Seguiram-se shows na Química da USP; Crusp (alojamento de estudantes da USP), e logo a seguir, seguimos para Sorocaba, para mais um festival de MPB universitário. Nesse festival, reforçados de Pitico Freitas na guitarra (irmão do vocalista Pituco), e Tato Fischer no piano, defendemos as músicas: "Tragédia Gramatical" e "Instante de Ser" (essa, curiosamente não mostrava-se satírica e era também remanescente do repertório do Boca do Céu / Bourréebach), além de "Chorocaba", de autoria do Guca Domenico. 
Classificamos as três músicas para a final e o resultado obtido foi o 3° lugar com "Tragédia Gramatical" e melhor intérprete para o Pituco Freitas. O Festival de Sorocaba teve duas eliminatórias e a final, realizadas nos dias 15; 22, e 29 de agosto de 1980. A presença de Tato Fischer foi provisória, a substituir o tecladista, Celso Mojola, que não pode estar presente nessa ocasião. E foi a terceira vez que eu tocaria com ele, visto que fui side / man em sua banda de apoio em mini turnê em 1979, e ele tivera algumas participações como tecladista e vocalista na minha banda cover, o "Terra no Asfalto". 
Depois de Sorocaba, fomos à Osasco, na grande São Paulo, para defender as músicas: "Circular 46" (Guca / Carlos Melo); "Tragédia Afrodisíaca" ( Guca / Carlos Melo); "Arrojo" (Laert) e "Romance em Peruíbe" (Laert / Guca). Isso ocorreu em 5 de setembro de 1980. 
Como músicos convidados, tivemos as presenças de : Pitico Freitas, a tocar cavaquinho e João Roberto, na viola. Nesse Festival, super mal organizado e sem público, praticamente, desistimos de participar da final, devido à falta de estrutura mínima necessária. E nesse ínterim, houve um show solo do cantor; compositor e violonista Guca Domenico. A banda de apoio foi o novo combo, Laert Sarrumor e seus Cúmplices" (que nesse show recebeu a alcunha de "Panela Vazia"), e o repertório inteiro com composições do Guca. Ele batizou esse show solo como : "Versátil como um Adesista". 
Claro, nomes irônicos como "Sutil como um Cassetete" e "Versátil como um Adesista", tinham conotação política óbvia.

Foto de Homero Sergio Moura, que era estudante da Cásper Líbero, a flagrar o show de recepção dos novos calouros, em 11 de agosto de 1980. Dá para ver o Laert bem na frente; Fernando Marconi na bateria, e eu só pelo braço do meu baixo, Giannini "RK" e minha mão no braço do instrumento. Pela altura do braço, devia estar a tocar uma nota "La" da quinta casa da corda, "Mi"...  

A seguir, um show de "Laert Sarrumor e os Cúmplices" na Estação São Bento do Metrô, onde o jornalismo da TV Bandeirantes registrou e exibiu no seu noticiário do meio-dia no dia seguinte. Foram mostrados flashs da banda em ação e uma micro / entrevista com o Laert. Esse show ocorreu no dia 8 de outubro de 1980. Nessa época, foi elaborado uma lista para definirmos outro nome para a banda e sob uma votação, decidiu-se por : "Língua de Trapo".

Continua...
 

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