Mas esses sinais de que o Língua estava
a ascender, só foram tomar grande proporção mesmo, no ano de 1982, quando a
ditadura militar começou a afrouxar, e permitiu a primeira eleição para governadores,
após muitos anos sob nomeações de governadores biônicos, verdadeiros fantoches
dos militares. Com isso, o Língua que estava forte no circuito de shows
universitários, teve o seu grande impulso, quando tocou em inúmeros comícios do
PT, por apoiar o sindicalista, Luis Ignácio "Lula" da Silva, para o governo
do estado de São Paulo. Chegaram a tocar para públicos gigantescos e aliado a
isso, haviam enturmado-se com o pessoal daquela cena conhecida como :
"Vanguarda Paulista". Estavam contratados pelo selo Lira Paulistana,
e daí lançaram o primeiro LP, que foi um estouro de crítica e vendas. Lógico que eu senti muito orgulho por ver
meus amigos a subir como um rojão, e foi natural que eu sentisse, também, que deveria
estar junto, mas por outro lado, em 1982, minha animação era tão grande com a
formação da "A Chave do Sol", que isso amortizava em muito esse
sentimento, não de arrependimento, mas de uma certa frustração por não estar
mais na banda.
Lembro-me em ter ido a um ensaio na casa
dos irmãos Luiz e João Lucas, para assistir um ensaio deles,
em 1982. Curiosamente, eles moravam na Rua Gomes de Carvalho, na Vila Olímpia,
zona sul de São Paulo e digo curioso, porque morei anos em uma rua paralela
próxima (na Rua Quatá, entre o final de 1967, e início de 1971), e estudei a
vida toda, praticamente, no colégio estadual do bairro, onde nessa mesma rua,
Gomes de Carvalho, conheci o Laert, seis anos antes (1976), época do início de
nossa primeira banda, o Boca do Céu...
Nesse ensaio do Língua em que compareci
como convidado, Pituco Freitas; Lizoel Costa; Guca Domenico e Laert Sarrumor, membros
do "meu tempo" (o Fernando Marconi, percussionista, também), contaram-me
animadamente muitas novidades ótimas sobre a banda. Fiquei muito contente com
as novas. Foram muito animadoras, mesmo.
E cheguei a tocar um pouco, ao usar o baixo
do Luiz Lucas, um exótico, Gibson Les Paul. Luiz e João, os irmãos, haviam tocado
muitos anos a acompanhar o Ronnie Von e tinham muitas histórias para contar, dessa experiência.
Continua...
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