Já em relação aos festivais de MPB, as coisas
aconteciam de forma bem mais profissional no tocante ao equipamento. Lembro-me
de um festival desses, realizado no Sesc Bauru, onde aconteceu o primeiro sinal
de que o Língua faria grande sucesso. Isso ocorreu ao final de maio de 1980.
Ainda não éramos oficialmente o "Língua de Trapo", e nesses festivais
apresentávamo-nos a defender as músicas do Laert; Guca Domenico ou do Carlos
Melo (Castelo), geralmente, e a usar a alcunha de, "Laert Sarrumor e seus
Cúmplices", as vezes, mas não necessariamente como uma banda estabelecida,
pelo menos nesses primeiros meses. Defenderíamos três músicas nesse festival
de Bauru / SP : "Teologia do Sambão"; "Tragédia Gramatical" e
"A Vingança do Hipocondríaco". Eram músicas do Laert; Carlos, e Guca, respectivamente.
Material
impresso, distribuído ao público no Festival de Bauru, para acompanhar
as letras, e com a inclusão de cartuns elucidativos sobre o teor delas
Em "Teologia do Sambão", tocávamos um “Sambão Joia”, meio na onda dos
“Originais do Samba” e a letra do Carlos era muito espirituosa, a tecer uma sátira
à vinda do Papa João Paulo II ao Brasil (notícia forte em 1980), em contraponto
com a ridícula ação do governador de São Paulo, Paulo Maluf, em torno da
aventura da "Paulipetro". No auge da música que era cantada pelo
Laert, o Carlos Melo apareceu fantasiado como Paulo Maluf, com um óculos fundo de
garrafa e a música foi interrompida. Ele fez um discurso ridículo, a imitar com
perfeição o então governador biônico de São Paulo e o público ovacionou a
música.
Carlos Melo (Castelo), em foto bem mais atual
Foi um sucesso a performance. E na outra música,"Tragédia Gramatical", outro fenômeno aconteceu. Essa música tratava-se de um bolero todo cheio de estranhas quebradas rítmicas, influência do Arrigo Barnabé que era a última moda em 1980. A letra fazia um jogo de palavras em cima dessa quebradeira. Era uma piada sutil, mas algo extraordinário ocorreu, por conta de um improviso do Pituco Freitas, nosso vocalista.
Foi um sucesso a performance. E na outra música,"Tragédia Gramatical", outro fenômeno aconteceu. Essa música tratava-se de um bolero todo cheio de estranhas quebradas rítmicas, influência do Arrigo Barnabé que era a última moda em 1980. A letra fazia um jogo de palavras em cima dessa quebradeira. Era uma piada sutil, mas algo extraordinário ocorreu, por conta de um improviso do Pituco Freitas, nosso vocalista.
Luiz, estou adorando ler seu blog, conhecer um pouco mais do Língua e a sua autobiografia.
ResponderExcluirOi, Lu !
ResponderExcluirQue legal que esteja gostando. Em breve, postarei capítulos novos das cinco fases iniciais que venho publicando aqui neste Blog.
Obrigado por ler e comentar !!
Parabéns! Adorei! Estive no festival e deste dia em diante a música do Língua entrou pro repertório, cantamos nos bares até hoje, sempre sucesso e sempre atual.
ResponderExcluirMúsica Inteligente!
Olha, que alegria receber o seu comentário com esse teor. Fiquei muito emocionado por saber que esteve presente nesse festival em questão e tenha a certeza, você testemunhou os primórdios da criação dessa banda, pois nem usávamos o nome "Língua de Trapo", oficialmente ainda nessa ocasião.
ExcluirGrato pela participação e deixo o convite para visitar e ler os demais capítulos de minha participação pessoal como membro do Língua de Trapo.
Grande abraço !