terça-feira, 2 de outubro de 2012

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 3 - Por Luiz Domingues

Já em relação aos festivais de MPB, as coisas aconteciam de forma bem mais profissional no tocante ao equipamento. Lembro-me de um festival desses, realizado no Sesc Bauru, onde aconteceu o primeiro sinal de que o Língua faria grande sucesso. Isso ocorreu ao final de maio de 1980. Ainda não éramos oficialmente o "Língua de Trapo", e nesses festivais apresentávamo-nos a defender as músicas do Laert; Guca Domenico ou do Carlos Melo (Castelo), geralmente, e a usar a alcunha de, "Laert Sarrumor e seus Cúmplices", as vezes, mas não necessariamente como uma banda estabelecida, pelo menos nesses primeiros meses. Defenderíamos três músicas nesse festival de Bauru / SP : "Teologia do Sambão"; "Tragédia Gramatical" e "A Vingança do Hipocondríaco". Eram músicas do Laert; Carlos, e Guca, respectivamente. 


Material impresso, distribuído ao público no Festival de Bauru, para acompanhar as letras, e com a inclusão de cartuns elucidativos sobre o teor delas 



Em "Teologia do Sambão", tocávamos um “Sambão Joia”, meio na onda dos “Originais do Samba” e a letra do Carlos era muito espirituosa, a tecer uma sátira à vinda do Papa João Paulo II ao Brasil (notícia forte em 1980), em contraponto com a ridícula ação do governador de São Paulo, Paulo Maluf, em torno da aventura da "Paulipetro". No auge da música que era cantada pelo Laert, o Carlos Melo apareceu fantasiado como Paulo Maluf, com um óculos fundo de garrafa e a música foi interrompida. Ele fez um discurso ridículo, a imitar com perfeição o então governador biônico de São Paulo e o público ovacionou a música.    


                Carlos Melo (Castelo), em foto bem mais atual 

Foi um sucesso a performance. E na outra música,"Tragédia Gramatical", outro fenômeno aconteceu. Essa música tratava-se de um bolero todo cheio de estranhas quebradas rítmicas, influência do Arrigo Barnabé que era a última moda em 1980. A letra fazia um jogo de palavras em cima dessa quebradeira. Era uma piada sutil, mas algo extraordinário ocorreu, por conta de um improviso do Pituco Freitas, nosso vocalista.
Continua...

4 comentários:

  1. Luiz, estou adorando ler seu blog, conhecer um pouco mais do Língua e a sua autobiografia.

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  2. Oi, Lu !

    Que legal que esteja gostando. Em breve, postarei capítulos novos das cinco fases iniciais que venho publicando aqui neste Blog.

    Obrigado por ler e comentar !!

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  3. Parabéns! Adorei! Estive no festival e deste dia em diante a música do Língua entrou pro repertório, cantamos nos bares até hoje, sempre sucesso e sempre atual.
    Música Inteligente!

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    1. Olha, que alegria receber o seu comentário com esse teor. Fiquei muito emocionado por saber que esteve presente nesse festival em questão e tenha a certeza, você testemunhou os primórdios da criação dessa banda, pois nem usávamos o nome "Língua de Trapo", oficialmente ainda nessa ocasião.

      Grato pela participação e deixo o convite para visitar e ler os demais capítulos de minha participação pessoal como membro do Língua de Trapo.

      Grande abraço !

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